segunda-feira, 26 de junho de 2023

A História da (in) felicidade – Richard Schoch - Leitura Recomendada


 “Somos o homem que se recusa a ficar na praça e levar tapas. Como ele, não podemos imaginar como nos tornar felizes”.


Não, não se trata de mais um livro de autoajuda que promete a busca da felicidade através de fórmulas rápidas e mágicas engana trouxas e propostas por couches oportunistas de plantão, muito pelo contrário. Richard Schoch é professor de História da Cultura na London University e também é diretor da graduação em Ciências Humanas e Sociais. Em “História da (in) felicidade”, o autor mapeia o tema da felicidade tão caro aos seres humanos, partindo desde os primórdios da humanidade até os dias atuais nos quais a felicidade perdeu o seu sentido original a tal ponto de ser banalizada em prazeres imediatos e fugazes.

Schoch discorre totalmente em sentido contrário dos autores de autoajuda e através de vasto estudo e ampla pesquisa, ele demonstra que a felicidade sempre foi compreendida no contexto de crenças religiosas (e até mesmo místicas) e um tema estudado profundamente pela Teologia e Filosofia. Felicidade não é um conceito único, cada pessoa depende de sua cultura e de suas crenças para alcança-la, além de ela estar sempre indissociável da transcendência espiritual.

A percepção da felicidade é analisada através de quatro perspectivas: Felicidade e Prazer (Epicuristas e Utilitaristas); A Conquista do Prazer (Hinduísmo e Budismo); A Transcendência Espiritual (Cristianismo e Islamismo) e Sofrimento (Estoicismo e Judaísmo).

Uma galeria de grandes pensadores que se debruçaram sobre o tema “Felicidade” são fartamente citados nessa obra, entre os quais: Cícero, Epicuro, Marco Aurélio, Aristóteles, Al Ghazali, Tomás de Aquino, Jeremy Bentham, John Stuart Mill, etc. Cada um deles mergulhou profundamente em algum momento de suas vidas sobre a percepção da Felicidade.

Buda, por exemplo, ensinava os oito passos (caminho óctuplo) para se atingir o nirvana; o sufismo (o lado místico do Islamismo) entendia que a felicidade só podemos encontrar no “encontro consigo mesmo”, e isso é demonstrado no belíssimo e famoso poema “A Conferência das Aves”, escrito no século XII pelo escritor persa Fariduddin Attar; o filósofo estoico Epicteto ensinou que “a felicidade é a virtude da indiferença para com qualquer coisa que esteja além de nosso controle”.

Vejamos um pequeno trecho do livro:

“Numa cultura que preza pelos efeitos imediatos, dificilmente parecerá valer a pena cultivar pacientemente a percepção de uma realidade mais elevada. Queremos felicidade, porém a queremos agora”.

Portanto, temos em mãos um livro que mapeia historicamente e culturalmente a percepção da felicidade pelos povos através dos tempos. E uma prestimosa lição que podemos absorver dessa leitura talvez seja um pouco indigesta para alguns. É que a Felicidade não é algo que se encontra disponível para qualquer pessoa no momento em que ela queira, pois para alcançá-la é preciso antes atravessar caminhos espinhosos, os estoicos denominavam esses caminhos de sofrimento, (in)felizmente.


segunda-feira, 19 de junho de 2023

EAD - formação profissional a um clique do seu mouse



A questão da formação profissional e da empregabilidade em cidades do interior dos estados já deixou de ser um sério problema.  Até pouco tempo atrás nessas cidades, não existiam escolas de formação profissional e vagas de emprego para absorver todos os seus residentes. Os jovens deixavam suas cidades para estudar, obter formação profissional e arrumar trabalho nas capitais. A internet mudou radicalmente essa história porque atualmente ela está presente nos mais distantes rincões do Brasil. Ela trouxe as instituições do Ensino à Distância-EAD e a possiblidade do trabalho remoto ou virtual.

A mudança dos jovens das cidades do interior para as grandes capitais com os propósitos de estudo/formação e também de trabalho já não é mais atrativa nos dias atuais. Na verdade essa mudança de cidade sempre teve o seu lado traumático, pois a distância da família, dos amigos e das raízes culturais é uma experiência bastante dolorosa que o jovem sente na alma. Muitos desistem no meio do caminho e retornam frustrados para suas cidades.

Residir atualmente nas capitais ou mesmo nas grandes cidades, ditas metrópoles que ficam no entorno das capitais é uma experiência bem diferente do que era até alguns anos atrás. Os altíssimos custos com alimentação, moradia, mensalidade da faculdade, materiais de estudo e despesas pessoais são absolutamente inviáveis, ainda que o jovem arrume um emprego ou bico provisório e os pais enviem um plus financeiro para completar o orçamento.

Mas não é só isso, atualmente a alarmante falta de segurança e a consequente violência que permeiam as grandes metrópoles são assustadoras. A segurança oferecida pelo Estado é absolutamente ineficiente e precária. O próprio ambiente universitário se tornou tóxico, um reduto de traficantes, drogados e militontos, beócios deslumbrados com ideologias nefastas que nada agregam ao conhecimento, sobretudo nos cursos na área de Ciências Humanas e Sociais, embora o vírus dessas ideologias gnósticas já tenha também contaminado as áreas de Ciências Exatas e das Ciências Biológicas e da Saúde.

Os cursos oferecidos pela modalidade EAD estão disponíveis nos mais diversos campos profissionais. São mais de 100 cursos que abrangem desde os cursos livres de curta ou média duração (que trazem uma formação profissional praticamente imediata); cursos técnicos e cursos de formação superior, todos reconhecidos pelo MEC e oferecidos por instituições de ensino muito bem conceituadas no mercado.

De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira-INEP, o EAD cresceu 474% em uma década. A cada ano, a oferta de desses cursos só tende a aumentar. O último censo registrou que as instituições privadas ofertaram 96,4% das vagas e a rede pública foi responsável pela oferta de 3,6% das vagas. Obviamente que nos cursos nos quais se exigem a presença dos estudantes, como é o caso de Medicina e outros cursos que requerem trabalho em laboratório a opção pelo ensino à distância não é possível. Por enquanto, isto porque essa realidade tende a mudar a médio ou mesmo a curto prazo.

Isto posto, após a formação profissional, obter um emprego pela modalidade remota (Home-Office) é praticamente líquida e certa. Dependendo da profissão, de uma cidade no sul ou no norte do país é possível prestar serviços para qualquer cidade do Brasil. E melhor, perto da família, dos amigos, das suas raízes culturais e usufruindo de dois itens, atualmente caríssimos e inacessíveis para quem reside nas capitais: segurança e qualidade de vida.

segunda-feira, 12 de junho de 2023

Adjetivos compostos: as cores*




Por Maria Tereza de Queiroz Piacentini

"Ao falar das cores, em primeiro lugar é preciso dizer que há duas classes gramaticais que as designam: o adjetivo e o substantivo. Se digo as toalhas amarelas, estou usando amarelas como adjetivo; se falo a pasta rosa, estou usando um substantivo para indicar a cor da pasta, pois rosa é nome de flor. 

Vejamos algumas das cores que são realmente adjetivos, com o respectivo plural: amarelo/amarelos, azul/azuis, branco/brancos, marrom/marrons, preto/pretos, roxo/roxos, vermelho/vermelhos, verde/verdes.

Além das cores em si, são também adjetivos os vocábulos claro, escuro, castanho, que têm o plural claros, escuros, castanhos. Rosa, laranja, violeta, açafrão, cinza, gelo, areia, vinho, ferrugem, entre outros, são elementos que emprestam seu nome a uma cor para precisar uma de suas tonalidades. São originalmente substantivos; transformam-se em adjetivos por derivação imprópria. Neste caso, ficam invariáveis: vidros laranja, luvas canário, paletós creme, saias cinza, paredes malva, tons pastel. Pastel aqui não se refere à comida, e sim uma planta crucífera (isatis tinctoria) cultivada no sul da França na Idade Média e muito valorizada porque sua tinta corante permitia “obter azuis indeléveis, violetas, verdes e pretos inigualáveis”. O comércio do pastel entra em declínio quando o índigo – substância extraída do indigueiro e que serve para tingir de anil – começa a tomar conta do mercado europeu no século XVI.

Cores compostas

Também as cores podem formar palavras compostas. A propósito delas, devemos registrar que;

I – Fica invariável o composto quando um dos elementos é uma cor derivada de um substantivo:

 O colar tinha três grandes pedras azul-turquesa de valor incalculável.

São verde-oliva os uniformes do exército.

Os canários mais bonitos da exposição eram amarelo-ouro e cor de abacate.

Usou tons rosa-claro e verde-musgo na decoração da sala.

Gosto de ternos pretos mas prefiro os cinza-chumbo.

São famosos seus olhos violeta-escuro.

II – Só flexiona o segundo elemento quando os dois são originalmente adjetivos (como em qualquer caso de adjetivo composto):

Tinha a tez pálida e os lábios vermelho-claros.

Fez o retrato falado de um moço com olhos pretos, barba rala e cabelos castanho-escuros.

A gravata tem listras bordô e verde-claras.

Exceções

Azul-marinho e azul-celeste ficam invariáveis apesar de marinho e celeste serem adjetivos. Diz-se, pois: uniformes azul-marinho e mantos azul-celeste.

O plural de infravermelho é infravermelhos – varia como qualquer adjetivo. Já ultravioleta é adjetivo de dois gêneros e dois números por causa da palavra violeta, que como vimos é invariável:

Os raios ultravioleta e infravermelhos são necessários à vida".

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Excerto extraído do capítulo II, do livro "Manual da Boa Escrita - vírgula, crase, palavras compostas", de Maria Tereza de Queiroz Piacentini, editora Lexicon, 2015-RJ

 

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Você sabe como pedir aumento salarial da forma correta?




Todo funcionário em algum momento de sua trajetória profissional sentiu que era hora de pedir um aumento salarial. “Estou precisando de um aumento”, é uma frase que ouvimos nas empresas entre colegas praticamente todos os dias. Os motivos que levam o funcionário a reivindicar esse aumento podem ser os mais variados possíveis: dívidas financeiras, aumento do preço dos bens de consumo, reajuste de aluguel ou da prestação do imóvel próprio financiado, um filho que vem chegando e obviamente, um reconhecimento pelos serviços prestados e por acreditar ser um bom colaborador.

Muitos trabalhadores costumam confundir aumento salarial com reajuste salarial, porém são situações diferentes. O reajuste salarial está previsto no artigo 611 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, através de Convenção Coletiva de Trabalho que poderá ser anual ou bienal, dependendo da categoria profissional a qual o trabalhador está enquadrado. Já o aumento salarial poderá ocorrer em razão de algumas situações específicas tais como, promoção, mérito, substituição, efetivação do funcionário após o período probatório, transferência de local de trabalho e até mesmo por uma solicitação do próprio funcionário.

No caso de aumento por solicitação do funcionário, obviamente que a situação é mais delicada e desconfortável. Normalmente ela é feita de maneira errada sendo que, a resposta da empresa é quase sempre o indeferimento do pedido deixando o funcionário frustrado e desmotivado. Na verdade, a solicitação de aumento salarial deve ser muito bem planejada estrategicamente. Aqui seguem algumas regras básicas e pontuais que o funcionário deve cumprir antes de solicitar o seu aumento salarial:

- Estar atento se a saúde financeira da empresa encontra-se estável. Se a empresa estiver passando por uma fase de corte de gastos internos, demissões, extinção de departamentos, enxugamento de insumos, não é uma boa hora para pedir aumento. Neste caso o funcionário deverá aguardar o momento em que a situação seja mais favorável.

- O pedido de aumento nunca deve ser feito próximo à data base de reajuste salarial. Por exemplo, se a data de reajuste da categoria ocorre todo dia 1º de Março de cada ano, o pedido de aumento terá mais chance de ser aprovado se ele for solicitado nos meses de Setembro, no máximo Outubro. É sempre oportuno contar 6 a 7 meses entre o período do reajuste anual.

- E agora, a regra mais importante: ter sempre em mente que aumento salarial,  produtividade e resultados são termos que andam juntos, inseparáveis e de mãos dadas. E é justamente a partir desse ponto que o funcionário irá montar um plano de proposta de aumento da seguinte maneira:

O funcionário vai escrever num caderno ou digitar um rascunho de todos os seus resultados positivos nos últimos doze meses, por exemplo: o aumento de produtividade de sua equipe (caso seja um supervisor ou gerente), formulários criados que ajudaram a agilizar a comunicação entre departamentos, exibir o percentual do aumento nas vendas, a adesão de novos clientes, percentual de redução de gastos e despesas, criação de rotinas que contribuíram para a redução de erros e melhorou a comunicação entre departamentos, etc. Nada deve passar batido, todo resultado positivo deve ser anotado. E quanto deve ser o valor do aumento? Recomendo que se pesquise nas plataformas específicas que sempre mantém atualizados os cargos e salários comparativos nas diversas regiões do país.

Feito isso, passar a limpo e elaborar um formulário criado no Excel com os respectivos gráficos coloridos, percentuais, etc. de tudo o que foi rascunhado. A apresentação desse documento deve ser impecável e esteticamente atraente. Depois será impresso (em duas ou mais vias) e colocado numa pasta planilha. Depois é só agendar um horário de reunião com o supervisor imediato ou se for o caso, diretamente com o sócio proprietário para tratar do assunto. Não recomendo o uso de slides ou PowerPoint, isto porque dificilmente o diretor terá tempo para assisti-los.

Todo esse processo meticuloso ainda não quer dizer que o aumento será concedido, entretanto, fazendo dessa maneira, ou seja, expondo dados concretos de resultados positivos mediante um relatório bem elaborado com gráficos e percentuais, as chances de aprovação aumentarão exponencialmente. Mesmo assim se não ocorrer nenhum aceno positivo seja de aumento, de promoção ou outra contraposta é hora de procurar outro emprego.

O que tem que ficar bem claro é que nunca se deve pedir aumento salarial usando como argumentos o aumento das despesas pessoais ou por ser um funcionário pontual que nunca falta, não chega atrasado, trabalha nos feriados, sábados, domingos, etc., pois são argumentos fracos que nunca justificarão um aumento salarial. O que justifica, é bom reiterar aqui, são os resultados obtidos, as atitudes e ações criativas que fizeram com que esse funcionário fizesse a diferença alinhado com a cultura e a missão da empresa. Lembrando mais uma vez que não se pode falar em aumento salarial sem citar as duas palavras que fazem milagres: produtividade e resultados.

 

Organização, Gerenciamento de Tempo e Produtividade

Matriz de Eisenhower Não existem mágicas, truques, macetes ou segredos, o que existem sim são métodos, técnicas e ferramentas bem estudadas ...