“A liderança diz respeito à vida; no
entanto,muitos locais de trabalho concentram mortos-vivos. Neles, as pessoas
são roubadas de suas energias, de sua vontade, de seu desejo de se superar;
toda criatividade é expulsa, até que se instala a mediocridade, por meio do
conformismo. É por isso que chamei esses lugares de saladeros, palavra que se refere ao local em que empregados
salgavam a carne enquanto imperceptivelmente se excluíam da vida. A tecnologia
de conservação pode ter mudado, mas não o processo de morte lenta.
Contrapus os saladeros à liberdade ilimitada dos gaúchos Fierro e Sombra, que
percorreram o continente tirando lições de liderança e administração a partir
das revoltas populares. Escolhi as revoltas porque podem ser encaradas como
organizações, e optei principalmente pelas do século XX porque elas vieram
antes da “administração científica americana”. Assim pude mostrar como os
latino-americanos costumavam se administrar antes da multinacionais botarem o
pé na região e exigirem conformidade às técnicas de administração estrangeiras,
criadas principalmente através da observação de estrangeiros, e não de gente do
local.
Nem tudo está errado na administração das
multinacionais, mas, apesar de toda conversa moderna sobre a adoção de uma fisionomia
local, suas subsidiárias permanecem estrangeiras. São estrangeiras porque
decisões de investimento, inclusive as relativas à inovação e estratégia, são
tomadas principalmente no exterior, excluindo assim os administradores locais
dos desafios que lhes permitiriam desenvolver ao máximo seu potencial de
liderança. Como resultado, vemos chefes atrofiados que oferecem escassa
inspiração aos administradores mais jovens em ascensão. Essa
situação produz cinismo e falta de empenho entre os liderados, que permanecem
afastados do processo de aprendizagem, gerador da autêntica liderança, e
confinados ao conformismo diante de uma morte lenta, longa e inglória.
Grande parte do mundo empresarial de hoje
acha que manter as pessoas na mira do revólver, fazendo-as se perguntar se
serão as próximas a serem eliminadas, é a forma de extrair o máximo delas. Os
maus chefes não percebem que as pessoas tratadas com desdém não darão o máximo
de si, mas darão de si o mínimo necessário para não serem eliminadas.
Recrutar onde a mensagem empresarial se
encaixa nos desejos dos aspirantes é uma lição que muitos recrutadores
empresariais modernos não entenderam. Tentando imitar o perfil dos funcionários
da sede nas subsidiárias, os recrutadores das subsidiárias concentram seu recrutamento
nos melhores colégios locais, atraindo jovens vencedores que sobreviveram à
batalha mais dura que podiam enfrentar nessa etapa: formaram-se com honra nos
melhores colégios de suas cidades.
No entanto, todo o trabalho que as
subsidiárias têm a oferecer é nos saladeros, mais adequado a quem já está
morto. É por isso que a rotatividade nos saladeros é alta. A maioria das
subsidiárias deveria estar recrutando mais nas escolas menos famosas, quando
não nos pontos de ônibus, onde o que as subsidiárias oferecem é visto como um
prêmio para quem, como os gladiadores, trabalhou sob as mais adversas
condições. Ali algumas competências, como o domínio das línguas estrangeiras e
eventualmente até as boas maneiras, podem ser mais escassas, mas tudo isso pode
fazer parte do treinamento para o trabalho. Talvez seja isso que faz a grandeza
do banco Bradesco, do Brasil. Esse banco concentrou seu recrutamento nas
camadas mais baixas da sociedade, e em seguida alimentou essa força de trabalho
até ela chegar a um nível de eficiência e pertencimento que, para muitos
banqueiros estrangeiros – e ouvi muitos dizerem isso-, se parece mais como uma
seita do que com um conjunto de bancários. O fato é que já encontrei muitos
ex-bancários dirigindo táxis, mas nenhum saído do Bradesco.”
*Texto extráido do capítulo 12 do livro, Fuzilar Heróis e Premiar Covardes - O caminho certo para o desastre organizacional, do professor Alfredo Behrens, editora BEI
Meu comentário: Concordo plenamente com autor na questão do Bradesco. Com certeza o banco que possui os melhores colaboradores em relação aos outros bancos. Isso deve-se muito a uma política de treinamento eficiente e o resultado disso é o excelente atendimento aos seus clientes sejam eles correntistas ou não. Enquanto os outros bancos, vemos funcionários mal treinados, fingindo que estão falando ao telefone, devorando biscoitos em horário de expediente e alguns até se escondendo debaixo da mesa só para não atender o cliente.
*Texto extráido do capítulo 12 do livro, Fuzilar Heróis e Premiar Covardes - O caminho certo para o desastre organizacional, do professor Alfredo Behrens, editora BEI
Meu comentário: Concordo plenamente com autor na questão do Bradesco. Com certeza o banco que possui os melhores colaboradores em relação aos outros bancos. Isso deve-se muito a uma política de treinamento eficiente e o resultado disso é o excelente atendimento aos seus clientes sejam eles correntistas ou não. Enquanto os outros bancos, vemos funcionários mal treinados, fingindo que estão falando ao telefone, devorando biscoitos em horário de expediente e alguns até se escondendo debaixo da mesa só para não atender o cliente.
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