Tenho o saudável hábito de
passar ao largo de livros de auto-ajuda. Esse gênero de livros só costuma
ajudar mesmo a engordar a conta bancária de quem os escreve às custas dos
incautos que os compram. Por isso o nome “auto-ajuda”. Entretanto, como toda
regra tem a sua exceção, caiu-me nas mãos esse pequeno livro “Como se defender
de ataques verbais”, de Bárbara Berkhan, (Editora Sextante). Devo ressaltar que
não se trata de tanta exceção assim, pois o livro no geral é risível e um tanto
pueril, mas apresenta em alguns momentos, técnicas didáticas e de utilidade no
processo de comunicação das relações interpessoais. Mas assim são os livros de
auto ajuda, a cada cem páginas aproveitamos no máximo meia dúzia delas e olhe
lá.
Então, por que estou
recomendando esse livro? Porque esse pequeno manual de defesa de ataques
verbais cai como uma luva em tempos de? Isso mesmo, caro leitor, se você pensou
em assédio moral, acertou. O livro não tem como foco principal o ambiente
corporativo, nem debater o assédio moral. No geral ele se pretende um manual de
“maneiras inteligentes de se proteger de palavras agressivas”, como está
grifado em seu subtítulo, e apresenta diversos exemplos que ocorrem nas
empresas e que abordam as agressões verbais entre subordinados e chefes e mesmo
entre colegas de departamento. Vejamos um trecho das páginas 71 e 72:
“A
insegurança que sentimos diante da autoridade nos relega a uma posição de
inferioridade, como se fôssemos crianças indefesas. Inconscientemente, nos
sentimos desamparados na frente de grandes e poderosos. Apenas uma análise fria
e cuidadosa do nosso ambiente profissional pode nos libertar. Não somos
crianças, muito menos indefesas. Nosso chefe também é pressionado e precisa
prestar contas aos seus próprios superiores. Mas não há erros que justifiquem
ofender um funcionário. Quando assinamos um contrato de trabalho, estamos
vendendo nossa capacidade profissional, não nossa dignidade.
De
maneira geral, os chefes fracos são os únicos que recorrem à agressão e ao
abuso de poder. Por fraco quero dizer que lhes falta traquejo social. Podem ser
verdadeiros experts em suas áreas, mas não sabem nada de relações humanas. Se
esse tipo de líder se vê cercado de hipócritas e pessoas que só sabem dizer
“sim senhor”, não desenvolve a capacidade de perceber quando passa dos limites
e, assim, humilhar os outros passa a ser normal. Como conseqüência, o
descontentamento dos funcionários aumenta e o moral da equipe cai.”
Pois bem, muito bem
colocado além de dar uns pitacos em alguns chefes lombrosianos que existem por
aí. Nada que um bom treinamento não resolva. O livro ainda coloca algumas questões
interessantes, tais como: “Como você reage a uma crítica maldosa”, “O que você
faz quando ouve uma piada grosseira”, “Usa o silêncio como resposta?”, “Finge
que não ouve e passa o resto do dia irritado?”.
Portanto, eis aqui então
um manual que poderá trazer algumas “armas” de defesa para aqueles funcionários
pusilânimes e sem traquejo verbal, que têm medo de escuro e acreditam ainda em
bicho papão, para aqueles “coitadinhos” que se sentem vítimas do assédio moral,
figura que já faz parte do folclore corporativo.
Caso não dê certo, não
há motivo para frustração, pois, a autora parece ser adepta da filosofia “casa
de ferreiro, espeto de pau”. Nas páginas finais ela confessa que apesar de todo
esse “arsenal” de defesa que ela recomenda em seu livro, levou um passa fora de
uma vendedora mal educada e foi acometida de um branco mental sem saber o que
responder ou como reagir. Foi pega desprevenida e usou o silêncio como resposta
passando o resto do dia irritada. As vítimas do assédio moral vão se deliciar
neste livro no qual autora e leitores se merecem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário