segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Filme recomendado: 16 Quadras (Mensagem a Garcia)


“Eu tentei fazer uma coisa boa” (Jack Mosley)

Às vezes alguns filmes classificados no gênero ação/policial acabam passando batidos das análises das relações de trabalho. É o caso desse magnífico filme, “16 Quadras" (2006), dirigido pelo saudoso diretor Richard Donner (Máquina Mortífera) cujo tema central envolve ética, caráter, dedicação profissional, redenção, amizade, mudança de comportamento (sim, as pessoas podem mudar), coragem nas tomadas de decisões que podem mudar a vida do profissional para sempre. Ainda que tal mudança possa custar caro.

Mensagem a Garcia

Coincidência ou não, mas o filme ilustra muito bem algo que é bastante divulgado nos cursos de administração que é a famosa Mensagem a Garcia. Grosso modo, Mensagem a Garcia é um ensaio escrito em 1899 pelo escritor e editor Elbert Hubbard e que foi traduzido para mais de 37 idiomas. Trata-se de uma exaltação a pessoas diligentes e com autonomia para executar tarefas e cumpri-las mesmo diante de adversidades de todos os tipos. Foi o que fez o policial Jack Mosley. O spoiler aqui é necessário. Sim, Jack cumpriu a missão que lhe foi dada e o preço saiu caro.

O argumento do filme

O policial Jack Mosley (Bruce Willys) recebe a missão de conduzir o preso Eddie Bunker (Mos Def) até o fórum central no qual Eddie vai prestar depoimento. Do presídio até o fórum são 16 quadras. E o trajeto que seria feito em apenas 15 minutos se transformou em duas horas de pesadelo para ambos sendo caçados pelas ruas por toda a polícia daquele distrito.

Perfil dos protagonistas

Jack Mosley (Bruce Willys na sua melhor e magistral performance na minha opinião) é um policial alcóolatra com um aspecto cansado, mal humorado e enfadonho, parece estar sempre embriagado. Porém, as expressões de seu rosto revelam sagacidade, experiência e inteligência. Fala pouco e age mais, toma decisões rápidas, precisas e improvisa com o que está disponível. Responde as perguntas de Eddie com o que conhecemos por “silêncio incômodo”.

Eddie Bunker (em grande performance do rapper Mos Def) é o oposto de Jack. É muito engraçado, um falastrão, otimista, carrega um caderno com receitas de bolos, tem como objetivo mudar de vida e abrir uma confeitaria em Seattle. Fecha um contraste perfeito em relação a Jack Mosley e confere uma leveza ao peso da trama. Os diálogos entre os dois são impagáveis e já valem o filme.

A missão

O policial Jack Mosley não estava em serviço naquela manhã e como ele pernoitou trabalhando já estava indo embora quando foi chamado pelo seu superior. Este pediu a ele que conduzisse um preso (Eddie Bunker) até o fórum local, perto dali. De início Jack relutou, mas acabou aceitando muito a contra gosto. No caminho Jack foi muito apático com Eddie e praticamente ignorou a tagarelice de Eddie que não parava de falar.

A emboscada 

Jack, alcóolatra que era, para no meio do caminho e desce do carro para tomar um trago num bar. Ele deixa Eddie algemado no banco de trás. Enquanto Jack está no bar, dois marginais cercam o carro para eliminar Eddie. Ouve-se um disparo e lá estava Jack, firme, com um olhar perturbador e com a arma em punho. Ele eliminou o marginal antes que este atirasse em Eddie. E foi a primeira vez, entre tantas outras que Jack salvou a vida de Eddie. Jack logo compreendeu que Eddie estava na mira de alguém e não se tratava apenas de um ladrãozinho que iria depor.

Jack corre com Eddie para um esconderijo, no caso, um bar de um amigo. Lá, Jack pede reforço policial. Quando chega o reforço, um deles é Frank Nugent (também com uma brilhante performance do ator David Morse) ex-parceiro de Jack. Tudo indica que existem assuntos mal resolvidos entre eles. Frank quer que Jack entregue Eddie para ele que a partir dali assumiria o caso. Jack desconfia, mas não fala uma palavra. Então Frank abre o jogo para Jack. Eddie em troca de liberdade e ter a sua ficha limpa vai depor contra Jerry Shue, um policial dos mais violentos daquele distrito. Eddie tinha visto Jerry espancar e torturar um garoto nas quebradas. Se Eddie depusesse, Jerry entregaria os outros policias que faziam parte desse esquadrão corrupto, entre os quais, Frank e o próprio Jack Mosley. Sim, Jack também fez parte desse esquadrão violento.

Uma decisão certa numa hora errada.

Jack nada diz, ou responde com o seu “silêncio incômodo”. Frank acreditando que Jack entregaria Eddie, passa ordem para seus companheiros forjarem uma cena no bar dando a entender que a polícia chegou, Eddie reagiu e acabou então sendo alvejado pelos policiais. E mais vez ouve-se um disparo. Jack, pela segunda vez salva a vida de Eddie atirando na perna de Jerry Shue, policial que estava atrás de Eddie. O seu ex-parceiro Frank ficou atônito, não acreditava que Jack tinha feito isso, salvando a vida de um “ladrãozinho”. E isso muda tudo, agora a polícia ia no encalço não só de Eddie, mas de Jack Mosley também. Jack e Eddie escapam pelas portas do fundo do bar.

A partir daí Jack e Eddie são perseguidos pelas ruas, metrôs, subsolos de edifícios sempre a um triz de serem pegos. Há troca de tiros e Jack é ferido nas mãos e nas pernas. Nessa altura dos fatos, Jack Mosley já sabe que se Eddie depor, ele também será delatado pelos ex-parceiros e mesmo assim ele faz a opção de proteger a vida de Eddie.

Um lance de mestre

Jack e Eddie entram num ônibus cheio de passageiros. A polícia na perseguição atira nos pneus do veículo que acaba ficando inerte numa rua sem saída. Jack e Eddie acalmam os passageiros. A polícia tenta negociar com Jack a liberação dos “reféns”. Jack exige a presença de uma estenógrafa e da promotora de justiça. No entanto, experiente que é, ele sabe com quem está lidando, ele sabe que é fim de linha e jamais a polícia vai atender a sua solicitação. Eles serão eliminados assim que os passageiros forem liberados. Jack tem uma ideia brilhante, um lance de mestre, libera todos os passageiros. Eddie troca de roupa com um dos passageiros e sai do ônibus no meio da confusão. A polícia fica perdida. Jack fica sozinho dentro do ônibus, ele sabe que é o seu fim, então com um gravador portátil ele vai depor ali tudo o que sabe e começa: “meu nome é Jack Mosley, distintivo nº tal, eu tentei fazer uma coisa boa”... Então Eddie no meio da confusão retorna ao ônibus para salvar Jack enquanto a polícia fica sem saber o que fazer. Jack tem um plano b e arranca com ônibus que é metralhado pelos policiais.

O desfecho

Jack e Eddie ainda conseguem fugir. Eddie Bunker foi atingido, sangrava muito. Mas Jack mais uma vez salva a sua vida acionando a sua irmã que era enfermeira policial. Dentro da ambulância Eddie recebe os primeiros socorros, alguns pontos e fica bem. Jack diz a Eddie que ele não vai depor e revela que ele não era um policial legal e que fazia parte desse grupo de policias que Eddie iria denunciar. Porém, Jack libera Eddie para que ele siga o seu caminho para Seattle para então abrir a sua confeitaria finalmente em paz. Jack iria depor em seu lugar e assim o fez. Jack ainda teve que enfrentar uma ríspida discussão com seu ex-parceiro Frank que o espera no subsolo do fórum. Jack sabiamente gravou a confissão de seu ex-parceiro e se apresentou pontualmente à promotora confessando tudo, ou seja, o envolvimento dos policias corruptos, inclusive ele próprio. Em troca, Jack pediu à promotora que limpasse a ficha de Eddie Bunker. Fechado!

Jack pegou dois anos de prisão, não fica claro se ele foi exonerado ou não, mas o que isso importa?  O que importa é que ele cumpriu a missão, protegeu a vida de Eddie, a missão foi cumprida (Mensagem a Garcia). Ele poderia ter entregue Eddie ao seu ex parceiro Frank naquele bar, teve outras oportunidades para isso, mas ele fez a coisa certa, optou pela boa conduta ainda que isso poderia lhe custar a prisão e o emprego, como custou.

Após os dois anos, Jack está com sua irmã e amigos em casa comemorando seu aniversário quando recebe uma encomenda numa caixa, no caso, um bolo. Junto com o bolo, as fotos de Eddie e sua confeitaria cujo nome Eddie batizou de "Eddie & Jack's Good Sign Bakery". Em cima do bolo estava escrito quatro nomes de pessoas que fizeram coisas ruins no passado mas mudaram de vida: Chuck Berry, Barry White, Eddie Bunker e Jack Mosley. Nunca é tarde para se tentar fazer uma coisa boa, mesmo que seja num dia de folga.


segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Classe de enfermagem diante de um novo vírus: o desemprego!




No dia 05 de agosto, entrou em vigor a Lei nº 14.434/2022 que aumentou o piso salarial de enfermeiros, técnicos em enfermagem, auxiliares em enfermagem e parteiras. A lei vale para o serviço público e privado. Essa lei altera a lei original nº 7.498/86 que regulamenta a profissão dessa atividade conforme dispõe o artigo 198 § 5º da Constituição Federal. O presidente da república vetou o artigo que concedia reajuste anual da categoria de acordo com o INPC. Sinto muito informar à categoria, mas essa lei já produziu os seus efeitos deletérios e  nada agradáveis: demissão em massa e desemprego infinito. Vejamos:

De acordo com a lei em comento os pisos da categoria ficaram assim:

Enfermeiro: R$ 4.750,00

Técnico em Enfermagem: R$ 3.325,00

Auxiliares e parteiras: R$ 2.375,00

Então, um enfermeiro vale R$ 4.750,00 reais? Ora, um profissional com vasta experiência e prática nessa área pode valer muito mais que esse piso, pode valer 10 mil reais e ainda é pouco haja vista o ambiente propício à doenças e sujeito à infecções no qual ele trabalha. Mas ele poderia também valer menos, por que não? Um enfermeiro recém-formado sem muita experiência e prática no setor não aceitaria iniciar a carreira ganhando R$ 3.000,00 reais ou até um pouco menos? Mas é claro que sim! Basta uma rápida conversa com um recém-formado que ele vai revelar que toparia trabalhar até por menos e sabe por quê? Porque ele simplesmente quer um trabalho, quer emprego, não está nem aí com piso salarial da categoria.

O piso salarial de qualquer categoria que seja sempre foi algo abjeto nas relações de trabalho e, diga-se de passagem, uma das mais violentas muralhas que barram sem dó nem piedade a empregabilidade. Como pode um grupelho de pessoas (seja de políticos ou de sindicalistas) decidir quanto vale o trabalho individual de cada profissional? Cada profissional sabe muito bem o seu valor no mercado de trabalho conforme a demanda para o setor no qual ele atua. Isso implica o seu tempo de atuação na área, experiência, cursos extracurriculares, idiomas e outros diferenciais. E também não foge à regra inescapável da oferta e procura das leis naturais de livre mercado.

É bom lembrar que o autor desse presente de grego, um golpe muito baixo para a classe de enfermagem foi o senador Fabiano Contarato (PT-ES), repito, PT(!!), ora, mas como não? E a relatora foi a senadora Zenaide Maia (PROS-RN), ambos, acreditem, estão c*gando e andando para qualquer classe profissional, pois o que lhes interessa como sempre são os votos dos incautos. Políticos (sempre eles!) que nada entendem de relações do trabalho. Há que se perguntar: quem paga esses senadores? Somos nós mesmos com os nossos impostos. Faz sentido, não? E quem concede aumento da remuneração desses senadores? São eles próprios, mas não mesmo é uma gracinha? E a remuneração não é pouca, está em torno de 30 mil por mês fora os beneplácitos que se bobear é o dobro da remuneração. Então, por que um ser “iluminado” desses se acha no direito de ditar o piso salarial de uma categoria profissional? Ganha um doce quem responder.

Cada profissional tem as suas peculiaridades como já citei acima e vale a pena reiterar. Leva-se em conta o tempo de formação, experiência, cursos específicos de especialização, etc. Um profissional que acabou de se formar não pode valer o mesmo que um profissional com 15, 20 anos de atuação no setor. O piso de uma categoria acaba nivelando por baixo todos os profissionais que pertencem àquela categoria e o resultado disso é: ganham menos aqueles que valem muito e ganham muito mais aqueles que não valem nada.

A lei foi um golpe fulminante nos hospitais e clínicas particulares e principalmente nas casas de repouso, asilos e lares de idosos e desamparados. Essas três últimas são instituições sem fins lucrativos. Devemos lembrar que a Resolução nº 543/2017 do COFEN determina a obrigatoriedade de um número “x” de profissionais de enfermagem para atuar em hospitais, clínicas e instituições conforme necessidade de cuidado mínimo na proporção de 1 profissional para cada 6 pacientes. Uma instituição com 50 pacientes deverá manter em seu quadro no mínimo 8 enfermeiras. Como manter esse efetivo após essa inoportuna lei? Impossível. E claro, a lei não afetou em nada os enfermeiros concursados, estes têm a estabilidade, no entanto de onde sairá a verba federal para pagá-los? Essa lei virulenta tem que ser revogada imediatamente!

A solução em duas letras: PJ

Essa lei estapafúrdia foi um tiro no pé simplesmente porque ela acabou incentivando a informalidade, ou seja, a pejotização dessas profissões da saúde. Resta aos profissionais demitidos e aqueles que estão entrando agora no mercado de trabalho, abrir uma empresa de prestação de serviços, por que não? E isso até dará maior margem para negociação de horário, remuneração (que poderá ser muito mais do que R$ 4.750,00), adicionais, etc., entre contratante e contratado.

A classe de enfermagem acabou de enfrentar na linha de frente e bravamente uma pandemia, alguns desses profissionais até perderam suas vidas. O trauma ainda se faz presente e mal a pandemia foi controlada acaba de surgir mais um vírus terrível, o vírus do desemprego. Mas contra ele já existe potente vacina, o nome dela é PJ, mais conhecida simpaticamente como pejotização. E agora é a hora de inoculá-la, a imunização é eficaz, não há contraindicação e nem efeitos colaterais. A erradicação desse vírus só acontecerá com a revogação dessa lei. Portanto, vacina de PJ já ou a revogação imediata da Lei nº 14.434/2022.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Caligrafia do candidato importa na entrevista de emprego?


@barbarasstudies -Instagram


O candidato chega todo feliz e saltitante para a entrevista (às vezes não), com as respostas na ponta da língua. Ele pesquisou nos diversos canais e sites das redes sociais que oferecem dicas de como se comportar e o que responder na entrevista de emprego. E então o entrevistador lhe entrega uma folha em branco (e sem pauta!) e lhe diz com um sorriso sarcástico: “preparado para a redação?” Em outro artigo já tratei sobre o dever do candidato estar preparado para uma redação surpresa. Neste artigo o foco não é a redação mas a caligrafia do candidato.

Mas, por que diabo, importa a caligrafia do candidato? Isso tem mesmo alguma importância? Isso revela se o candidato é inteligente ou não? Bem, para alívio do candidato devo dizer que obviamente que a caligrafia não tem peso suficiente para eliminá-lo de um processo de seleção, ao menos que seja uma vaga para amanuense. E sim, ainda existe essa profissão, e que bom que ela existe e ainda resiste. Mas é claro que a caligrafia não define a inteligência de um candidato, pois conheci muitas pessoas inteligentíssimas e excelentes profissionais que mal entendiam o que escreviam tamanho o festival de garranchos que produziam.

A análise da caligrafia nada tem a ver com essa bobagem mística denominada grafologia, coisa de quem não tem o que fazer e que já escrevi a respeito. Infelizmente, ainda hoje algumas empresas ainda levam em conta a análise grafológica do candidato e com isso acabam desqualificando excelentes profissionais. Analisar o candidato pela grafologia é como analisá-lo utilizando um mapa astral ou horóscopo. Como já citei em outro artigo, a sociedade britânica de psicologia inglesa já se manifestou sobre a grafologia definindo que a sua validade é zero para analisar um candidato à vaga, ou seja, a grafologia nunca teve e nunca terá respaldo científico nem metodologia comprovada.

E onde a caligrafia entra nessa questão? Bem, uma caligrafia bem feita, bonita, legível e atrativa não deixa de ser um diferencial que vai atrair a atenção do recrutador. Ela transmite uma agradável sensação de esmero, zelo, capricho, clareza e beleza. As pessoas que têm uma caligrafia bonita normalmente são pessoas com apurada percepção estética e com senso de organização. Gostam de escrever, dão enorme valor à escrita manual além das anotações digitais. Escrever à mão e digitar são tarefas absolutamente diferentes e até opostas, mas isso é tema para outro artigo, o que importa aqui é a beleza da caligrafia.

Acontece que hoje não há mais desculpas que justifiquem caligrafias ilegíveis, garranchos e garatujas. E aqui entram em cena novamente os Study Vlogs, tema de meu último artigo. Há uma centena deles ensinando como ter uma bela caligrafia legível e atraente. Tanto no Youtube, bem como, no Instagram existe uma infinidade de Study Vlogs (Study With Me) que ensinam essa antiga arte da caligrafia. Sim, a caligrafia é uma das mais nobres das artes que remonta aos séculos e teve origem na cultura islâmica. 

Caligrafia afinal significa a arte da escrita bela. O termo vem do grego “graphein” (escrever) e “kallos” (bonito). Existem vários tipos de caligrafia, entre as quais, copperplate, lettering, cúfica, nasji, gótica, cancilleresca (Ex Libris), hiragana, kanji, hanzi (ideograma chinês), entre outras, essas citadas são as mais utilizadas no mundo todo.

Que fique bem claro, nenhum candidato será eliminado do processo de seleção por não ter uma bela caligrafia, embora tê-la é um diferencial, um plus a mais. E de novo, não há mais desculpas para garatujas, escrever com clareza, de maneira legível e compreensível e com um toque de charme e beleza. Possuir uma linda caligrafia está apenas a alguns cliques do seu mouse e com custo zero. E então, está preparado para a redação? E o papel será sem pauta com certeza.


segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Study Vlog e o seu impacto positivo no mercado de trabalho




Em recente artigo escrevi sobre a profissão de influenciador digital, entre a qual se incluem os chamados Study Vlogs. Considero esse segmento um dos mais criativos, brilhantes e importantes que já surgiu no mundo digital, isto porque ele vai refletir e impactar diretamente a carreira profissional de seus autores e naturalmente dos seus seguidores que o tomaram como modelo. Mais adiante veremos os motivos.

A ideia do Study Vlogs (study with me ou estude comigo) surgiu por volta de 2017 na Ásia, precisamente na Coreia do Sul com o termo “gongbang” (uma redução de gongbu bangsong), que significa “transmissão de estudos”, depois no Japão com o termo “benkyou douga” e por fim nos Estados Unidos até se espalhar pelo mundo todo, inclusive no Brasil que já são muitos trazendo conteúdo de alta qualidade. Só não existem nos países onde a internet ainda é controlada e vigiada por Estados totalitários.

O propósito de um study vlog é incentivar e motivar estudantes do ensino médio e universitário que se sentem desmotivados e com muita dificuldade para os estudos. Um dos pontos principais é fazer com que o estudante sinta prazer em desenvolver os seus estudos de maneira aconchegante, agradável e, sobretudo, sem procrastinação.

Tomar gosto pelo estudo começa pela escolha de um local sossegado, tranquilo. O fator estético é fundamental, por isso os estudantes/streamers investem em materiais bonitos e atrativos que comportam diversos tipos de canetas, lapiseiras, ring planners, cadernos inteligentes, pastas de arquivo e claro, um notebook conectado à internet. Muitas empresas patrocinam esses vlogs fornecendo os diversos produtos utilizados. Importante sempre destacar que o ambiente organizado e os materiais de estudo devem convidar o estudante para o estudo. Poderá ter um fundo musical com música apropriada e relaxante ou não, isso fica a critério.

Diversas técnicas e métodos de estudo são transmitidos, tais como, método Kernell, mapa mental, método Robinson (EPL2R), método mnemônico, técnica Pomodoro, como trabalhar com as flashcards, como elaborar um texto acadêmico entre muitas outras. Aprende-se até mesmo como ter uma linda caligrafia em tempo recorde de maneira bem fácil. A maioria desses estudantes tem um padrão de caligrafia bem análoga à caligrafia técnica utilizada por engenheiros, arquitetos e desenhistas. Garatujas nunca mais!

Além disso, aprende-se técnicas de administração do tempo, concentração, motivação e produtividade. Os “likes” e comentários de agradecimento dos seus seguidores são impressionantes, são estudantes (do ensino médio e  universitário) que tiveram suas vidas de estudo mudadas após o contato com os study vlogs e acabaram desenvolvendo o gosto e o prazer pelo estudo obtendo resultados satisfatórios em todas as matérias. Citarei aqui apenas dois:

“Sinto uma sensação de rivalidade quando vejo os streamers sentados estudando e lendo livros por um longo tempo. Sempre que tenho vontade de desistir de estudar recorro ao study vlog e recarrego minha motivação”.

“Sinto-me aliviada quando vejo esses vídeos ao vivo em noites tranquilas e solitárias. Eles me fazem sentir que não sou a única a ficar acordada a noite estudando. Eu nunca os conheci em pessoa, mas eles já se tornaram meus bons parceiros de estudo”.

E como isso terá impacto na carreira profissional de cada um deles?  Simplesmente, trata-se de uma importante e natural etapa preparatória para a entrada no mercado de trabalho, seja em qualquer profissão. Isto porque essas pessoas trazem na bagagem um apurado senso de organização, esmero, concentração, administração do tempo, criatividade, motivação e produtividade, ou seja, as características mais desejadas e muito requisitas no perfil de um candidato.

Portanto, quem tiver condições e criatividade para a criação de um study vlog para incentivar e motivar estudantes, ótima decisão, porém quem não puder não há mais desculpas esfarrapadas, pois falta de motivação para estudar e procrastinar não são mais problemas, a solução está a alguns cliques do mouse ou alguns toques do smartphone. Não procrastinar mais, começar agora, ser um estudante/streamer ou estudar com eles. O resultado será surpreendente, o estudante verá que nunca foi tão gostoso estudar. Estude com eles!

Organização, Gerenciamento de Tempo e Produtividade

Matriz de Eisenhower Não existem mágicas, truques, macetes ou segredos, o que existem sim são métodos, técnicas e ferramentas bem estudadas ...