segunda-feira, 31 de março de 2014

Obrigado Forças Armadas!

Hoje comemora-se 50 anos da intervenção militar que alguns idiotas ainda chamam de "golpe". Não houve golpe e sim um contragolpe, uma intervenção necessária conclamada em uníssono pelo povo brasileiro . Caso os militares não agissem, estaríamos entregues aos comunistas e hoje estaríamos na mesma condição de Cuba, Coréia do Norte ou mesmo Venezuela aonde falta até papel higiênico.

Claro, alguns militares cometeram execesso à revelia de seus superiores, afinal nem tudo é possível de  se controlar. Falhou as forças armadas quando nos prometeu eleições civis e no entanto ficaram 20 anos no poder. Falhou o exército ao lutar apenas em campo contra os guerrilheiros assassinos e permitir a penetração de comunistas  em todos os setores da sociedade, tais como, na mídia geral, no ensino, no clero, nos conselhos de classes profissionais. Hoje o Brasil todo está aparelhado por comunalhas e esquerdopatas.

Cumpriram com brilhantismo o pilar básico das obrigações do Estado: Defesa da Pátria, A segurança de seu povo e da propriedade privada e criando os mecanismos jurídicos para dirimir as diferanças entre as pessoas. Fizeram bonito em adotar uma economia liberal (com exceção de Ernesto Geisel) sob a batuta de um dos mais importantes ícones da economia brasileira, Roberto Campos sobretudo na gestão de Emílio Garrastazu Médici, sem dúvida alguma o melhor presidente da república que o Brasil já teve.

Agradeço então às Forças Armadas, por hoje estar aqui usando meu computador e podendo navegar livremente (pelo menos por enquanto, pois o Marco Civil vem aí!) pela Net e pelo privilégio de ter vivido minha juventude num país livre, limpo, belo, rico, seguro (bandido naquela época era bandido e tinha o que merecia), sem badernas, sem black blocks, sem invasão à sua privacidade. Presto aqui sinceramente a minha homenagem:

Obrigado Forças Armadas!

segunda-feira, 24 de março de 2014

O Poder do Líder Informal*

Por Gaudêncio Torquato

Não há mais por que duvidar: o líder informal exerce um extraordinário poder nas organizações. Poder de influenciar, de barganhar, de ameaçar, de argumentar, de mobilizar, de comunicar, poder para fazer sua opinião prevalecer sobre os outros. Dos conceitos que estão por trás dos verbos do período anterior, extrai-se a importância do estudo e acompanhamento do líder informal numa organização. Quem é, afinal, esse líder informal?

Como o nome indica, o líder informal não é tipo investido de um cargo e nem exerce liderança normativa e legal. Ele não possui cargos importantes, é uma pessoa comum, com extraordinário brilho pessoal, fruto de traços de inteligência, de comportamento ético, de domínio técnico a respeito de temas específicos e de ótimo relacionamento interpessoal. O líder informal se impõe com naturalidade e conquista o respeito e admiração dos companheiros pelo simples fato de ser uma pessoa completamente natural e autêntica. Autenticidade. Eis aqui uma palavra-chave para exprimir a essência do líder informal. Coloca-lo dentro da prisão dos rótulos e conceitos fechados é um exercício de temeridade e muito risco. Pois o líder informal foge de qualquer rótulo.

Esse tipo de líder não se encaixa, por exemplo, na famosa classificação de Max Weber e sua tipologia da liderança pura: o tipo tradicional, cujos traços fundamentais apontam para a herança patriarcal e patrimonial e que denotam um líder histórico e conservador. Nem é também o líder carismático, aquele que possui trações místicos e quase sobrenaturais, tipo que cultua o personalismo, o egocentrismo e arbitrariedade. Muito menos o líder informal pode ser comparado com o líder legal, aquele que aufere o poder, pela carga burocrática do exercício do cargo e que impõe, de maneira fria, racional e essencialmente técnica.

Pode o líder informal, com bastante evidência em alguns casos, reunir traços carismáticos, um feixe de situações e qualidades que lhe conferem imenso poder de atração. Em torno dele, as pessoas reúnem-se, quase sem perceberam. Sua energia irradia-se por todo o grupo. Ele ouve, lê, prospecta, analisa e, em último caso, dá a palavra final sobre determinada questão. Há uma maior probabilidade de consenso que de divergência em torno da palavra final do líder informal.

Sua natureza não se alimenta de fatores exclusivamente biológicos, genéticos. O líder informal, como pessoa flexível, incorpora os ideais da coletividade, cristalizando sentimentos, canalizando aspirações e interesses grupais. Sua vertente sociológica é, portanto, bastante acentuada, ao contrário do que muita gente pode imaginar. Na verdade, ele aprende muito com os grupos.

A capacidade transformativa do líder informal garante-lhe permanência temporal no espaço das organizações. Interpretando com razoável correção e senso de oportunidade as prioridades temáticas do meio ambiente, analisando, de maneira competente, as dimensões dos problemas econômicos, políticos, empresariais, trabalhistas ou questões rotineiras do grupo, o líder informal faz convergir, em torno de si, os principais campos d força do ambiente onde trabalha. Centralizando os pontos de referência social, ele torna-se o maestro dos tons e contratons da comunidade.

Suas qualidades de comunicação são apreciáveis. Pois além de expressões adequadas no relacionamento grupal, possui reconhecida capacidade para ouvir e silenciar, bons conhecimentos a respeito dos códigos da empresa, fácil locomoção pelos setores, simplicidade no agir e modéstia na apresentação. Quando veste a camisa da empresa, é muito provável que haja todo um time ao seu redor com a mesma camisa. Quando não compra a idéia a situação fica perigosa. É preciso nesse instante, ouvi-lo, ausculta-lo, porque o líder informal não é, mesmo que tenha uma opinião conflitante com a da organização, um inimigo.

Dentro do processo global de comunicação, o líder informal é considerado peça-chave. A comunicação que ocorre até o último nível é, quase fatalmente, a mensagem interpretada pelo líder informal. Daí o meu conselho. Se você, profissional de RH, teme aproximar-se dos líderes informais de sua empresa, pelo tradicional medo de enfrentar uma liderança que muitos consideram ameaçadora, não hesite. Marque uma conversa, pois o líder informal é também uma pessoa educada. (Há exceções, é claro). A liderança informal não pode ficar ao relento, à margem do processo administrativo. Não se trata de querer transformá-lo em líder formal. Trata-se, sobretudo, da necessidade de ouvi-lo e respeitá-lo.

Meu comentário: Em praticamente todas as empresas, independente do número de funcionários, vamos nos deparar com esse tipo de líder informal. De certa maneira é uma pessoa que devemos ter muita perspicácia e cautela ao aborda-la, pois, se ela goza de muito prestígio entre seus companheiros de trabalho, não é vista com bons olhos perante gestores e diretores.

Ele é sim uma figura muito carismática e dotada de talentoso poder de persuasão. Está a um passo de se tornar um líder sindical e pode facilmente num piscar de olhos deflagrar um levante ou mesmo uma greve. Resta saber, se com tantos predicados assim, como é que uma pessoa dotada desse talento não tem cargo de líder formal ou a nível de gerência? Vejamos:

O líder informal nunca está interessado em ser promovido de cargo. Alguns quando recebem uma proposta de promoção chegam ao ponto de declinar do convite. É óbvio, uma promoção às vezes implica em manter alguma distância e reservas daquele ambiente de glamour criado por ele. Na condição de gestor, cedo ou tarde ele terá que se indispor com algum de seus amigos, situação em que acabará ofuscando aquela magia que exercia sobre o grupo. E eis aqui então um dos principais pontos fracos do líder informal.

Em empresas de grande porte que possuem um departamento próprio de Comunicação, o líder informal poderá ser muito bem aproveitado para fazer o Mídia Training, ou seja, o contato externo que trata da imagem da empresa perante seus clientes. Esse é o lugar certo para o líder informal no qual poderá exercer o seu talento nato com muito brilho.

Assim sendo, isso explica os longos anos que esse líder presta os seus serviços à uma empresa exercendo sempre o mesmo cargo e a mesma função, simplesmente porque esse é o seu limite de competência a qual exerce com desenvoltura no segundo escalão. Acima disso, ele vai amarelar.

*Texto extraído do livro, "Cultura - Poder - Comunicação e Imagem: Fundamentos da Nova Empresa", Gaudêncio Torquato, editora Thomson Pioneira. 

terça-feira, 18 de março de 2014

Um exemplo de como a legislação trabalhista causa desemprego

Por Klauber Cristofen Pires*

O que trago na figura ao lado é um aviso postado por um dos maiores supermercados de Belém, que avisa não ser mais possível deslocar funcionários do estabelecimento para carregarem as compras de seus clientes até suas residências, devido ..a quê? À legislação trabalhista!

Stálin foi um entusiasmado promotor dos direitos trabalhistas. Claro, não na União Soviética, mas fora dela, à maneira como hoje os direitos dos trabalhadores são inexistentes em Cuba, Coréia do Norte, Vietnã, Camboja e China. 

O atroz ditador soviético jamais pensou no bem-estar dos trabalhadores dos países democráticos, especialmente dos Estados Unidos e Europa, mas via nisso uma estratégia para desestabilizar a economia de seus rivais.

Estamos agora em 2014, e temos visto o quanto sua mente voltada para o mal era eficaz! A Europa vive em crise permanente, os Estados Unidos transformaram-se no maior exportador de empregos do planeta, e o Brasil, solo fértil para tudo quanto é doutrina que não preste, é uma galinha enlouquecida pela gripe aviária que corre pelo galinheiro batendo as asas e cacarejando anunciando ser um falcão.  

O que é interessante saber é que nos Estados Unidos, quando vieram a lume as primeiras leis trabalhistas, os trabalhadores americanos já desfrutavam de férias, tinham seguro de vida, usavam EPI - Equipamento de Proteção Individual e seus filhos já estavam nas escolas. Tudo isto arranjado em termos puramente contratuais. 

Por que é proibido? Vá lá saber. O fato é que perdem o supermercado, porque entregar as compras nas casas dos clientes funcionava como uma eficiente medida para conquistar fidelidade; perdem os clientes, especialmente os idosos e os que não possuem automóvel; perdem os funcionários que efetuavam as compras, pelas gorjetas que vão minguar; e perdem os desempregados, porque o supermercado, tendo seus funcionários mantidos no estabelecimento, não necessitará de outros para substituí-los enquanto estavam fora, realizando as entregas. 

Oportunamente, vocês sabem por quê os shopping centers abrem às 10h00min e não às 08h0min? Porque são dois os turnos de trabalho: de 10h00min às 16h00min, e de 16h00min às 22h00min. Então, algo que poderia render mais vendas, mais salários e maior bem estar à população - abrir duas horas mais cedo - o que poderia ser resolvido meramente com o acerto de mútuo acordo entre empregadores e empregados - é impossibilitado pela CLT, um verdadeiro e intransponível muro das proibições.

Tais como os exemplos acima, a legislação trabalhista está repleta - e inova a cada dia - com as picuinhas mais ridículas sobre os mais comezinhos detalhes, fazendo com isto apenas prejudicar quem esta desempregado, pois esses não têm direito trabalhista algum.

Para os brasileiros, ainda não "caiu a ficha" de que o mundo está em uma corrida desenvolvimentista no qual o trabalho é visto como um fator de produção estratégico. Em visitas que fiz a outros países, como Coréia do Sul e Taiwan, pude contemplar os cidadãos intensamente envolvidos com o trabalho e o estudo pra valer (e não ficar aprendendo luta de classes e viadagem, como acontece aqui...). 

A legislação trabalhista brasileira causa desemprego, castra as oportunidades de negócios e provoca uma diminuição da qualidade de vida dos cidadãos. Todo mundo sai perdendo


*Klauber Cristofen Pires é bacharel em Ciências Náuticas no Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar, em Belém, PA. Analista-Tributário da Receita Federal com cursos na área de planejamento, gestão pública e de licitações e contratos administrativos. Dedicado ao estudo autoditada da doutrina do liberalismo, especialmente o liberalismo austríaco. Dono do blog LIBERTATUM (http://libertatum.blogspot.com), escreve para o Mídia Sem Máscara e outros sites. Em 2006, foi condecorado como "Colaborador Emérito do Exército", pelo Comando Militar da Amazônia

terça-feira, 11 de março de 2014

e-Social: Invasivo, totalitário, uma vergonha nacional

Desde o mês de Janeiro, todas as empresas estão obrigadas a aderir ao programa e-Social, uma espécie de prestação de contas ao governo em tempo real do que ocorre no setor trabalhista das empresas. Envolve a Receita Federal, Ministério do Trabalho e Emprego, INSS e a Caixa Econômica Federal. O governo odeia os profissionais de Recursos Humanos (a recíproca é verdadeira), pois nunca os consultou em razão dos efeitos e problemas decorrentes da implantação de bizarrices dessa natureza a toque de caixa tal como ocorreu com o sistema do ponto eletrônico.

Fundamentado pelo Ato Declaratório Executivo Sufis nº 5 de 17/07/2013 e Decreto nº. 6.022 de 22/01/2007, o e-Social é o SPED (Sistema Público de Escrituração Digital) da área trabalhista. Ocorre que, para implantação do ECD (Escrituração Contábil Digital) houve um vasto debate nacional até que se chegasse a um consenso em relação aos cronogramas para as empresas se adequarem ao sistema digital. Não é o caso do e-Social que após seis meses da publicação do Ato Declaratório, já está vigor sem um tempo hábil para as empresas se prepararem adequadamente para cumpri-lo.

No portal e-Social como já era de se prever, existe toda aquela logomaquia engana trouxa, típica de governos esquerdistas, tentando convencer das vantagens desse sistema que implica na eliminação das guias de recolhimento e outras obrigações. O novo cronograma para as empresas se cadastrarem no portal são os seguintes:

a) até 30/04/2014 para produtor rural pessoa física e segurado especial;

b) até 30/06/2014 para as empresas tributadas pelo Lucro Real;

c) até 30/11/2014 para as empresas tributadas pelo Lucro Presumido, Entidades Imunes e Isentas e optantes pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, Micro Empreendedor Individual (MEI), contribuinte individual equiparado à empresa e outros equiparados a empresa ou a empregador; e

d) até 31/01/2015 para os órgãos da administração direta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem como suas autarquias e fundações.

Naturalmente que as empresas terão que contratar funcionários às pressas e treina-los para a operacionalização imediata do e-Social. Em razão desse fato, muitos terão a falsa idéia que a implantação do e-Social vai gerar milhões de empregos. Ora, uma coisa é a contratação planejada e demandada pela necessidade de mão obra especializada ou criação de novos setores numa empresa, outra coisa bem diferente é ter que contratar às pressas porque o governo assim decidiu e sem planejamento algum em razão dos brinquedinhos eletrônicos que o governo deslumbrado por essas engenhocas, inventa pegando todo empregador de surpresa, sobretudo as pequenas empresas.

As explicações e orientações fornecidas pelo portal e-Social são confusas e em tom ameaçador. Tratam o empregador como bandido, delinqüente e infrator por presunção. O não cumprimento do prazo para a transferência das informações acarretará multas e pesadas sanções administrativas.

Serão exigidas mais informações sobre o trabalhador, algumas confidenciais que antes não eram exigidas. É bom saber que o prontuário de um funcionário é documento confidencial que nem mesmo o próprio funcionário tem acesso, só exibido à fiscalização quando solicitado, não sendo documento que possa estar disponível para consulta. Através do e-Social, o governo terá essas informações confidenciais de cada empresa em tempo real com apenas alguns clicks do mouse.

Vejam as pérolas que estão disponíveis no portal do e-Social: “Assim, haverá um monitoramento constante da vida do trabalhador” (grifo meu) Agora eu pergunto: Mas será que todo trabalhador está disposto a ser monitorado? “Porém após a publicação do Ato Declaratório Executivo Sufis nº. 5, de 17 de julho de 2013 já podemos afirmar que deverá haver modificações importantes na rotina operacional das empresas que terão que ser monitoradas permanentemente (grifo meu) por softwares de Departamento Pessoal extremamente conectados com a legislação trabalhista e previdenciária”. Considero isso de uma gravidade sem precedentes na legislação trabalhista.

Seria oportuno os juristas especializados em Direito do Trabalho se manifestarem e analisarem profundamente a legalidade deste projeto, o mais invasivo, impositivo e regulatório na história das Relações do Trabalho no Brasil, denominado e-Social. Trata-se de espionagem legalizada na qual o próprio espionado é o agente espião de si próprio e do governo, obrigado a enviar dados confidências de sua vida profissional. Realmente, um caso único no mundo inteiro, deixou Fidel Castro e a KGB no chinelo.

No portal e-Social está escrito que o governo se orgulha desse projeto e que provavelmente não existe similar no mundo. Mas é óbvio que não existe mesmo em país algum! Os países caminham para frente, aparando burocracias e fomentando o empreendedorismo. Só mesmo o Brasil está na contramão, refém de um governo socialista e totalitário baixando regras e decretos no atacado e no varejo.

Por isso, foi muito colocada a afirmação do administrador de empresas e especialista em TI, Roberto Dias Duarte, (autor da série de livros Big Brother Fiscal), quando diz que “Informatizar a burocracia é chique, embora continue a ser burocracia”. O projeto e-Social requer reformas e alterações profundas, porque da maneira como foi elaborado as empresas não terão as mínimas condições de cumpri-lo.

domingo, 9 de março de 2014

O funcionalismo público e a drenagem dos cérebros

Por Diogo Costa*

Vejam esta lista. Nela encontram-se divididos os vencedores dos prêmios Nobel por país.  Os Estados Unidos lideram com 338, o Reino Unido tem 119, a Alemanha 102, a França 65. O Brasil não tem nenhum.  Zero.  Conjunto vazio.  Nossos vizinhos argentinos já somaram cinco.  Até a Islândia, com uma população menor do que Piracicaba, já arrematou um Nobel.
As razões para a irrelevância brasileira nas ciências são muitas e de difícil medição, mas há uma tendência que nos mantém em ponto morto: o fato de que "os empregos estatais transformaram-se em objeto de cobiça dos melhores cérebros do País".

A frase não é minha.  Aparece em uma reportagem de 2010 da revista Isto É, que comemora o fato de muitos dos brasileiros mais capazes intelectualmente não estarem na academia nem liderando o empreendedorismo, mas dentro da repartição.

A drenagem dos cérebros pela máquina pública só tende a piorar. De acordo com a revista:

Ao todo, entre abertas, temporárias e programadas, são quase 400 mil vagas de emprego no serviço público, com salários iniciais variando entre o mínimo e os desejados R$ 20,9 mil oferecidos a juízes substitutos dos Tribunais Regionais do Trabalho. "Hoje em dia, em média, um servidor público federal ganha o dobro dos seus congêneres na iniciativa privada", diz o professor de relações do trabalho da Universidade de São Paulo, José Pastore, deixando claro por que os concursos públicos têm atraído tantos candidatos. "Nos últimos oito anos os salários públicos da União tiveram um aumento real de 75%, enquanto os do setor privado, de apenas 9%."

Seguindo a furada Cartilha do Politicamente Correto, a matéria chama funcionário público de servidor. Eu vou chamar de funcionário, por desobediência.

E por causa da imprecisão do termo.  Afinal, todos nós somos servidores públicos.  O engenheiro que passa da iniciativa privada para o cargo público não se transmuta num ser altruísta.  Ele continua priorizando sua carreira, seu "polpudo salário" e sua estabilidade.  O rapaz que vende coco na praia está servindo ao público, os pedreiros que construíram os prédios da sua cidade estavam servindo ao público, os engenheiros que conceberam a tela em que você está lendo este artigo estavam servindo ao público.  Só porque o sujeito extrai sua renda do imposto que você paga, e não do produto que você compra, isso não significa que ele serve mais ao público do que seu semelhante da iniciativa privada.

Na verdade, são exatamente os funcionários públicos, os burocratas, que menos servem ao público.   Como não produzem, mas sobrevivem dos tributos, eles precisam extrair a sua renda do setor produtivo da sociedade.   Ao passar do setor produtivo pro estatal, o profissional competente está passando do numerador para o denominador da economia: extraindo mais recursos do que criando.

O burocratismo ainda tem outros problemas menos aparentes.  O empregado do governo também é um eleitor do governo: participa do processo político que lhe favorece.  Quando ele olha para o orçamento, o que você acha que ele prioriza: a responsabilidade fiscal ou o aumento de seu salário? Quando vai às urnas, qual a sua mentalidade?  A consciência do bem comum ou a garantia de estabilidade?  O jogo aqui é de soma zero.

O que o burocrata toma da sociedade é em geral transferência de recursos.  E para fortalecer a defesa de seus interesses profissionais, os funcionários públicos se fundem em grupos de interesse.  A sociedade como um todo sai perdendo, mas a categoria profissional consegue tornar ainda mais atraente a matrícula em seu grupo de interesse. Isso atrai mais candidatos, criando mais demanda por concursos e, por conseguinte, políticos dispostos a suprir essa demanda.

No início do Século XIX, Charles Dunoyer percebeu esse ciclo na França pós-revolucionária.  Em L'Industrie et la morale [A indústria e a moral], Dunoyer aponta para a burocracia como a substituta da aristocracia derrubada.  A "paixão pelos cargos" levara à criação de uma classe de pessoas cujo principal interesse era a expansão da oferta dos empregos públicos.  E não eram apenas os empregos que se multiplicavam, notava Dunoyer, mas também o poder da administração estatal, que precisava se inflar para acomodar a crescente demanda.

No século seguinte, o economista Ludwig von Mises observou como que a ruína das repúblicas européias no início do século XX estava associada ao inchaço do funcionalismo público.  A razão é compreensível: se os membros do congresso não mais se consideram mandatários dos pagadores de impostos, mas procuradores daqueles que recebem salários, pagamentos, subsídios, auxílios e outros benefícios do tesouro, a democracia se torna insustentável.

O burocracismo é, portanto, uma doença sociopolítica que pode levar à falência das próprias instituições democráticas de um país.  Enquanto isso não acontece, é a falência da produção intelectual que continua vitimando alguns de nossos melhores cérebros.

Pedir às pessoas para mudar seu comportamento, e não seguir a carreira do funcionalismo, é ilusão.  Enquanto não aparecer uma liderança política que altere essa estrutura de incentivos, o Brasil continuará vítima da elefantíase burocrática.

Publicado originalmente no site do Ordem Livre

*Diogo Costa é presidente do Instituto Ordem Livre e professor do curso de Relações Internacionais do Ibmec-MG. Trabalhou com pesquisa em políticas públicas para o Cato Institute e para a Atlas Economic Research Foundation em Washington DC. Seus artigos já apareceram em publicações diversas, como O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo. Diogo é Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis e Mestre em Ciência Política pela Columbia University de Nova York.  Seu blog: http://www.capitalismoparaospobres.com

domingo, 2 de março de 2014

O Marketing do Profissional*

Por Gaudêncio Torquato**

Milhares de pessoas dentro do universo empresarial estão insatisfeitas com a sua situação. Ou ganham pouco ou estão desajustadas no ambiente de trabalho, têm atritos com os chefes ou mesmo frustram-se ante as remotas possibilidades de crescimento profissional. Abate-se sobre elas uma terrível frustração, que vão corroendo seu ânimo e exaurindo suas energias. Que fazer? Deixar que o processo de obsolescência acabe por mergulhar a pessoa em uma depressão profunda, tomar uma grande decisão e mudar completamente de rumo ou encontrar meios e formas que, integradamente, possam tirar a pessoa do estado letárgico em que se encontra? Pessoalmente, sou favorável à última alternativa. É arriscado mudar radicalmente de posição, aconselhando-se o bom senso de se procurar via mais lógica de medidas que venham soerguer paulatinamente a pessoa.

Planejar o projeto de vida, eis aqui uma fórmula que pode funcionar para pessoa como “a varinha de condão” do crescimento. Para muita gente, o conceito planejamento é algo abstrato, longínquo, difícil de ser alcançado. No entanto, trata-se de um preconceito que precisa ser enfrentado. Planejar é simplesmente definir rumos, escolher meios e decidir sobre a oportunidade das ações.

Acredito que todas as pessoas que tenham agido com mentalidade de marketing deram-se bem. O desafio que se coloca preliminarmente é o de pensar mercadologicamente. O treino cotidiano faz parte da estratégia de incorporar o marketing às rotinas profissionais. Portanto, o primeiro passo é acreditar que um bom planejamento de marketing pessoal pode favorecer o crescimento profissional. Para facilitar a decisão e compreensão em torno do marketing pessoal, passo a apresentar um decálogo que pode ajudar a quem acha que já é tempo de mudar de posição.

1.Definir Objetivos – A definição dos objetivos começa pelos limites até onde uma pessoa quer chegar. Significa decidir-se por uma posição, posto, profissão ou cargo. Quando os objetivos não ficam claros, as pessoas tendem a cair no vazio das indecisões, arrefecendo o ânimo e amortecendo a vontade.

2.Adequar a apresentação  pessoal – Essa recomendação tem por objetivo ajustar a identidade e a imagem da pessoa. Isso se consegue estabelecendo ajustes na forma de apresentação pessoal – trajes, comportamento, gesticulação – procurando-se, evidentemente, incorporar detalhes, formas e posições que estejam concernentes à sua identidade e aos seus objetivos.

3.Aperfeiçoar a comunicação – Abrange um conjunto de ações relacionadas à melhoria do discurso (substância) e maneira de interlocução (forma de comunicar-se). Aconselho leituras de jornais, revistas (economia, política, ciência, artes e espetáculos, cultura, etc), livros de ciência política, economia e administração, perfis de grandes realizadores, história contemporânea. O homem moderno não pode estar à margem dos acontecimentos que fazem a vida, nos diversos campos do conhecimento. Saber usar tais conhecimentos, em momentos adequados, é uma estratégia que dará bons resultados.

4.Aprofundar-se no campo da especialização – Além do entendimento geral das coisas, será necessário um domínio mais completo e profundo em torno de determinadas áreas de interesse profissional. Nesse sentido, aconselho a leitura permanente de conteúdos especializados, por meio de consulta a periódicos, participação em cursos, palestras e eventos específicos no campo da especialização. Princípio recomendado: querer ser o melhor no campo. (É difícil, mas o princípio ajuda a pessoas a saírem da redoma).

5.Ampliar faixa de relações – As rotinas levam as pessoas à acomodação, tornando-as participantes de feudos mentais. É preciso quebrar o círculo de amigos e vizinhos, ampliando o circuito de conhecimentos com a incorporação de novas pessoas no jogo da interlocução. O enriquecimento sócio-cultural depende também da ampliação do discurso. Se possível, procurar contatar líderes, pessoas que fazem trabalhos comunitários, gente que está situada no chamado circuito da formação de opinião.

6.Aproveitar melhor os conhecimentos – As pessoas tendem, normalmente, a ficar quietas em seu canto, numa atitude de recatado uso dos conhecimentos. Tal atitude não combina com o sentido pró-ativo dos tempos modernos. Se uma pessoa leu algo que lhe interessou, deve tentar passar adiante tal conhecimento; se aprendeu nova técnica, deve procurar implementa-la; se travou relações de amizade com uma pessoa, deve procurar estreitar as relações. A recomendação é no sentido de fazer girar o conhecimento adquirido. Não trancá-lo a sete chaves. A medida dará resultados positivos.

7.Formar uma base mínima de organização e memória – Muitos conhecimentos, situações e fatos do dia-a-dia profissional são rapidamente esquecidos. Há pessoas que estão sempre começando coisas, porque perderam parcela substancial de sua memória profissional. Aconselho o mínimo de organização: um bom arquivo, fichas de situações, catálogos, listas de endereços e telefones, cópias de trabalhos, próprios de outros autores. Se puder utilizar-se de computador, melhor. A memória é extremamente importante para o avanço profissional. Tente comprovar.

8.Estar atento às mudanças e circunstâncias – Acompanhar as mudanças nas áreas da política, economia, negócios, expansão empresarial, posições e cargos na empresa, possibilidades de crescimento profissional – eis aí um resumo dos itens que um profissional deve eleger. Suas antenas precisam estar ligadas a qualquer alteração de rota. Pois poderá precisar tomar decisões rápidas ante circunstâncias. Se estiver por fora dos fatos, certamente vai dançar...

9.Fazer as coisas com emoção – “A emoção é necessária, porque sem ela não se pode  viver. O importante é sonhar e ser sincero com seu sonho.” A frase é de Jorge Luiz Borges, o grande argentino que deu à literatura latino-americana um status de primeira grandeza. Sem emoção, a vida perde a graça. Para um profissional, vida sem emoção não tem sentido.

10.Ter coragem de arriscar-se – “Somente aqueles que se arriscam a ir muito longe têm possibilidades de descobrir até onde podem chegar.” A frase é de T.S. Elliot e, certamente, resume um projeto de crescimento. Quem quer ir longe não pode ficar no mesmo lugar sempre. Quem quer enfrentar novos desafios não pode se acovardar. Quem quer sentir diferentes gostos da vida deve procurar novos temperos. Para crescer, o risco é importante.

*Texto extraído do livro, "Cultura - Poder - Comunicação e Imagem: Fundamentos da Nova Empresa", Gaudêncio Torquato, editora Thomson Pioneira.

**Gaudêncio Torquato é jornalista, analista político e consultor em comunicação e estratégia para empresas.

Falar bem ou ter boa oratória é “combustível” para alavancar carreira?

"Fazemos bem aquilo que gostamos de fazer" (Napoleon Hill) Dia desses tive a oportunidade de assistir um curioso podcast no qual d...