segunda-feira, 22 de abril de 2024

Organização, Gerenciamento de Tempo e Produtividade

Matriz de Eisenhower


Não existem mágicas, truques, macetes ou segredos, o que existem sim são métodos, técnicas e ferramentas bem estudadas e aplicadas na vida profissional e também na pessoal para que metas e objetivos sejam alcançados sem estresse e sem caos. Seja lá em qualquer atividade que o profissional atue, como empregado, empregador ou profissional liberal, esses três itens, organização, gerenciamento do tempo e produtividade estão absolutamente conectados.

Não me recordo quem disse essa frase, mas achei muito pertinente: “o tempo não passa, ele é estático, nós é que passamos por ele”. Isso significa que temos que ter o tempo sob nosso controle, para isso precisamos alocar esse tempo na medida de nossas necessidades, porém isso só é possível se adotarmos um método de organização. Precisamos então de ferramentas para isso, vamos falar um pouco sobre algumas delas.

As ferramentas as quais me refiro são os métodos de organização, produtividade, e efetividade, elaborados estrategicamente para serem aplicados tanto na vida social quanto na vida profissional para se obter um patamar satisfatório de produtividade eficiente. Apresentarei aqui cinco métodos mais utilizados e que são os favoritos dos profissionais que atuam nos departamentos das empresas, sobretudo do setor administrativo:

GTD (Getting Things Done) – sistema de gerenciamento de tempo e produtividade criado pelo consultor empresarial David Allen.

Matriz de Eisenhower – método criado por Stephen Coven em seu livro “Os Sete hábitos das Pessoas Altamente Eficazes” e tem como objetivo a organização de rotinas através da priorização de tarefas de acordo com o grau de urgência de cada uma. O nome é em homenagem ao presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower.

Bullet Journal – também conhecido por “Bujo” foi criado pelo designer de produtos digitais, Ryder Carrol. A essência do método é: "Registre o Passado, Organize o Presente e Planeje o Futuro" através de lista de tarefas, agendamentos, brainstormings, etc.

Método Zettelkasten – criado pelo sociólogo alemão Niklas Luhmann, trata-se da organização de temáticas variadas para a gestão do conhecimento pessoal através de um arquivo com fichas (físicas ou digitais). As informações armazenadas ao longo do tempo estabelecerão conexão entre os temas e assim se transformando em outros novos temas indefinidamente.

Matriz de priorização de GUT (Gravidade x Urgência x Tendência). Método criado pelos consultores em gestão empresarial, Charles H. Kepner e Benjamin Tregoe em 1981. O objetivo é a resolução de problemas corporativos utilizando três critérios: gravidade, urgência e tendência.

Cada gerente de departamento pode utilizar algumas dessas ferramentas (ou outras mais) de acordo com as necessidades que as próprias funções do setor exigir. Alguns desses métodos se encaixam no setor Financeiro, outros em Recursos Humanos e Gestão de Pessoas, outros no setor de Marketing, Desenvolvimento de Projetos e assim sucessivamente. Em qualquer setor de uma empresa ou mesmo na vida pessoal e social há espaço para a aplicação satisfatória de qualquer desses métodos.

Isto posto, é sempre oportuno reiterar que não existem mágicas, truques ou macetes que apresentem resultados de produtividade eficiente, o que existem na verdade são técnicas, ferramentas, métodos desenvolvidos estrategicamente para serem aplicados nas rotinas diárias, pois a produtividade eficiente é a consequência natural da organização e da alocação de nosso precioso tempo.


segunda-feira, 15 de abril de 2024

*As anotações e a Caixa de Ferramentas




Por Sönke Ahrens

“Quando pensamos que estamos fazendo diversas tarefas, o que realmente fazemos é deslocar nossa atenção rapidamente entre duas (ou mais) coisas. E toda mudança drena nossa habilidade de mudar e atrasa o momento em que tentamos nos focar novamente. Tentar fazer múltiplas tarefas nos cansa e diminui nossa habilidade de lidar comais de uma tarefa.” [...]

“Você precisa externar as suas ideias, você precisa escrever. Richard Feynmann enfatiza isso tanto quanto Benjamin Franklin. Se escrevemos, é mais provável compreendermos o que lemos, lembrarmos do que aprendemos e que nossos pensamentos façam sentido. E se nosso estudo, pesquisa ou trabalho já exige a escrita, por que não usá-la para providenciar os recursos de nossas publicações futuras?” [...]

“Faça uma nota e acrescente-a a sua caixa de notas. Ela a aprimora. Toda ideia acrescenta algo ao que pode se tornar uma massa crítica que transforma uma simples coleção de ideias em um gerador de ideias.” [...]

“Se você não escreveu ao longo do caminho, o cérebro de fato é o único lugar ao qual se voltar. Em si mesmo, ele não é uma escolha tão boa: ele não é nem objetivo nem confiável – dois aspectos muito importantes na escrita acadêmica ou de não-ficção. A promoção do brainstorming como ponto de partida é ainda mais surpreendente porque não é a origem da maioria das ideias: as coisas que você deveria encontrar em sua cabeça através do brainstorming geralmente não tiveram sua origem ali. Ao contrário, elas vêm do exterior: através da leitura, das discussões com outros, através de todas as coisas que poderiam ter sido acompanhadas, e frequentemente melhoradas, pela escrita.” [...]

“Para escrever um bom artigo, você precisa apenas reescrever um bom rascunho; para escrever um bom rascunho, você precisa apenas transformar uma série de notas em um texto contínuo. E como uma série de notas é apenas o rearranjo de notas que você já tem na sua caixa de notas, tudo o que você realmente precisa fazer é ter uma caneta na sua mão quando você lê. Se você compreende o que lê e o traduz para o contexto diferente de seu próprio pensamento, materializado na caixa de notas, você poderá transformar as descobertas e pensamentos dos outros em algo que seja novo e seu.” [...]

“Se nós não tentarmos verificar nosso entendimento durante nossos estudos, gozaremos felizes o sentimento de nos tornarmos mais espertos e eruditos, quando na realidade permanecemos tão tolos quanto éramos.” [...]

“Todas as vezes em que lemos alguma coisa, tomamos uma decisão sobre o que vale a pena escrever e o que não vale. Toda vez que fazemos uma nota permanente, também tomamos uma decisão sobre os aspectos de um texto que vemos como relevantes para nosso pensamento a longo prazo e para o desenvolvimento de nossas ideias. Nós constantemente explicitamos como ideias e informação se conectam entre si e as transformamos em conexões literais entre nossas notas. Ao fazer isso, desenvolvemos aglomerados visíveis de ideias, que estão agora prontas para ser transformadas em manuscritos.” [...]

“O objetivo aqui é criar o hábito de pegar caneta e papel sempre que lemos alguma coisa, de escrever os aspectos mais importantes e interessantes. Se conseguirmos estabelecer uma rotina nesse primeiro passo, torna-se muito mais fácil desenvolver a urgência para transformar essas descobertas em notas permanentes e conectá-las a outras notas na caixa de notas.

A Caixa de Ferramentas

“Nós precisamos de quatro ferramentas:

- Algo com o que escrever e sobre o que escrever (caneta e papel bastam)

- Um sistemas de gerenciamento de referências (Zotero, Citavi ou a sua escolha)

- A caixa de notas (física ou digital)

- Um editor de texto (Word, LaTeX, Google Docs ou o que melhor funcione pra você).

Mais é desnecessário, menos é impossível.” [...]

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*Excertos extraídos do livro "Como Escrever Boas Notas", de Sönke Ahrens, editora Auster, 2023, SP


segunda-feira, 8 de abril de 2024

Funcionária grava sua própria demissão pelo celular e compartilha nas redes sociais



Nos Estados Unidos uma funcionária que foi demitida por vídeo-chamada gravou o momento quando estava sendo demitida da empresa pelos funcionários do RH e publicou nas suas redes sociais. Obviamente que após a publicação o vídeo viralizou pelo mundo todo causando reações das mais diversas. Muitas pessoas solidarizaram com a moça, mesmo porque gravar a própria demissão foi algo praticamente inédito gerando comentários positivos e negativos, sobretudo pelos profissionais que atuam com gestão de pessoas como este que vos escreve. Estamos diante de uma situação em que o privado se tornou público. Vejamos:

Eu sempre escrevi em alguns artigos sobre alguns riscos em que o trabalho em Home-Office está sujeito, principalmente para o empregador. No caso em questão um assunto que é por excelência confidencial e como tal é restrito ao setor de Recursos Humanos de uma empresa acabou se tornando público e revelado. Durante a demissão, a funcionária questiona os motivos de sua demissão e os profissionais do RH (a funcionária não mostrou os rostos deles, apenas ouvimos as vozes de um homem e uma mulher) alegam a baixa produtividade e que ela não atingiu as metas estabelecidas sem entrar em maiores detalhes.

É importante ressaltar que os funcionários do RH não sabiam que estavam sendo gravados e que essa conversa seria revelada ao mundo todo através das redes sociais da funcionária. Compreendo e entendo muito bem os efeitos colaterais e incômodos que uma demissão causam no funcionário, no entanto não podemos nunca transpor os limites da ética, da conduta profissional e do sigilo entre empresa e funcionário.

Em tempos em que a filosofia estoica nunca se fez tão presente, bem como, a postura de resiliência diante de adversidades no ambiente de trabalho, inclusive sempre com a possibilidade iminente de uma demissão, é lamentável a atitude de extrema fragilidade e até mesmo pueril dessa funcionária em não saber lidar com a situação. Atos ou atitudes têm consequências e provavelmente não será fácil para essa moça obter uma colocação no mercado de trabalho, haja vista a sua falta de habilidade em lidar com a sua demissão. A demissão é uma situação em que todos os funcionários estão sujeitos, ela pode ocorrer a qualquer momento e todo funcionário deve estar preparado para aceitá-la.

Vemos também uma falha muito grave e até diletante dessa empresa em não tomar as devidas precauções para proteção de dados e assuntos sigilosos que dizem respeito somente à empresa e aos funcionários. E de novo, o trabalho em Home-Office exige que a empresa disponha de ferramentas que garanta o sigilo de dados e informações. Isso deve estar bem claro em cláusulas contratuais que tratem da fidelidade, lealdade e sigilo entre as partes. Um contrato de trabalho bem feito evita preventivamente situações de vazamento de informações confidenciais e sigilosas e que interessam apenas ao empregado e ao empregador.

Caso a funcionária trabalhasse pelo sistema presencial certamente ela não poderia gravar a sua demissão, haja vista a proibição que funcionários portem celular nas dependências da empresa e seus departamentos justamente para a proteção de dados e informações sigilosas. Pelo menos, a maioria das empresas não permite o uso do celular durante a jornada de trabalho por motivos óbvios.

Por esse e outros motivos é que atualmente muitas empresas estão mudando a postura com relação ao trabalho remoto e apostando mais no retorno de seus funcionários para o sistema presencial. Algumas cortaram totalmente o trabalho remoto, outras optaram por um sistema híbrido no qual o funcionário trabalha em Home-Office apenas um ou dois dias na semana dependendo do cargo que ele ocupa na empresa.

No mais, quando o funcionário adentra nas dependências da empresa para cumprir a sua jornada de trabalho, ainda que seja terceirizado, ele deixou a sua vida privada do lado de fora. Tudo que se passa entre o funcionário, superiores ou subordinados não pode ser revelado e caso o funcionário quebre algum sigilo, ele será enquadrado no artigo 482, alíneas “a”, “b” ou “g”, da CLT, depende do grau de sigilo que foi vazado. Portanto, gravar a própria demissão ou qualquer outra situação nas dependências da empresa, o funcionário vai sair mal na fita, responder processo criminal e a sua carreira profissional poderá estar comprometida para sempre, sem retorno.


segunda-feira, 1 de abril de 2024

Leitura Recomendada: Como Escrever Boas Notas (Sönke Ahrens) - Apresentando o Método Zettelkasten



“Nada nos motiva mais do que a experiência de nos tornarmos melhores naquilo que  fazemos.” (Sönke Ahrens)

Diga adeus à página em branco, seja ela física ou digital, pois finalmente foi traduzido para nós o imperdível e obrigatório livro “Como Escrever Boas Notas”, do pesquisador nas áreas da Educação e Ciências Sociais, professor em Filosofia da Educação e coach, Sönke Ahrens. Ele nos apresenta nesta prestimosa obra de maneira muito prática o famoso método Zettelkasten que foi desenvolvido pelo sociólogo alemão Niklas Luhmann. Esse livro é destinado a todo profissional que precisa elaborar textos, artigos, papers, ensaios, peças jurídicas, etc., tais como, gerentes de projeto, gestores, publicitários, profissionais de comunicação, professores, advogados, pesquisadores, escritores, etc.

Niklas Luhmann (1927-1998) foi um sociólogo alemão que escreveu mais de 50 livros sobre diversos temas, entre os quais, política, arte, economia, religião e comunicação tendo como elemento central de sua obra A Teoria Geral dos Sistemas Sociais. Essa diversidade de assuntos fez com que Luhmann desenvolvesse um interessante e organizado sistema de anotações que denominou “Zettelkasten” (caixa de fichas ou cartões). Trata-se de um sistema composto por um arquivo contendo três tipos de fichas denominadas: Notas Rápidas, Notas Literárias ou de Literatura e Notas Permanentes. Grosso modo funciona assim:

Notas Rápidas: Captura de insights, informações relevantes, registro instantâneo de ideias que temos no decorrer do dia. Sempre deve ser anotada a data. Essas notas rápidas podem ser registradas também em um pequeno caderno de anotações ou mesmo gravadas no bloco de notas do celular.

Notas Literárias (Notas de Leitura): aqui anota-se as impressões pessoais que temos ao lermos livros, textos, artigos, etc., sempre com as nossas próprias palavras. As referências bibliográficas das fontes também serão anotadas nessa ficha.

Notas Permanentes: teremos aqui fichas por temas de acordo com os interesses de cada um, por exemplo: Filosofia Medieval, História da Ferrovia no Brasil, Botânica, Teoria das Cores, etc. Nessas fichas será anotado o que anotamos nas fichas de notas rápidas e nas fichas de notas literárias. Com o passar do tempo, as informações contidas em cada ficha de cada tema (cada tema poderá ter várias fichas na medida da necessidade) estabelecerão um link ou correlação com temas de outras fichas. Teremos um arquivo infinito de conhecimento que se correlacionam entre si.

Conforme Ahrens nos diz, o nosso cérebro não é uma opção confiável para o  armazenamento de informações, a mente depende de apoios externos, pois nossa memória é limitada e funciona a curto prazo. Portanto, ideias ou insights que temos no decorrer do dia devemos registrar e organizar essa “coleção de ideias” em fichas ou mesmo em algum aplicativo digital de gerenciamento. O propósito é transformar essa coleção de ideias e anotações organizadas em conhecimento permanente para sempre ser consultado na medida em que precisamos escrever artigos, textos, relatórios, ensaios, etc.

Vamos supor que um supervisor de RH receba do diretor da empresa um pedido para apresentar um projeto para a criação de um setor de RH na filial da empresa. Se ele tiver um arquivo organizado, seja físico (de fichas) ou digital, a elaboração desse projeto será muito mais prática e rápida, basta apenas organizar e redigir as anotações que foram meticulosamente registradas nesse arquivo ao longo do tempo. Levando em conta que esse profissional possui um arquivo com temas de RH que se correlacionam, tais como, legislação trabalhista, recrutamento e seleção, cargos e salários, treinamento e desenvolvimento, benefícios, segurança do trabalho, etc.

Ahrens nos alerta que não se trata de colecionar notas isoladas, pois isso não faria sentido, porém criar a longo prazo uma rede de informações que cria conexão com diversas temáticas, ou seja, formar um arquivo permanente de temas que se conectam e sempre revisá-lo. Isso possibilitará observar as diferenças entre conceitos aparentemente semelhantes ou correlação entre ideias aparentemente diferentes.

Há duas opções para a prática do método Zettelkasten: o uso da caixa de fichas para quem tem apreço pelo ato de escrever ou pelo sistema digital através de aplicativos específicos de anotações/conhecimento. Os mais usados são o Obsidian (eu uso este) e o Logseq, ambos gratuitos para uso pessoal. Há quem faça uso de ambos os sistemas, analógicos ou digitais ou seja, as anotações rápidas e as literárias em fichas e depois transcreve essas informações no Obsidian como fichas permanentes. Isso fica a critério de cada um.

Isto posto, o livro "Como Escrever Boas Notas" não é apenas um livro que ensina a registrar boas notas, mas um autêntico método e poderosa ferramenta de produtividade, um mapa de estudo que abre horizontes para o conhecimento nos mais variados temas que se conectam. Como diz o autor Sönke Ahrens, “todo esforço intelectual começa com uma nota”, então deixo aqui a minha pertinente observação: e você leitor, se esse artigo lhe interessou já tomou algumas notas sobre ele? Se não tomou notas, dentro de pouco tempo a sua memória vai apagá-lo e você não se lembrará mais dele, portanto, tenha sempre por perto caneta e papel e anote, registre, anote sempre.


segunda-feira, 25 de março de 2024

Revista Forbes elege “Don’t Stop Believin” (Não Pare de Acreditar), da banda Journey como a melhor canção de todos os tempos


Journey: Jonathan Cain, Neal Schon, Steve Perry, Steve Smith, Ross Valory

A famosa revista estadunidense Forbes com sede em Nova Iorque, em matéria publicada recentemente elegeu a canção “Don’t Stop Believin’”, da banda Journey como a melhor canção de todos os tempos. A letra da música fala sobre resiliência e a persistência de atingir os objetivos planejados. A Forbes é uma publicação que aborda temas variados tais como, economia, finanças, investimentos e marketing. No entanto também é famosa por publicar rankings sobre temas diversos ao redor do mundo.

A canção “Don’t Stop Believin’ foi escrita no ano de 1981 e faz parte do premiado álbum “Escape” que atingiu na época o primeiro lugar em vários países. O tecladista Jonathan Cain que fazia a sua estreia na banda foi quem trouxe o argumento da letra baseado na sua própria história pessoal. Baseado nesse argumento, o vocalista Steve Perry escreveu os versos da música e a melodia teve a autoria do próprio tecladista Jonathan Cain, do guitarrista Neal Schon, e do baterista Steve Smith.

A história pessoal de Jonathan diz respeito quando ele partiu do interior de sua cidade natal, Detroit para tentar a vida como músico em Los Angeles. A concorrência era pesada e sempre quando Jonathan pensava em desistir, ele ligava para o seu pai e este sempre lhe dizia: “Não pare de acreditar ou você acabou, cara!” Os versos da letra, Perry adaptou para contar a história de uma garota e um garoto que moram em cidades pequenas e pegam um trem para tentar a vida em algum lugar. Jonathan, comentando sobre a canção, disse certa vez em uma entrevista: “Sentimos que todo jovem tem um sonho e às vezes o lugar onde você cresce não é onde você está destinado a estar”.

“Dont Stop Believin” foi premiada até o momento com 18 certificados de platina, está entre as 500 melhores músicas de todos os tempos no ranking da revista Rolling Stone. Foi tema de diversos eventos esportivos, trilha sonora de diversos seriados e foi símbolo de resistência e resiliência na fase da pandemia para quem estava travando uma batalha contra a Covid.

Além da letra de "Don't Stop Believin' de forte conteúdo motivador, a revista Forbes também destacou a elaborada linha melódica, sobretudo a introdução memorável em razão do distinto riff introdutório do piano de Jonathan Cain na abertura da música. "Não pare de acreditar ou você acabou, cara". Ele não parou, acreditou e foi em frente e o resultado está aí, diante de nossos olhos. Portanto, não pare nunca, não desista, acredite em você!





segunda-feira, 18 de março de 2024

Falar bem ou ter boa oratória é “combustível” para alavancar carreira?


"Fazemos bem aquilo que gostamos de fazer" (Napoleon Hill)

Dia desses tive a oportunidade de assistir um curioso podcast no qual duas especialistas em oratória, uma delas advogada e a outra fonoaudióloga discorriam sobre as habilidades de se falar bem. Até aí nada contra, no entanto num certo momento da conversa o tema enveredou para o setor de gestão de pessoas e uma das especialistas disse peremptoriamente que "a oratória é o combustível para alavancar carreira". Oi? A outra especialista por sua vez disse que se o candidato tiver uma boa oratória na entrevista de seleção é possível saber tudo sobre as suas habilidades. Será? Bom, não é bem assim. Aos fatos:

É importante aqui que antes saibamos a diferença entre Oratória e Retórica. Oratória é a habilidade de comunicar com clareza, elegância e confiança todo o discurso que foi construído pela retórica; já a Retórica é a construção de bons argumentos levando-se em conta os aspectos racionais e emocionais. Parece simples, porém na prática nem todos conseguem obter feedback positivo na sua maneira de se comunicar por desconhecer as regras linguísticas de se comunicar bem.

Retornando às afirmações das duas especialistas, considero bastante preocupantes afirmações deste teor, isto porque na prática não é assim que acontece. Com toda certeza se uma das duas fosse profissional de RH não colocaria as questões da maneira como foram colocadas. Parece-me que nenhuma delas tem a mínima noção da dinâmica ou de como funciona um processo de recrutamento e seleção.

Quando uma vaga é aberta, o responsável pelo setor de recrutamento e seleção recebe um formulário enviado pelo gestor do departamento no qual a vaga foi aberta, cujo formulário constará todo o perfil que o candidato deverá possuir para o preenchimento da vaga. Já recebi formulário (e não foi uma vez só!) que constava que uma das caraterísticas que o candidato deveria ter é que fosse introvertido e falasse pouco. Se fosse muito comunicativo, nem pensar! Pois é.

Obviamente que a exigência para que o candidato tenha habilidade em se expressar e se comunicar muito bem está restrita a alguns cargos, sobretudo os de gerência, gestão ou supervisão cujas funções no dia a dia requerem que estejam em contato com clientes, fornecedores e subordinados. Podemos citar também assessores de comunicação, secretárias, relações públicas, vendedores e naturalmente outros cargos cuja expertise na função seja justamente a habilidade de se comunicar bem.

Outra questão que uma das duas levantou foi que qualquer pessoa pode desenvolver habilidades em oratória. Depende. Existe uma característica do ser humano denominada vocação e que não pode ser descartada. Pessoas com tendência a ter uma voz potente do tipo locutor de rádio ajuda bastante. As chances de essas pessoas escolherem uma profissão que requer uma boa comunicação são muito mais sólidas do que aquelas sem vocação que gastaram rios de dinheiro em cursos de oratória sendo que elas poderiam empregar esse investimento em outras habilidades inerentes às suas vocações. Napoleon Hill sempre discorria sobre a importância da vocação em seus livros.

É bom lembrar aqui que bons resultados apresentados na execução de tarefas, bem como, o fator produtividade são muito mais importantes do que ter uma boa oratória. E de novo, dependendo do cargo, entre um funcionário que se comunica bem, porém é ineficiente em apresentar resultados e outro que não se comunica bem, mas apresenta resultados satisfatórios as chances de promoção e decolar na carreira estão muito mais próximas deste último. Funcionários falastrões nem sempre são bem vistos, depende muito da cultura da empresa.

Além disso, pessoas que possuem um raciocínio lógico aguçado ou tiveram algum contato com a disciplina denominada Lógica (ramo da Filosofia que distingue o pensamento correto do incorreto através de premissas), conseguem muito mais êxito quando se comunicam do que aquelas que se prendem apenas em ser bons oradores.

Isto posto, de nada adianta ter voz de trovão ou de locutor de rádio, de nada adianta investir dinheiro em cursos oportunistas que prometem que a pessoa sairá do curso falando como o filósofo Marco Túlio Cícero ou Demóstenes. Isso não é combustível suficiente (suficiente!!) para alavancar carreira de maneira alguma. Dominar a língua pátria, falar o português correto, saber e dominar as regras da Lógica, do raciocínio correto, daí sim, mais de meio caminho estará percorrido para se fazer compreender e ser compreendido, seja na vida pessoal, social ou profissional. O resto é lábia para vender curso oportunista engana trouxas, é puro bla bla bla sofístico que não resiste a três minutos de raciocínio lógico, é combustível batizado que deixará a pessoa a pé e no meio do caminho.


sexta-feira, 8 de março de 2024

Dia Internacional da Mulher: Kilza Setti


Kilza Setti


Kilza Setti de Castro Lima (São Paulo, 1932) é musicista, compositora, professora doutora e antropóloga. Ela é a homenageada deste blog neste Dia Internacional da Mulher.

Aos oito anos de idade iniciou seus estudos de piano, graduou-se em 1953 pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.

Ela é fundadora da Associação Brasileira de Folclore e seu catálogo musical é composto por cerca de 70 peças musicais para variadas formações, sendo dez delas premiadas em concursos nacionais.

Uma dedicada pesquisadora da cultura caiçara, sobretudo da música originária dessa população (fandangos), seus estudos culminaram na sua famosa composição "Missa Caiçara".

Musicou dois poemas de Carlos Drummond de Andrade, "Ser" e "Memória".

Publicou o livro "Ubatuba nos Cantos das Praias (Estudo do Caiçara Paulista e de sua Produção Musical) da coleção Ensaios, editora Ática.

Em 2020, Kilza foi uma das mulheres cuja obra foi tema da série de concertos "Mulheres na Música" no SESC Vila Mariana, dentro do programa “Vozes Mulheres”, que visou abordar autoras que enfrentaram preconceitos políticos e de gênero e por terem lutado contra o peso da tradição e o estereótipo do papel da mulher na sociedade.


segunda-feira, 4 de março de 2024

Defeitos e qualidades e outras questões nas entrevistas de seleção



Qual candidato já não se sentiu desconfortável quando o entrevistador lhe pergunta sobre seus defeitos? Mesmo que o candidato esteja esperando pela pergunta e até foi treinado por um profissional habilitado, ainda que tenha lido manuais e manuais disponíveis nas redes sociais sobre como se sair bem nas entrevistas, esse momento sempre será desconfortável. Falar sobre as qualidades é tranquilo, mas sobre os defeitos? É ruim, muito ruim.  É justamente por isso que quando entrevisto candidatos seja lá para qual vaga esteja aberta eu jamais peço que me respondam sobre seus defeitos e qualidades. Vejamos:

Eu e também um grupo de colegas de profissão em gestão de pessoas, entendemos que os termos “defeitos" e “qualidades” são equivocados e não são termos adequados para nos referirmos às pessoas ou aos seres humanos. Defeitos e qualidades podemos encontrar única e exclusivamente em produtos diversos que adquirimos por aí, seja um chuveiro, um carro, uma peça do vestuário, eletrodomésticos diversos, enfim, em objetos inanimados, sem vida.

Quando tratamos com ou de pessoas podemos perguntar a elas sobre seus pontos fracos, negativos ou limitações. Denominamos pontos de inépcia e quanto aos pontos positivos denominamos pontos de proficiência ou mesmo habilidades. E não, não é mesmo que defeitos ou qualidades e isso faz muita diferença no momento de uma entrevista de seleção simplesmente porque o candidato vai sentir que está sendo tratado como pessoa e não como um objeto sem vida que vem acompanhado de nota fiscal, manual de instrução e garantia de 90 dias.

Além disso, sabemos que uma boa entrevista é aquela em que o entrevistador ouve mais e fala menos. O entrevistador faz algumas perguntas chaves e matadoras (naturalmente muito bem elaboradas com antecedência de acordo com o perfil da vaga aberta) nos momentos certos e deve deixar o candidato brilhar, ser a estrela e o protagonista daquele momento. Enquanto isso observa-se as modulações de voz do candidato, como ele se expressa o gestual, se tem um bom português, é seguro ou inseguro nas afirmações. Por exemplo, pedir a ele que discorra sobre o último livro que leu e em que essa leitura agregou em sua vida; sobre um filme que assistiu, e uma situação difícil que ele viveu e como ele saiu dela em seu último emprego.

Sobre as dinâmicas do grupo

Utilizamos dinâmicas de grupo dependendo muito do tipo de cargo que a pessoa vai ocupar. Para o setor de vendas ou promoção de eventos, por exemplo, a dinâmica de grupo revela-se uma ferramenta bastante poderosa para verificar a postura dos candidatos. Eu costumo utilizar jogos de tabuleiro de estratégia (são caros, investi um bom dinheiro neles, mas valeu a pena porque o resultado é sempre eficaz e muito divertido!) nas dinâmicas de grupo nos quais participam 6 a 10 candidatos. Eu costumo utilizar os seguintes jogos: Ticket To Ride, Power Grid, Container, Azul e Rory's Story Cubes.  A escolha de cada jogo vai depender da dinâmica dos cargos pretendidos.

Não é necessário que o candidato já tenha prévio conhecimento desses jogos, pelo contrário, ele tomará conhecimento das regras do jogo naquele momento e aqui é que entra o fator surpresa ao ser analisado como ele lidará com essas regras junto com os outros participantes do jogo. Detalhe importante: nem sempre o vencedor do jogo será o candidato aprovado na seleção e essa informação poderá ser passada aos candidatos ou não, fica a critério de quem está no comando da dinâmica de grupo.

A Redação surpresa!

Se o cargo a ser preenchido requer que o funcionário elabore relatórios técnicos, memorandos, cartas, etc., costumo antes da entrevista solicitar que o candidato faça uma redação (tema livre ou não, aqui vai depender também do cargo) de vinte a trinta linhas. A redação vai revelar se o candidato possui poder de síntese, pensamento organizado, senso crítico, esmero, caligrafia legível, etc.

Portanto, sempre é tempo de repensarmos todas as técnicas de entrevista de seleção que aprendemos, sendo a maioria delas de autores americanos. Há diversas maneiras e técnicas de detectarmos as limitações e habilidades dos candidatos, não há necessidade de perguntarmos sobre os “defeitos e qualidades”. Deixemos esses termos para os eletrodomésticos, afinal pessoas não são objetos inanimados e sem vida, somos todos seres humanos.


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Cinco pontos chave para o desenvolvimento profissional e pessoal



Publicado no portal Gazeta Libertária

O que segue abaixo, é uma tradução de uma transcrição de uma palestra sobre desenvolvimento profissional e pessoal ministrada por Jeff Deist*, presidente do Mises Institute, proferida na sexta-feira, 2 de setembro de 2022, em uma oficina estudantil na conferência do Instituto Ron Paul, no norte da Virgínia.

As observações que preparei hoje dizem respeito ao seu desenvolvimento pessoal e profissional, que, naturalmente, estão intimamente inter-relacionadas. Isto não deve ser confundido com “auto-ajuda”, um gênero um tanto quanto desonroso, cujos praticantes muitas vezes querem vender-lhe atalhos. Desenvolvimento significa exatamente isso: desenvolver suas habilidades, conhecimentos e interesses para avançar em direção a objetivos que, esperamos, se tornem mais claros à medida que você passa dos 20 e 30 anos. Lembre-se, você pode ter uma vida profissional mais longa do que seus pais e avós, assim você tem mais tempo e mais escolhas, talvez, do que eles tiveram. Mas é importante não desperdiçar seus melhores anos de aprendizagem, quando os neurônios de seu cérebro disparam no seu melhor! Mesmo na sua idade, ainda na faculdade, não é muito cedo para se verem como profissionais e para levarem seu trabalho a sério.

Aqui estão cinco sugestões que você pode implementar imediatamente para se destacar de seus colegas.

1 – Filtrar

O acesso à informação é hoje praticamente gratuito. Seu trabalho é filtrar todo o ruído branco e reconhecer o que é importante.

A oferta de informação na era digital supera a demanda e torna a informação muito, muito barata. Em um mundo digital, a informação é instantânea e muitas vezes livre de qualquer custo financeiro. Isso é especialmente verdadeiro nas mídias sociais, onde informações e opiniões estão prontamente disponíveis, mas conhecimento e discernimento estão quase ausentes. Quando algo é barato e fácil, naturalmente tendemos a reduzir sua importância.

Isso nem sempre foi verdade. De fato, as gerações anteriores tiveram que trabalhar duro para ter acesso à informação, que estava em grande parte contida em livros físicos que podiam não estar facilmente disponíveis ou acessíveis. Meu bisavô, que viveu conosco muito brevemente, nasceu no final de 1800. Como muitos de sua geração, ele não concluiu o ensino médio e, portanto, estava apenas “qualificado” para o trabalho braçal. Então ele decidiu se matricular em um curso por correspondência, o tipo de coisa literalmente anunciada na contracapa das revistas. Ele provavelmente enviou dinheiro físico para um endereço listado, depois esperou algum tempo pelos materiais. Ele lia cada curso, fazia testes em casa e enviava os testes pelo correio para avaliação. Tudo isso levou alguns anos, mas no final ele tinha conhecimento suficiente e algum tipo de credencial para se tornar um eletricista de uma grande empresa. Esse emprego pagava o suficiente para pagar uma casa de classe média, que ele mesmo construiu e instalou.

A informação necessária para se tornar um eletricista era muito valiosa para ele – não era barata e nem estava disponível instantaneamente.

Mas mesmo nas décadas de 1980 e 1990 as coisas eram muito diferentes em relação a hoje. Sua livraria comum no shopping talvez tivesse alguns livros de Ayn Rand, e talvez Free to Choose, de Milton Friedman. Você podia encontrar The Affluent Society, de John Kenneth Galbraith, e algo de Henry Hazlitt, se tivesse sorte. Você certamente não teria encontrado nenhum Menger, Mises ou Rothbard. Isso também se aplicava à sua biblioteca pública local, ou mesmo a uma biblioteca universitária.

2 – Leitura

A coisa mais simples que você pode fazer para se distinguir é se tornar um leitor voraz. Isso é simples, mas não é fácil.

Na verdade, você deve se esforçar para ler um livro a cada semana. Isso pode ser difícil se você for um estudante em tempo integral e, é claro, provavelmente não conseguiria ler um tratado de 900 páginas como Ação Humana tão rapidamente. Mas se você criar o hábito agora como um jovem, quando a velocidade e a retenção de leitura são maiores, você colherá enormes benefícios. Para livros mais longos, defina uma contagem de páginas alvo a cada dia. Quando a vida intervir, reponha o dia ou os dias perdidos no fim de semana.

Charlie Munger, o sócio bilionário de Warren Buffett na Berkshire Hathaway, descreveu o dia de seu amigo como tendo 80% de leitura – muitas vezes quinhentas páginas. Antes de investir o dinheiro de seu cliente em uma empresa, Buffett coloca as probabilidades a seu favor lendo tudo o que puder sobre a própria empresa e o setor em geral. Ele nem sempre está certo, mas está sempre informado. Podemos imaginá-lo voando em jatos particulares, rodando e negociando, quando na verdade ele está mais provavelmente sentado em sua mesa, lendo tudo, desde os grandes livros até análise técnica.

O hábito de leitura do Sr. Buffett fornece uma lição poderosa para todos nós. Mas a maioria dos americanos não lê quase nada. Um amigo que leciona em uma grande universidade pública acha que menos da metade de seus calouros já leu um único livro na íntegra! Assim, enquanto nossos bisavós viam o acesso a livros (e educação) como um luxo, a maioria das pessoas hoje não consegue tirar proveito de nossas ferramentas modernas. Essa é uma oportunidade para você se destacar.

Uma advertência em relação aos livros que você lê: como Charles Haywood aconselha, dê forte prioridade aos livros escritos há mais de cem anos e tenha cuidado com os livros escritos nos últimos cinquenta anos. Livros mais antigos passaram no teste de mercado; ainda lemos Sócrates e Shakespeare por uma razão. Se o livro ou o autor ainda ressoam depois de um século, seu tempo provavelmente foi bem gasto. E quase todos os novos livros, independentemente do gênero, têm um análogo anterior e melhor. Isso pode não se aplicar a desenvolvimentos recentes em ciência e tecnologia, mas ao ler filosofia, história, humanidades e ciências sociais, você deve procurar fontes originais neste momento de sua educação.

3 – Aprenda continuamente

Infelizmente, você não pode confiar nos pais ou nos currículos do ensino médio e da faculdade para lhe ensinar o básico que meu bisavô mencionado acima aprendeu em sua adolescência. Por básico, quero dizer uma educação básica em artes liberais, com história, filosofia, epistemologia, clássicos, retórica, línguas, artes e literatura suficientes para qualificá-lo como uma pessoa educada. Você deve aprender a maior parte disso por conta própria, ao longo de sua vida. Este é um compromisso assustador, mas que vale a pena. E valerá a pena em termos de carreira, especialmente em uma época em que o ativo financeiro mais valioso que você pode possuir pode ser sua capacidade de obter renda (elevada) com seu conhecimento.

O empreendedor e empresário Robert Luddy ensina seus funcionários sobre o conceito japonês de kaizen, ou melhoria contínua. Os princípios fundamentais do kaizen relacionam-se principalmente aos negócios, mas o conceito mais amplo pode ser aplicado aos seus objetivos de longo prazo para a vida. Mesmo pequenos avanços em sua aprendizagem ao longo da vida podem se acumular dramaticamente ao longo do tempo, especialmente se você criar o hábito de aprender agora. Lembre-se, ninguém está vindo para salvá-lo ou mostrar-lhe o caminho. Quando se trata de educação, você está em grande parte por conta própria.

4 – Evite argumentos

Você deve estar muito ocupado desenvolvendo seus conhecimentos e habilidades para discutir com as pessoas. Isso é especialmente verdadeiro quando as ditas “pessoas” são estranhos online ou exibem má-fé.

O famoso Dale Carnegie (por favor, não o chame de escritor de autoajuda!), mais conhecido por Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, insistiu que ninguém ganha uma discussão. Na verdade, o “vencedor” perdeu tempo e queimou capital social, enquanto a parte oposta foi contrariada ou silenciosamente ferida apesar da bravata externa. Em uma era de sobrecarga de informações, quando pontos de vista e argumentos opostos são fáceis de pesquisar, a maioria das pessoas perversamente se empenha ainda mais. O conselheiro de campanha de Trump, Steve Bannon, chama isso de “América pós-persuasão”, um sintoma de muitos ataques estridentes e pouca persuasão de corações e mentes. Os argumentos tornaram-se tão baratos quanto a informação. Você pode apreciá-los da mesma forma que gosta de junk food ou de um filme sem sentido, mas não crie o hábito de desperdiçar seu tempo com aqueles que estão além da persuasão.

Você está muito ocupado para isso, ou deveria estar. Lembre-se desta advertência do poema satírico Hudibras do século XVII:

“Aquele que submete contra a sua Vontade, Ainda é de opinião própria; A qual ele pode aderir, mas renegar, Por razões para ele mesmo conhecidas.“

5 – Promova pessoas, não apenas ideias

Finalmente, à medida que você se desenvolve e melhora, lembre-se de que os relacionamentos determinarão seu sucesso e felicidade mais do que as ideias.

Gostamos de pensar que as ideias comandam o mundo, ou que a ausência de ideias (“ad hoc–ismo”) o arruína. Mas deixando de lado a questão de saber se a própria ideologia pode se tornar uma camisa de força, as ideias não têm sentido sem pessoas de carne e osso para animá-las. Não vivemos em uma sociedade de Robinson Crusoé. Examine a vida de qualquer pessoa idosa bem-sucedida e você descobrirá uma rede profunda de relacionamentos e conexões, sejam comerciais ou pessoais. E é claro que isso é especialmente verdade na academia. A maioria das pessoas não nasce rica e conectada, e se preocupa que tudo dependa de “quem você conhece”. Mas você pode construir redes e aplicar seus conhecimentos e habilidades ao mundo real dos humanos corpóreos, entendendo sua natureza (principalmente) cooperativa. Lembre-se, isso é uma boa praxiologia: Mises considerou o título alternativo Cooperação Social para sua obra Ação Humana.

Considere a sociologia da escola austríaca de economia, um aquário relativamente pequeno, mas repleto de intrigas, conflitos e pontos de virada. E se Böhm-Bawerk não tivesse ativamente decidido construir um aparato intelectual a partir dos primeiros trabalhos de Menger? E se a Segunda Guerra Mundial nunca tivesse acontecido e Mises tivesse ficado em Viena? E se a conferência de South Royalton em 1974 não tivesse ressuscitado o movimento? E se Henry Hazlitt e Leonard Reed não tivessem dado apoio a Mises na América? A lição aqui é que as relações interpessoais e os eventos entre grandes pensadores muitas vezes têm tanto impacto quanto seu próprio trabalho.

Faça amigos e seja um amigo ao longo do caminho. Lealdade e gratidão são muito importantes e muitas vezes negligenciadas em nossa sociedade gananciosa. As pessoas gostam de seguir pessoas, não abstrações. Portanto, faça o possível para ser uma pessoa boa e séria, capaz de promover pessoas e ideias.

Seu maior patrimônio é o tempo, que, como jovens, parece se estender à sua frente. Mas passa rápido. Eu encorajo todos vocês a considerar essas cinco chaves para aproveitar ao máximo.

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* Artigo escrito por Jeff Deist, publicado no Mises.Org, traduzido e adaptado por Rodrigo D Silva.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Radiância motivacional no ambiente de trabalho


Por Ryder Carroll


"Pense em um colega nocivo com quem já trabalhou. Embora você possa estar muito satisfeito com o seu emprego, como se sente quando alguém fala mal da empresa, reclama do trabalho ou manipula pessoas para conseguir o que quer? Isso dá um gosto amargo na boca, que demora a sair. Sem se dar conta, você passar a negatividade para seu cônjuge durante o jantar – e até mesmo para os colegas dele no dia seguinte, segundo um estudo.

Como uma pedrinha jogada em um lago, nossas ações reverberam no mundo à nossa volta. Cada ondulação influencia aquilo que encontra. Quando você segura a porta para alguém, por exemplo, pode inspirar nessa pessoa a disposição de fazer o mesmo por quem vem em seguida ou praticar outra gentileza. Da mesma forma, quando grita com alguém, o cônjuge, filho ou um amigo dele fica sujeito ao efeito da propagação de sua ação. Gosto de me referir à nossa capacidade de influenciar o mundo à nossa volta como “radiância”.

A natureza do que irradiamos costuma ser o reflexo do que está acontecendo dentro de nós. É por isso que cultivar o autoconhecimento, longe de ser algo egoísta, tem importância vital. Se não assumirmos (ou relutarmos em assumir) a responsabilidade por nossas qualidades inferiores, como negatividade ou raiva, acabamos por passá-las adiante. O peso de suas palavras ou ações começa a dar forma ao mundo ao seu redor e deixa-lo mais próximo de seu mundo interior. Sua falta de entusiasmo por um projeto suga a animação do restante da equipe. Seu mau humor volta para você no silêncio de seu companheiro durante o jantar.

Não estou sugerindo que você se force a ser tão alegre quanto um personagem da Disney, soltando arco-íris de perpétuo otimismo pelo nariz. Porém temos obrigação de encarar nossas fraquezas e reforçar nossos pontos fortes, porque não estamos sozinhos. Cultivar nosso potencial nos torna mais preciosos a nós mesmos e aos outros, principalmente aqueles que estão mais próximos de nós.

Ainda que não possa controlar as pessoas, você influencia aqueles com quem tem contato. E eles também podem levar essa influência adiante. Seu conhecimento pode ensinar os outros. Seth Godin escrever: “Ou você é a pessoa que cria energia ou aquela que a destrói”.

Melhorar a si mesmo leva à melhoria dos outros e do mundo, se levarmos aquele efeito de propagação até seu potencial infinito e o multiplicarmos por cada alma motivada. Se não quer melhorar por si mesmo, faça isso pelos outros. Se seu objetivo na vida é ser útil o outros, pode começar sendo útil a si mesmo.”

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Excerto extraído do livro, "O Método Bullet Journal", de Ryder Carroll, editora Fontanar - São Paulo- 2018

 

segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Desoneração, reoneração, desreoneração e já nem sabemos mais o que




As Relações do Trabalho começaram o ano muito mal, pois este artigo confirma praticamente o meu artigo anterior no qual escrevi que 2023 foi o pior ano dos últimos cinquenta anos no setor trabalhista. No dia 29 de dezembro já no apagar das luzes foi publicada no Diário Oficial da União a MP nº 1.202/2023 (mais conhecida como MP da maldade tributária) que trata do retorno da reoneração da folha de pagamento. Um presente de natal tardio, um presente de grego como diz o dito popular, daqueles que não dá nem entusiasmo de abrir o pacote em razão de seu extremo mau gosto.

Lembremos que o Congresso Nacional já havia derrubado o veto à desoneração da folha de pagamento meio que em cima da hora. Entretanto o ministro da fazenda nos reservava uma (he he he), sinistra surpresinha que por tabela é uma bofetada de mão aberta na cara de cada congressista que votou a favor da continuidade da desoneração da folha de pagamento.

A MP 1202/23 revoga os benefícios fiscais de que tratam o art. 4º da Lei nº 14.148, de 3 de maio de 2021, e os art. 7º a art. 10 da Lei nº 12.546, de 14 de dezembro de 2011. Além disso, as empresas voltarão a pagar tributos gradualmente a partir do mês de Abril de 2024, ou seja, recolhimento da Contribuição Social sobre o lucro líquido (CSLL), PIS/PASEP/ e Cofins.

De acordo com diversos juristas que foram consultados, a MP 1.202/23 é inconstitucional, viola direitos já adquiridos e constituídos e desrespeita decisões judiciais transitadas em julgado. Lembrando que o STF através da ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) nº 2.213 decidiu sobre a possibilidade de se questionar judicialmente a urgência ou relevância de Medidas Provisórias que tratam de matéria tributária In verbis.

A sanha do governo pelo aumento na arrecadação de receita e carga tributária é infinita, ele atira para todos os lados e o setor trabalhista (composto por empregadores e empregados), sempre o mais visado, é o mais atingido de maneira brutal. Outras alternativas como, por exemplo, o corte de despesas e de gastos públicos nem pensar, óbvio, pois a sanha para o aumento da receita é justamente para suprir as mordomias dos gastos públicos.

Com isso, os empregadores foram jogados num limbo, num ponto cego sem saber o que seguir: a decisão do Congresso Nacional ou a Medida Provisória 1.202/23. A consequência disso é o caos tributário e pior, instabilidade e insegurança jurídica. Um país sui generis no qual uma lei vale apenas por algumas horas, acorda-se com ela e ao dormir ela já foi revogada. Se a MP 1.202/2023 não for neutralizada teremos desemprego em massa em escala inimaginável.

Portanto, caso o Congresso Nacional consiga neutralizar essa MP da maldade tributária, ficará valendo o que já estava valendo e não valeu mais, voltou a valer, só que não e que valerá amanhã talvez sim ou talvez não. Entenderam? Eu também não!


Obs: Este blog entra de férias por 30 dias. Retornaremos em Fevereiro/2024

Organização, Gerenciamento de Tempo e Produtividade

Matriz de Eisenhower Não existem mágicas, truques, macetes ou segredos, o que existem sim são métodos, técnicas e ferramentas bem estudadas ...