terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Quer ser reconhecido pelo seu trabalho? Esquece isso, seja estoico, seja inabalável



“Não espere que tudo aconteça como você deseja, mas sim como tudo realmente deve acontecer; então sua vida irá fluir bem.” – Epiteto


Por todas as empresas pelas quais passei ouvi queixas de funcionários se lamentando que o chefe ou o próprio empregador não reconheciam o seu trabalho ou dedicação. Ainda hoje ouço essas queixas. Infelizmente para essas pessoas, as respostas que eu tenho para essa questão elas não gostam muito de ouvir, é claro. Na verdade elas queriam declarações de veneração de seus chefes, gostariam de ouvir do empregador, “nossa, o que seria da empresa sem você?” e coisas do gênero. Essas pessoas não entendem que o reconhecimento profissional não se dá dessa maneira. 

Frequentemente tenho contato com profissionais depressivos dizendo que se demitiram ou vão se demitir (mesmo em plena crise!) em razão da falta de reconhecimento dos empregadores pelos seus trabalhos. São pessoas dedicadas, honestas, leais, raramente faltam ao trabalho, fazem tudo certinho, são excelentes profissionais e por essas razões gostariam de um olhar mais simpático ou por parte de seus chefes ou dos empregadores. Esquecem de um detalhe importantíssimo: estão empregadas e ganhando razoavelmente bem! Quando eu as lembro disso já me olham com desconfiança.

Peço a essas pessoas então para definirem o que elas entendem por “reconhecimento de trabalho”, e as respostas são as mais absurdas possíveis, pois carregam uma carga emocional que dificilmente alguém realmente suportaria. Ocorre é que alguns profissionais alimentam uma altíssima expectativa de reconhecimento pelo seus desempenhos cujo feedback do empregador jamais irá satisfazê-los. O profissional sempre acredita na maioria das vezes que ele dá muito mais de si do que recebe em troca. Evidentemente que nem todos pensam assim.

Bem, a relação de trabalho se estabelece através de um contrato de trabalho seja ele tácito ou expresso no qual o empregado oferece um produto, a sua mão de obra ou expertise profissional, e o empregador se obriga a remunerá-lo pelos serviços prestados. Não existem cláusulas contratuais que obriguem o empregador a dar tapinhas nas costas do empregado cada vez que o encontra pelos corredores da empresa, convidá-lo para o churras de final de semana e reconhecer o seu trabalho na forma dos mais diversos elogios ao gosto do empregado. Não, isso não vai rolar, nunca, ainda que o empregador sinta vontade de fazê-lo. Conheço alguns que até o fazem mas isso é bem raro de ocorrer.

Bons líderes têm a vocação de detectar esse tipo de baixa autoestima de seus liderados para então direcioná-los para uma postura mais estoica ou mesmo resiliente. Ao menos que esse tipo de situação ocorra com o próprio líder e daí não podemos deixar de observar que se isso ocorrer fará dele um profissional não habilitado para assumir uma liderança de equipe. O líder deve manter um ambiente cordial e motivador.

Doses maciças de estoicismo resolvem essa questão facilmente. Para quem ainda não conhece essa corrente filosófica, o Estoicismo é uma escola de filosofia helenística fundada na Grécia, em Atenas, por Zenão de Cítio no início do século III A.C. Os estoicos ensinaram que as emoções destrutivas resultavam de erros de julgamento, da relação ativa entre determinismo cósmico e liberdade humana e a descendência de que é virtuoso. Desenvolveu-se como um sistema integrado pela lógica, pela física e pela ética. Um sábio é sempre imune ao infortúnio.  Atualmente o sentido de ser estoico é estar blindado à dor, tristeza, alegria e prazer. As quatro virtudes principais do estoicismo são: Sabedoria, Justiça, Coragem e Moderação.

Podemos afirmar então que o Estoicismo é uma poderosa ferramenta de resiliência, uma poderosa armadura para podermos enfrentar de maneira inabalável qualquer tipo de situação. A literatura ficcional e autobiográfica estão repletas de personagens estoicos, por exemplo: Coragem sob Fogo (James Stockdale), Em Busca de Sentido (Viktor Frankl), O Sono Eterno (Raymond Chandler), O Tufão (Joseph Conrad), O Velho e o Mar (Ernest Hemingway), além das obras dos próprios filósofos estoicos tais como, Epiteto, Sêneca e Marco Aurélio. No cinema também podemos encontrar grandes exemplos de personagens estoicos como, por exemplo, O Sol Nasce Para Todos (personagem: o advogado Atticus Finch), Um Sonho de Liberdade (personagem: Andy Dufresne), Capitão Phillips (personagem: Richard Phillips) e tantos outros. 

Portanto, o reconhecimento profissional pode vir (ou não!) de várias maneiras: através de aumento salarial, promoção, prêmios, bonificações e até mesmo um convite para trabalhar em outra empresa com maior salário. Palavras gentis de reconhecimento? É sempre bom ouvi-las, porém, é de bom senso não esperar por elas, além de não alimentar altas expectativas de feedback do empregador. O bom profissional sabe que é expert no que faz e com certeza o seu empregador também sabe disso. O bom profissional, aquele que faz a diferença sabe que é virtuoso e como diz uma sábia frase do filósofo Sêneca, "a virtude é suficiente para a felicidade". Isso basta, o que vier de ruim atingirá a armadura e se desmanchará no ar.

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