segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Por que existem gerentes tão ruins?*



Por Katherine Crowley e Kathi Elster

"Infelizmente,  a maior parte das pessoas responsáveis por liderar e administrar o trabalho dos outros não é preparada para esse trabalho. Isso acontece porque as empresas promovem seus profissionais por motivos muito variados, mas quase nunca pelas habilidades de gerenciamento. Veja abaixo três razões para promover um colaborador ao cargo de gerente:

1. Conhecimento técnico – O médico mais exímio pode ser tornar gerente de um laboratório de pesquisa, mas será que ele sabe lidar com as pessoas?

2. Tempo de serviço -  O vendedor mais antigo de uma fábrica de jeans pode se tornar gerente de vendas devido ao seu tempo de casa, não por sua capacidade.

3. Motivos políticos – Um funcionário júnior que joga tênis com o presidente da empresa pode ser alçado rapidamente à posição de supervisor, mas não por seu cativante estilo de liderança.

Ao ser colocado em um posição de chefia, o novo gerente raramente é treinado para assumir suas novas funções.  O mais comum é que o novato seja jogado em situações onde ou bem ele se torna um herói ou um fracassado. Como desconhece o tipo de liderança que a equipe precisa, ele simplesmente supõe que as outras pessoas pensam e trabalham exatamente como ele.

Há uma grande chance de que seu chefe jamais tenha aprendido sequer os rudimentos das técnicas de gerenciamento, como por exemplo,  comunicar-se de maneira eficaz, determinar metas e expectativas ou monitorar e avaliar de modo correto o desempenho no trabalho.

Além de receber pouco ou nenhum treinamento, muitos gerentes têm de se desdobrar. Além de administrar um setor, eles são responsáveis por outras tarefas. Por exemplo, a chefe de enfermagem de traumatologia de um hospital deve gerenciar as enfermeiras de seu andar e também atender seus pacientes. O editor-chefe de uma revista mensal deve escrever suas próprias matérias e também supervisionar o trabalho de outros jornalistas e editores.

Geralmente, quando as pessoas têm dois tipos de responsabilidades, elas selecionam o que lhes parece menos difícil e mais concreto. É mais gratificante verificar o soro intravenoso de um paciente amável do que confrontar dois funcionários que vivem brigando. É mais fácil escrever um artigo interessante do que cobrar os artigos atrasados dos jornalistas mais lentos.

Como as promoções nem sempre se baseiam na habilidade gerencial da pessoa e as empresas raramente oferecem um treinamento adequado para os novos gerentes, além do fato de que, em geral, esses profissionais têm que desempenhar multitarefas, fica claro que, "gerenciar para cima", é a melhor saída para estabelecer um relacionamento mais satisfatório e menos frustrante entre o chefe e sua equipe.

Antes de aprender efetivamente a técnica de "gerenciar para cima", você deve tomar importantes decisões:

1. Aceitar que o seu chefe tem limitações quando se trata de gerenciar pessoas.

2. Assumir a responsabilidade de melhorar o relacionamento com seu chefe.

Muitas pessoas ficam presas às ideias preconcebidas sobre como um chefe deve se comportar, e agem de acordo com essas crenças. Veja se você se identifica com alguma das seguintes frases:

O meu chefe deveria...
ser mais organizado✓
saber delegar tarefas✓
dizer claramente o que espera de mim✓
dedicar um pouco de seu tempo e atenção✓
me alogiar mais✓
fazer críticas construtivas✓
me proteger das críticas injustas✓
reconhecer o trabalho que eu faço✓
não demonstrar favoritivismo✓
respeitar o meu tempo✓
importar-se com o meu bem estar✓.

Na teoria, um gerente deve ser capaz de corresponder a tais expectativas. Na práica, a maioria das pessoas que ocupa cargos de chefia tem dificuldades em pelo menos um dos itens acima. Mesmo os profissionais experientes acham um desafio corresponder a tais padrões. Você, contudo, tem escolhas. Tanto pode ficar no time dos que reclamam, quanto pode reconhecer as falhas de seu chefe e aprender a gerenciá-lo."

*Texto extraído do livro "Trabalhar com você está me matando", de Katherine Crowley e Kathi Elster, editora Sextante.

Meu comentário: Evidentemente que um funcionário não precisa jogar tênis com o presidente para ser promovido. Existe no ambiente corporativo a chamada indicação (o famoso QI, "quem indicou") praticada por funcionários, que não se confunde de maneira alguma com um recrutamento interno. É a conhecida igrejinha ou panelinha que existe dentro dos próprios departamentos de RH. É um método bastante utiizado em diversas empresas, mesmo porque economicamente falando não há despesas gastas com recrutamento externo para a contratação de um gestor com expertise profissional. O custo zero imediato é mera ilusão porque a médio ou a longo prazo a promoção nessas condições poderá gerar prejuízos incalculáveis pela falta de habilidades do promovido.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Empregado não é hipossuficiente perante o empregador


É constrangedor, mas ainda existem centenas de alunos dos cursos de Direito, elaborando papers, teses, monografias, etc, tendo como base a hipossuficiência econômica do empregado perante o empregador. Mas não se trata apenas de alunos, pois a maioria de advogados trabalhistas é praticamente unânime (alô Nelson Rodrigues, valei-me nessa hora) em admitir a tal hipossuficiência.

Mas será mesmo que o empregado é hipossuficiente perante o empregador? Vejamos um pouco de teoria.

Não existe na legislação ou em qualquer documento legal aonde conste que o trabalhador é hipossufciente perante a superioridade econômica do empregador. Essa palavra foi deduzida e introduzida de maneira capciosa em um dos princípios do direito do trabalho que é o “princípio da proteção do trabalhador”, que, grosso modo, se desdobra em três: 

a) In Dubio pro Operatio;
b) A aplicação da norma mais favorável ao trabalhador;
c) o da aplicação da condição mais benéfica ao trabalhador

Portanto, a intenção desse princípio foi compensar a suposta inferioridade econômica através de uma superioridade jurídica. Não deixa de ser contraditório, pois isso no jargão popular significa despir um santo para vestir outro. Ao empregador restou prostar-se a uma brutal inferioridade jurídica. Ainda que o empregador se defenda juridicamente sempre estará em desvantagem.

Ora, mas todos não são iguais perante à lei? Pelo menos é isso que consta no artigo 5º de nossa Constituição Federal, portanto, não deveria haver esse descomunal desequilíbrio.

Essa vantagem jurídica que assiste ao empregado na prática é infinitamente desproporcional à suposta inferioridade econômica em relação ao empregador, senão vejamos:

O empregado sempre contou com um vasto arsenal de direitos que o amparam não tendo similar em nenhum país do mundo. Tais direitos estão espalhados a partir da Constituição Federal, Consolidação das Leis do Trabalho-CLT,  Acordos Coletivos, Convenções da OIT, Leis Complementares (que incluem portarias, decretos, normas, parecer técnico, etc, etc) e a própria Justiça do Trabalho (pouquíssimos países no mundo contam com justiça do trabalho) que o acolhe de braços bem abertos sempre aplicando o maroto princípio “in dubio pro operatio”.

E quais os direitos do empregador? Nenhum, ao empregador cabe apenas cumprir o que diz a lei.

Com um arsenal de leis dessa envergadura, qual a importância da hipossuficência (caso ela realmente exista, o que duvido)  do empregado diante da superioridade econômica do empregador? De qualquer maneira, se existe essa hipossuficiência ela de nada vale ao ser absorvida pela imensa vantagem jurídica.

Oportuno lembrar também que todo empregado sempre esteve refém de sindicatos ligados à toda esquerda retrógrada e revolucionária, cujo objetivo sempre foi menos visar a melhoria do trabalhador, mas revelar líderes políticos que adoram levar a vida na flauta às custas da famigerada contribuição sindical. Sobre isso ninguém diz nada. Ainda bem que a reforma trabalhista deu um basta nessa farra "sindicaleira".

Se formos falar em hipossuficiência, ela existe sim mas tanto para o empregado, bem como para o empregador. Trata-se da hipossuficiência perante o Estado, ávido por impostos e encargos que vão impactar diretamente a crise do desemprego. Sobre isso também nem uma palavra a respeito.

Essa suposta hipossuficência pode ser analisada também através de outras perspectivas. Existem trabalhadores que contam com recursos financeiros até melhores que seus empregadores. Apenas não têm vocação para serem empreendedores e preferem aplicar a sua expertise profissional trabalhando como empregado e ganhar assim um excelente salário. Conheço vários casos assim, embora é óbvio que isso não seja uma regra, de maneira que a hipossuficiência também não o seja.

Isto posto, é uma tremenda desfaçatez em se falar em hipossuficiência econômica do empregado perante o empregador haja vista a infinita vantagem jurídica que o protege. Afinal, empregado e empregador estão no mesmo barco, ambos hipossuficientes e náufragos à deriva em em meio à tempestade de impostos e encargos que se escondem por trás de uma cortina de fumaça denominada "direitos trabalhistas". O único e absoluto ganhador disso tudo atende pelo nome de Estado interventor.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Por que tanta informalidade nas vagas de trabalho criadas?



Por Rodrigo Constantino, publicado no Instituto Liberal


A taxa nacional de desemprego foi a 12,2% no trimestre encerrado em outubro, abaixo de julho (12,8%) e acima de igual período do ano passado (11,8%), segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, divulgada nesta quinta (30).

Mas a ligeira melhora no período recente segue mostrando que o mercado de trabalho brasileiro está “trocando” empregados com carteira assinada por trabalhadores informais.

Das 2,3 milhões de vagas geradas no país ao longo deste ano, 75%, ou 1,7 milhão, são informais. Os postos restantes foram gerados pelo setor público. As empresas privadas geraram apenas 17 mil vagas dentro deste ano, variação considerada estatisticamente irrelevante.

“No setor privado, praticamente 100% das vagas geradas foram informais. O restante foi serviço público”, disse o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, em entrevista coletiva sobre a pesquisa.

Ou seja, só o mercado informal ou o governo estão criando postos de trabalho para reduzir o imenso desemprego deixado pelo PT. Por quê? Qual a razão disso?

O mais curioso é que até sites comunistas, como o portal Vermelho.org, divulgaram a notícia, mas não conseguem atinar para as causas do problema. São incapazes de compreender o básico de economia, para saber que são justamente as “conquistas trabalhistas” que jogam tanta gente para o desemprego ou informalidade.

Os vermelhos acham que a reforma trabalhista, que flexibiliza um pouco o mercado de trabalho, vai ser ainda pior nesse sentido. Prova de que realmente não sabem nada de nada. As vagas são criadas na informalidade porque o custo da legalidade é proibitivo!

A informalidade é o ar rarefeito que os trabalhadores são obrigados a respirar por conta da asfixia causada pelo excesso de governo. Quando o governo cria inúmeras regalias, décimo-terceiro, décimo-quarto, férias remuneradas, dificuldade para demissão, licenças de todo tipo, vales para tudo, o que ele está fazendo é condenar os menos produtivos à informalidade, na melhor das hipóteses (via de regra será o desemprego mesmo).

Os encargos, que dobram o custo do trabalhador para as empresas, não aumentam de fato o ganho do trabalhador, apenas engordam os cofres do governo e dos sindicatos. É como se alguém faminto mandasse cortar a pizza em 12 em vez de 8 pedaços. Sendo que os 4 pedaços extras, na verdade, vão para o sindicalista e o político na mesa ao lado, enquanto as fatias do trabalhador ficam mais finas…

Se João só pode pagar R$ 1 mil a José, e se sua produtividade só justifica tal ganho, quando o governo cria diversas “conquistas” que dobram o custo de José, levando o montante efetivo a mais de R$ 2 mil, João simplesmente desiste de contratar José, ou então ambos fecham um acordo na informalidade, ou seja, fora das leis, sem qualquer direito ou garantia.

Os trabalhadores brasileiros, graças aos sindicatos poderosos e à esquerda hegemônica, possuem infinitamente mais “direitos” do que os trabalhadores americanos. Mas os americanos ganham, na média, cinco vezes mais do que os brasileiros, e o desemprego é bem menor. É porque os americanos são, na média, cinco vezes mais produtivos!

Mas a esquerda ainda acha que salário é uma questão arbitrária, de “vontade política”, e que basta colocar no papel para acontecer de fato. Pessoas com uma sensibilidade mal calibrada olham os baixos salários dos pobres e ficam revoltadas, achando que basta decretar mais “conquistas” para tudo ficar bem. Esses empresários gananciosos vão aprender uma lição agora! E eis que o pobre fica desempregado ou na informalidade…

O inferno está cheio de boas intenções. Quando se trata de boa intenção! Porque no caso dos sindicatos é pura defesa de privilégios mesmo, não só do emprego dos sindicalistas, como da reserva de mercado para quem já está empregado. Sim, porque quando se cria tantas barreiras, dificulta-se a contratação, e quem já está com seu emprego acha bom. Só não é muito divertido para quem está procurando emprego.

Desnecessário dizer que os jovens sofrem mais, pois estão entrando no mercado de trabalho e, portanto, são menos produtivos, deveriam ganhar menos. São eles que pagam o maior pato por conta das medidas sindicalistas. Não é por acaso que o desemprego dos jovens em países mais socialistas, como a França, chega a 30, 40 ou mesmo 50%! Um caldeirão revolucionário sendo preparado com a pimenta sindicalista.

A informalidade é um grito de liberdade do trabalhador oprimido. E oprimido pelo estado e pelos sindicatos, que fique claro. Quem ainda coloca a culpa nos “gananciosos empresários” realmente não entendeu nada. Mas já pode pedir uma ficha de filiação ao PSOL, PCdoB, PT ou Rede. Está pronto para ser um senador do Brasil, e colaborar com a desgraça dos trabalhadores.

Já que o setor privado não consegue mesmo criar vagas formais nesse ambiente hostil, resta olhar para o estado como o messias salvador. Seremos todos empregados do estado, como na União Soviética. O sonho desses comunistas. Que maravilha!

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

No Brasil, empreender e gerar empregos legalmente é tarefa para heróis. Ou para masoquistas

Por aqui, imposto é caridade



Por Ubiratan Iorio e Leandro Roque*, publicado no Instituto Misses Brasil



Imagine que você queira abrir uma loja para vender sapatos. Para isso, terá de obter autorização do governo. Como a burocracia no Brasil é enorme, você só conseguirá essa autorização dentro de aproximadamente cinco meses.

Para efeitos de comparação, se você vivesse na Nova Zelândia, em menos de um dia (!) já poderia abrir a sapataria.  

Ou seja: enquanto na Nova Zelândia você tem a ideia de abrir a empresa hoje e já pode começar a operar amanhã, no Brasil, você deixaria de vender sapatos e, portanto, de ganhar a receita das vendas por quase cinco meses. Nesse período, estaria apenas lidando com papeis, taxas, cobranças, cartórios, filas, carimbos e licenças (e provavelmente teria de "molhar" a mão de vários fiscais para conseguir alguma "agilidade").

Mais: supondo que você desejasse contratar dois vendedores para trabalharem na loja, durante esses cinco meses essas duas pessoas não teriam os seus empregos. Na Nova Zelândia, ambos já estariam empregados amanhã.

Assim, a primeira conclusão é que, no Brasil, as instituições (no exemplo dado, a burocracia e a intromissão do governo na vida das pessoas) desencorajam qualquer pessoa que queira trabalhar e produzir para melhorar de vida. Em outros países, como a Nova Zelândia, as instituições estimulam as pessoas que desejam progredir.

Continuando.

Após abrir a sua sapataria, você terá de trabalhar até o dia 2 de junho de cada ano apenas para pagar os 93 tributos (impostos, taxas e contribuições) que existem no Brasil. E pagar esses impostos requer 2.600 horas apenas para preencher os formulários (mais do que o dobro do segundo colocado, a Bolívia). Quem não pagar é punido com cadeia e confisco de bens.

O estado argumenta que a receita dos tributos é para ser revertida em educação, saúde, justiça, segurança e infraestrutura. 

A inevitável pergunta é: apesar de, como brasileiro, sermos obrigados a trabalhar mais de cinco meses do ano para o governo, temos um sistema de educação bom? De saúde? Nossa justiça é boa? Vivemos com segurança? Nossas estradas e portos são bons? Ainda mais importante: por que esses cinco itens devem ficar nas mãos do governo? Na prática, estamos trabalhando cinco meses de graça.

Paulo Francis já dizia: no Brasil, imposto é caridade. Você dá seu dinheiro para o governo já sabendo que não receberá nada em troca.

E agora piora para todos.

Se você contratar um empregado com um salário de mil reais por mês, esse empregado pode chegar a lhe custar, aproximadamente, dois mil e oitocentos e trinta reais por mês — ou seja, mais do que o dobro do salário. (O corriqueiro é que ele custe, no mínimo, dois mil reais).

Isso acontece porque existem os chamados encargos sociais e trabalhistas, como INSS, FGTS, PIS/PASEP, salário-educação, Sistema S, 13º salário, adicional de remuneração, adicional de férias, ausência remunerada, férias, licenças, repouso remunerado, rescisão contratual, vale-transporte, indenização por tempo de serviço e outros benefícios.

Tais encargos fazem com que, além do salário, o empregador tenha de pagar o equivalente a outro salário só com estes custos. 

Considerando o salário mínimo de 2017, de R$ 937, o empregador terá de pagar R$ 2.651 por empregado. Isso significa que, para compensar sua contratação, o trabalhador precisa de uma produtividade de, no mínimo, R$ 2.651 para poder trabalhar legalmente.

O resultado disso é que, na melhor das hipóteses, em vez de empregar aqueles dois funcionários, você vai empregar apenas um na sua sapataria. Se muito.

A diferença entre o custo total do trabalhador e o valor total recebido por esse trabalhador é chamada de "custo da legislação trabalhista". 

Não é necessário ser profundamente douto em economia para perceber que esses encargos provocam um "desemprego artificial", impossibilitando a contratação de pessoas que realmente estão dispostas a trabalhar, mas que não conseguem emprego porque o governo elevou artificialmente o preço de sua mão-de-obra.

Sendo o trabalho formal no Brasil muito caro em relação à produtividade, a inevitável consequência é que, das 90 milhões de pessoas que integram a população economicamente ativa no Brasil, apenas 34 milhões têm carteira assinada.

Por outro lado, 10 milhões de trabalhadores estão no mercado informal (dados mais abrangentes falam de 44 milhões).

Para completar seu pesadelo empreendedorial, ainda falta mencionar os outros impostos que incidem sobre as empresas e que afetam sobremaneira sua capacidade de investir, de contratar e de aumentar salários. No Brasil, a alíquota máxima do IRPJ é de 15%, mas há uma sobretaxa de 10% sobre o lucro que ultrapassa determinado valor. Adicionalmente, há também a CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido), cuja alíquota pode chegar a 32%, o PIS, cuja alíquota chega a 1,65% e a COFINS, cuja alíquota chega a 7,6%. PIS e COFINS incidem sobre a receita bruta. 

Há também o ICMS, que varia de estado para estado, mas cuja média nacional beira os 20%, e o ISS municipal.  Não tente fazer a conta, pois você irá se apavorar.

E tudo isso sem considerar todas as incertezas jurídicas e empreendedoriais (impossíveis de ser calculadas) causadas pela Justiça do Trabalho, instituição esta que faz com que contratar um empregado seja um ato de altíssimo risco financeiro, o qual pode inclusive destruir todo o seu capital acumulado.

No final, o custo de todo esse sistema tanto para o empreendedor quanto para o trabalhador é muito maior do que as eventuais vantagens que o governo afirma que ele oferece (se é que há alguma).

Não tem como dar certo

O resultado dessa equação é trágico: empaca-se o avanço da criação de riqueza e dos negócios, a oferta de empregos diminui e a economia fica estagnada. Com o empreendedorismo legal e mercado de trabalho artificialmente encarecidos pelo governo, um número cada vez maior de pessoas (as mais preparadas) passa a almejar um posto nas instituições públicas, dedicando a fase produtiva de sua vida a estudar para concursos.

Assim, cria-se um círculo vicioso: o governo asfixia o empreendedorismo com impostos, burocracias e regulamentações. Isso mantém os salários baixos e o desemprego algo. Os menos preparados são empurrados para a informalidade. Os salários baixos da economia formal empurram jovens capacitados para o setor público, que garante estabilidade e altos salários.

Mas todos os privilégios do setor público são bancados por impostos e endividamento do governo, os quais são integralmente pagos por essa mesma iniciativa privada já asfixiada. Isso deprime ainda mais os salários do setor privado, o que empurra ainda mais jovens preparados para o setor público.

Conclusão

Nossa pobreza, ou "falta de riqueza", não é uma questão de falta de vontade política ou de votarmos em pessoas erradas, mas uma mera consequência do nosso arranjo institucional e tributário: presos em um emaranhado de altos tributos, burocracias e regulações, pequenos empreendedores não encontram nem tempo nem espaço para produzir, trabalhadores não podem receber salários estimulantes, e o governo suga a pouca riqueza disponível para sustentar a máquina pública e o salário de seus funcionários, os quais são retirados da iniciativa privada.

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*Ubiratan Jorge Iorio é economista, Diretor Acadêmico do IMB e Professor Associado de Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). 
Leandro Roque é economista e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

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