segunda-feira, 23 de junho de 2025

O problema das estatísticas em questões trabalhistas




Quando dados estatísticos são utilizados como amostragem para confirmar alguma premissa do setor trabalhista estamos diante de um perverso dilema. Quando alguém diz ou a mídia publica que de acordo com as estatísticas “mulheres ganham menos que os homens”, na verdade estamos diante de uma petição de princípio. Em Lógica , petição de princípio é uma premissa ou afirmação falaciosa feita por alguém cuja prova de verdade é a própria premissa declarada sem demonstrar qualquer evidência que a confirme como verdadeira. E aí é que a estatística surge como suporte e acaba piorando ainda mais a situação.

Amostras estatísticas não raro, estão sempre contaminadas pelo viés de quem as encomendou e a metodologia das pesquisas de campo será sempre indutiva, ou seja, parte-se do particular para o todo para provar o objeto da pesquisa. Por exemplo, se fui mal atendido numa empresa por dois ou três funcionários, logo todos os funcionários dessa empresa atendem mal os seus clientes. Temos um problema aqui, não? É óbvio que se dois ou três funcionários não me atenderam bem, isso não significa que os demais também me atenderiam mal.

Além disso, o tipo das perguntas feitas para compor dados estatísticos numa pesquisa obviamente serão sempre tendenciosas na intenção de obter as respostas que o agente que encomendou a pesquisa gostaria de ouvir. 

Vejamos o que o autor Douglas Walton discorre em seu livro “Lógica Informal” no capítulo em que ele trata das perguntas tendenciosas e das estatísticas sem sentido e incognoscíveis:

“A parcialidade ou viés pode ser introduzida na amostra através de perguntas tendenciosas, que conduzem à conclusão que o pesquisador quer provar. Por exemplo, a pergunta “Você é a favor da proibição da posse de armas de fogo com o objetivo de reduzir o índice de crimes violentos”?” é uma pergunta tendenciosa porque tende a obter respostas positivas das pessoas preocupadas com crimes violentos”.

“No caso de qualquer alegação estatística, deve-se perguntar como os dados foram obtidos. Às vezes, o simples fato de fazer essa pergunta já indica problemas, especialmente quando o número apresentado é muito preciso. O erro da estatística incognoscível diz respeito à falta de dados que sustentem certas alegações, ou à impossibilidade de acesso a tais dados”.

A questão dada como exemplo “mulheres ganham menos que os homens” já foi discutida em outros artigos que publiquei demonstrando que tal premissa trata-se de uma petição de princípio impossível de ser provada sendo que, não existem dados estatísticos que confirmem a sua validade ou verdade. Conforme o autor Douglas Walton diz, "o erro da estatística incognoscível ocorre quando a impossibilidade prática de colher provas que sustentem a alegação estatística impede que seja feita uma defesa plausível para essa alegação".

Isto posto, quando me deparo com estatísticas enviesadas aplicadas para o setor trabalhista, abro a minha caixa de ferramentas e escolho a Lógica, a melhor das ferramentas para demolir premissas falaciosas, petições de princípio e demais falácias que não se sustentam e não resistem a dois minutos do escrutínio da Lógica. Quando a Lógica entra em cena, gráficos estatísticos desabam restando apenas escombros de más intenções.

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REFERÊNCIA

Walton, Douglas N - Lógica Informal, 2ª edição, 2012, São Paulo, editora WMF Martins Fontes


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