segunda-feira, 25 de julho de 2022

Influenciador digital é profissão sim!



Influenciador digital ou digital influencer, quem disse que essa atividade não é profissão? O pior é que muita gente equivocadamente diz por aí que não reconhece o influenciador digital como profissão acreditando que somente quando há regularização estatal para que tal atividade (ou qualquer outra) se torne profissão. Um absurdo desses é de uma ignorância sem precedentes por parte de quem está afirmando. Afinal, como surgem as profissões? Vejamos:

Primeiramente, a palavra profissão deriva do latim, “professio, onis” com o sentido de professar, ensinar. Ora, e o que o influenciador digital faz senão ensinar e direcionar os seus seguidores na escolha de determinados produtos ou serviços? Por isso ele também pode ser chamado de influencer marketing. Ele pode até ser formado em outra profissão, por exemplo, uma esteticista passando dicas e orientações sobre maquiagem.

As profissões podem surgir tanto pela demanda das pessoas que desejam consumir determinados produtos, bens, serviços, bem como pela própria iniciativa de quem teve uma ideia nova para atender tais demandas para atuar no mercado, são os chamados trendsetters ou criadores de tendências.

O termo influenciador digital começou a ser popularizado aqui no Brasil por volta do ano de 2010 através das redes sociais, principalmente o Youtube. Garotas dando dicas de maquiagem, análises de produtos de beleza, dicas de perfumaria, vestuário, etc. Hoje temos um leque infinito de opções que atende a todos os gostos, do mais simples ao mais exótico possível. Vejamos apenas alguns exemplos:

Viagens: deseja visitar ou mesmo morar em algum país? os influenciadores vão lhe dar todas as informações possíveis sobre qualquer país que seja.

Comprar notebook ou smartphone: os influenciadores vão lhe passar todas as informações sobre as vantagens e desvantagens sobre as marcas de cada aparelho.

Informação sobre produtos de beleza: aqui as possibilidades são infinitas, centenas de influenciadores vão lhe passar todas as informações sobre esses produtos. Moda e vestuário é outro segmento muito bem frequentado pelos seguidores.

Literatura: encontramos nesse segmento diversos influenciadores analisando e até mesmo resenhando clássicos da literatura, bem como, romances policiais, autoajuda, infantis, etc. O influenciador sempre vai indicar a melhor edição, o melhor preço, etc.

Além desses, diga-se de passagem, que são os mais acessados, a opções são infinitas, tais como, botânica, filmes, artes plásticas, tarot, mangás, games, jogos de tabuleiro, informática, navegação, aviação, carros, os interessantíssimos Study Vlogs (motivação, estude comigo), na minha opinião um dos melhores temas dos influenciadores. Enfim, não há o que se procure que não vamos encontrar um influenciador que se disponibilizou a tratar sobre o tema em seus canais.

Os influenciadores são remunerados (alguns muito bem remunerados) de acordo com a monetização de seus canais ou bloggers. Essa monetização acontece em razão do número de inscritos, likes, compartilhamento e patrocínio de anunciantes. Na verdade, hoje o influenciador digital está em pé de igualdade com celebridades/artistas que antigamente eram os garotos propaganda de um determinado produto. E sim, o influenciador é uma poderosa ferramenta de marketing para as empresas, sobretudo aqueles que contam com milhões de inscritos.

Naturalmente que aquele que estiver melhor preparado no tema que se propôs criando enorme empatia com o público terá um número robusto de seguidores. Estes saberão identificar e selecionar aquele influenciador que melhor se comunica oferecendo conteúdo de qualidade com confiança, segurança e clareza.

Influenciador digital é mais uma profissão que provou que CLT, contrato assinado, cumprimento de jornada de trabalho, legislação trabalhista de nada valem. E que nenhum deles caia na ilusão do reconhecimento e regularização da profissão pelo estado, isso só vai criar barreiras, obstáculos e reserva de mercado para quem o estado decidir quem deverá atuar como influenciador digital. Significará também a perda de mais da metade de seus ganhos através de impostos.

Portanto, que fique bem claro, não é o Estado que cria profissões, ele cria sim infinitos obstáculos para exercê-la. As profissões surgem no livre mercado de acordo com a oferta e a demanda. O influenciador digital é uma dessas profissões que já está consolidada por se tratar de uma profissão libertária por excelência que não depende do Estado e assim sendo, ela é legítima, bela e moral.


terça-feira, 19 de julho de 2022

Leitura recomendada: Michael Kohlhaas – Heinrich von Kleist

Título: Michael Kohlhass
Autor: Heinrich von Kleist
Tradução: Marcelo Backes
Editora: Civilização Brasileira
Páginas: 172

"Nada lhe desagradava mais no governo com o qual era obrigado a lidar do que a aparência de justiça que este fazia questão de demonstrar, quando na verdade violava a anistia que lhe havia concedido..."


“Michael Kohlhaas é uma das maiores novelas da literatura universal. Franz Kafka disse que era seu livro favorito, que se sentia “parente consanguíneo” do personagem de Heinrich von Kleist, e que a obra o teria incentivado a se tornar escritor.

Michael Kohlhaas é um comerciante de cavalos da Alemanha, no século XVI. Sua vida é pacata e próspera, até que lhe acontece uma desgraça: um homem poderoso, o barão Wenzel von Tronka, se apodera de dois de seus cavalos e os submete ao trabalho desgastante na lavoura. Sem conseguir reaver os animais, Kohlhaas se vê obrigado a buscar o que é seu por direito, e se depara com um Estado falho e corrupto, que impõe a ele uma série de humilhações, em meandros burocráticos kafkianos. É então que vemos crescer um personagem incrível – Michael Kohlhaas se transforma em um guerreiro obsessivo, um dragão em busca da justiça a qualquer custo. Messias do apocalipse, ele recorre ao terror para fazer justiça, e se mostra justo ao praticar atos terríveis, bailando entre a busca de uma modernidade equitativa que aponta para o futuro e a barbárie do embate homem a homem, anterior às primeiras leis, que favorecem apenas a nobreza abastada.

Michael Kohlhaas é uma porta aberta à interpretação, ampla e evasiva. As contradições são extremas, e todo mundo lê no herói o que quer, insere no texto a ideia que melhor lhe aprouver. Mais do que qualquer outra, Michael Kohlhaas é uma “obra aberta”, um palco em que qualquer um se julga no direito de fazer dançar suas próprias ideias, por mais absurdas que sejam".

Meu comentário: A edição original desse clássico da literatura foi editada no século XIX no ano de 1810. Uma obra perturbadora que revela a impotência, bem como a coragem e a luta de um homem em busca de seus direitos diante de um Estado absurdamente tirânico, ineficaz, corrupto e no qual uma claque de burocratas burlescos nunca tem nada a ver com nada, pois sabe ela que essa luta já tem um vencedor, a saber, o próprio Estado. Estamos no século XXI, no ano de 2022 e nada mudou, ou seja, o que temos não é justiça, apenas uma aparência dela provando que o Estado sempre foi e continuará sendo o nosso mais feroz inimigo.


segunda-feira, 11 de julho de 2022

Círculo de oração no ambiente de trabalho. Como lidar com a questão



Esse é um tema muito delicado, complexo e que costuma ferir suscetibilidades. Alguns empregadores ou mesmo supervisores e gerentes têm por hábito antes de iniciar as atividades de trabalho, reunir a equipe e fazer um círculo de oração. Esse hábito pode constranger colaboradores que, em caso de se negarem a participar poderão sofrer represálias e perseguições. E o que diz a legislação trabalhista a respeito?

Bem, a legislação trabalhista não diz nada a respeito, nem proíbe e nem permite. Alguns dirão que o ambiente de trabalho não é local propício para cultos e orações, outros dirão, aqueles mais religiosos, que uma forte oração visando a proteção divina de quem quer que seja cabe em qualquer lugar, inclusive no ambiente de trabalho.

Vamos ver então o que diz a Constituição Federal/88, no artigo 5º, inciso VII:

VII - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e às suas liturgias.

O que diz o artigo 18 da Declaração Universal de Direitos Humanos:

“Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião: este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.”

Pois bem, há alguns anos atrás acompanhei um caso de um proprietário de uma loja de enxovais, cama, mesa e banho que logo pela manhã antes de abrir as portas, fazia um círculo de oração com as vendedoras. Algumas delas se sentiram constrangidas a participar da roda de orações, se negaram a participar, moveram ação trabalhista por danos morais e alegaram perseguição por parte do empregador. Neste caso específico, as empregadas perderam em primeira instância, recorreram e perderam na segunda também. Porém, temos novidades, pois nem toda ação dessa natureza termina assim.

O Tribunal Regional do Trabalho-TRT -3ª Região-Minas Gerais condenou no ano de 2020 uma empresa a pagar indenização por danos morais a uma empregada que se negou a participar da corrente de oração todas as manhãs, razão pela qual acabou sofrendo perseguição de seus superiores. Testemunhas e documentos probatórios provaram as perseguições.

Entendo que cada caso é um caso a ser analisado e, por conseguinte não posso ser contra nem a favor de empresas que reúnem seus colaboradores todas as manhãs para um círculo de orações. Ser contra ou a favor em questões delicadas como essa em tela acaba tornando o debate muito rasteiro e as coisas não funcionam desse jeito. Apenas não vejo como uma oração poderá danificar a moral de alguém, a não ser que o empregado sofra represálias por declinar de participar do circulo.

Como lidar com a questão.

A empresa que adota esse procedimento de orações pela manhã durante o Diálogo Diário de Segurança (DDS) quer seja pelo proprietário ou por seus supervisores, deve agir com transparência logo no processo de seleção. O recrutador deve perguntar ao candidato se existe por parte dele alguma objeção em participar de um círculo de orações todas as manhãs. Além disso, é importantíssimo constar no Regulamento Interno uma cláusula na qual o empregado aceite facultativamente a participar das orações. Essa cláusula deve ser de natureza facultativa. Lembrando também que a Justiça do Trabalho se questionada poderá anular cláusulas de um regulamento interno que ela julgar abusivas. Entendo que esse tipo de cláusula não tenha caráter abusivo por se tratar de adesão facultativa, além disso a empresa nada escondeu, agiu com total transparência e o funcionário já estava ciente desde sua admissão.

O Estado laico

Invocar a condição do Estado laico não cabe na questão em comento, pois existe uma confusão dos diabos sobre isso. Grosso modo, Estado laico não é Estado ateu, mas aquele que justamente defende e a liberdade religiosa e até mesmo a falta dela.  A história do Estado laico remonta aos tempos e a primeira pessoa que tratou da questão ao separar religião de Estado foi justamente o próprio Jesus Cristo e não poderia ser outro.



segunda-feira, 4 de julho de 2022

Padeiro é uma profissão em extinção?


Profissões surgem e desaparecem com o passar do tempo conforme a demanda popular. E ao que tudo indica, a tão necessária e uma das mais antigas, a profissão de padeiro está em vias de extinção. Não que não haja demanda por esse profissional, pelo contrário, acontece que um fenômeno que vem ocorrendo é que as padarias tradicionais estão fechando, desaparecendo e junto com elas os nossos estimados padeiros. As que fecham são para sempre e simplesmente não abrem novas padarias em substituição àquelas.

Nos últimos dez anos, padarias tradicionais foram encerrando as atividades paulatinamente e a peste chinesa acabou jogando uma pá de cal nas que resistiram bravamente. Acredito que um duro golpe que nocauteou os padeiros foi a substituição destes pelos indefectíveis e intragáveis pães prontos industrializados e congelados. Qualquer quiosque de bairro que invista num forninho xing ling adquire esses pães congelados industrializados para assar e que têm sabor de farinha azeda mofada e em nada se parecem com o nosso tradicional pãozinho francês. Será que essa troca vale a pena? Quanto custa afinal um padeiro?

O salário médio de um padeiro varia entre R$ 1.600,00 reais até R$ 3.000,00 reais para uma jornada de 6 ou até 8 horas de trabalho dependendo do porte do estabelecimento. E nas padarias que não contam com um confeiteiro, o padeiro também poderá confeccionar bolos, tortas, roscas, pudim e diversos tipos de doces. Mas será que comprar pães prontos congelados em grande quantidade é melhor opção do que contratar um padeiro? Para os proprietários atuais parece que sim. Vejamos:

Até há alguns anos atrás as padarias eram dirigidas exclusivamente por portugueses, italianos e libaneses, todos com tradição e enorme expertise em panificação e confeitaria, isso é fato incontestável. O pãozinho francês dessas padarias tinha grife, escolhia-se o pão pelo estabelecimento, um mais crocante o outro mais branquinho, outro mais torradinho, tinha para todos os gostos. A partir do momento em que o brasileiro assumiu o comércio de panificação o caldo entornou, claro que ainda existem raras exceções e bons gestores.  Definitivamente, o ramo da panificação não é o forte dos brasileiros e o ramo de confeitaria, até vá lá, mas também deixa a desejar. Refiro-me precisamente aos gestores do negócio e não aos habilidosos profissionais padeiros e confeiteiros, mas esses infelizmente não têm condições financeiras para abrirem suas próprias padarias.

E com isso sumiram as variedades dos pães. Não se encontram mais nas padarias o pão sovado, de semolina, ciabatta, sacadura, pita, croissant, brioche, etc. Também não se encontram mais alguns produtos tradicionais de padaria tais como, cavaca, chouquette, brevidade, cangalha e até mesmo doces tradicionais como o quindim, bombocado, sonho com creme, bola de rum, etc. Tudo isso desapareceu, pois não tem mais quem os confeccionam. Aquele cafezinho então feito na hora na máquina Monarcha, pode esquecer, hoje ele é feito às 5 da manhã e colocado numa garrafa térmica gigantesca e lá fica esfriando o dia todo, quem quiser se arriscar terá que sorvê-lo frio e com gosto de ranço de pó de café velho.

Isso descreve e revela a falta de habilidade e de tato dos atuais proprietários de padaria. Dia desses entrei numa padaria e o primeiro produto em destaque que vi logo na entrada foi uma caixa de sabão em pó e variados produtos de limpeza no entorno. Do outro lado um painel com sandálias tipo havaianas em promoção, fones de ouvido e capinhas de celular. Lá no fundão mal iluminado estava o que talvez pudesse se chamar de padaria. E pasmem, não tinha pão, a fornada dos congelados sairia somente no final da tarde. Café, só o geladão da garrafa térmica. Mas não faltavam chinelas nem produtos de beleza.

É muito raro hoje encontrarmos uma nova padaria, nas grandes capitais algumas tradicionais e bem dirigidas ainda resistem bravamente. Falta know-how para quem hoje se aventura a assumir uma padaria. Pessoas que vêm de profissões diferentes nem pensam em pesquisar, estudar, fazer um curso de capacitação em panificação antes de abrirem a empresa. Montam a padaria de qualquer jeito, enchem de bugigangas que nem de longe lembram uma padaria. Contratar um padeiro? Para que se é possível comprar pães prontos congelados e azedos para assar num forninho xing ling? Qualquer funcionário pode fazer isso. E com certeza no final da tarde não haverá mais pão nem padeiro para fazer uma nova fornada. No entanto se o freguês quiser um par de chinelas é só procurar a padaria mais próxima, com certeza ele encontrará de cores diversas para todos os gostos, afinal quem disse que hoje padaria vende pão?



Organização, Gerenciamento de Tempo e Produtividade

Matriz de Eisenhower Não existem mágicas, truques, macetes ou segredos, o que existem sim são métodos, técnicas e ferramentas bem estudadas ...