Tinha tudo para ser um bom livro na área de Recursos Humanos não fosse pelas derrapagens risíveis do autor. Mesmo assim, “Fuzilar Heróis e Premiar Covardes – O caminho certo para um desastre organizacional”, do professor Alfredo Behrens, (editora BEI, 274 páginas) é uma prazerosa leitura com foco nos processos de recrutamento e seleção e estilos de liderança corporativa.
O autor tomou como ponto de partida dois protagonistas, heróis gaúchos da literatura: Martín Fierro, personagem do poema de José Hernández e Don Segundo Sombra, personagem criado por Ricardo Güiraldes. São dois clássicos épicos altamente recomendáveis da literatura argentina. Esses dois personagens de idéias e ideais diametralmente opostos, partem juntos em uma viagem pelo continente americano para analisar as revoltas locais observando in off as performances de liderança, erros e acertos de seus respectivos líderes.
A questão é que o professor Behrens se equivoca na escolha de alguns líderes que, pela sua ótica foram verdadeiros heróis. Na galeria desses líderes comparecem: Giuseppe Garibaldi, Pancho Villa, Emiliano Zapata, General Pershing, Cipriano Castro, Gumercindo Saraiva (Revolução Federalista), entre outros não tão conhecidos pela plebe rude carente de pesquisas históricas. Fíerro e Sombra protagonizam calorosos debates, às vezes quase chegando às vias de fato em relação às atitudes e decisões desses líderes se realmente heróis ou covardes.
Além desses líderes, o autor também toma como bons exemplos de lições de liderança, e aqui o professor acerta a mão, os gladiadores, a tourada e os saladeros que são locais em que se salgava a carne para preparação do charque. Trata-se de “uma metáfora para as subsidiárias de corporações internacionais, cuja gestão não se harmoniza com os valores locais.”
O grande alvo mesmo dessas acaloradas discussões de Fierro e Sombra é o sistema equivocado de recrutamento e seleção de muitas empresas, sobretudo do sistema americano de recrutamento. Eis uma passagem: “Os trabalhadores atuam melhor em equipe quando se conhecem e aprenderam a confiar um no outro. O recrutamento deveria levar isso em conta, recrutando por redes de lealdade, na maior parte das vezes definidas geograficamente, no mesmo lugar.” Parece-me uma idéia um tanto quanto provinciana, mas, segundo o autor, esta é a formula de sucesso e que deu certo até hoje em muitas empresas, como é o caso do Bradesco.
Sobre a questão das lideranças também encontramos passagens interessantes, sendo algumas questionáveis: “Os verdadeiros líderes perseveram. Daí que os covardes queiram eliminá-los. Os heróis morrem em emboscadas porque seus inimigos não teriam coragem necessária para enfrentar cara a cara um líder herói." Eu diria que um herói legítimo e líder nato não se deixaria emboscar, sob pena de ser desqualificado como tal. Ou: “O líder precisa ter sensibilidade e capacidade de posicionamento para saber quando o jogo acabou, quando é hora de bater em retirada para salvar a vida de seus homens.” Perfeito, neste caso a debandada seria o remédio amargo quando a missão é salvar a pele de todos.
Não obstante, em relação à alguns heróis e covardes citados os sinais estejam trocados, o livro no geral é divertido e um bom guia altamente recomendado para os profissionais que atuam no setor de Recrutamento & Seleção.
Pena que o autor tenha perdido a oportunidade de citar os fabulosos covardões supostos “líderes admiráveis” do século XX, entre os quais, Carlos Lamarca, Luiz Carlos Prestes, Olga Benário e Che Guevara que se humilhou feito criancinha quando capturado. Ao contrário, este marginal mereceu uma rápida citação positiva e simpática no decorrer do livro. Parece-me que o professor admira a performance de alguns covardes maquiando-os como heróis. Mas no caso de Che, um “herói” que teve o fuzilamento que merecia. Há muitos erros grosseiros de história geral no livro (página 113, ao fazer uma citação equivocada ao Exército brasileiro) e por essas e mais outras, um livro que com certeza mereça ser premiado usando dos mesmos critérios do autor.
Pena que o autor tenha perdido a oportunidade de citar os fabulosos covardões supostos “líderes admiráveis” do século XX, entre os quais, Carlos Lamarca, Luiz Carlos Prestes, Olga Benário e Che Guevara que se humilhou feito criancinha quando capturado. Ao contrário, este marginal mereceu uma rápida citação positiva e simpática no decorrer do livro. Parece-me que o professor admira a performance de alguns covardes maquiando-os como heróis. Mas no caso de Che, um “herói” que teve o fuzilamento que merecia. Há muitos erros grosseiros de história geral no livro (página 113, ao fazer uma citação equivocada ao Exército brasileiro) e por essas e mais outras, um livro que com certeza mereça ser premiado usando dos mesmos critérios do autor.
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