Por Sönke Ahrens
“Quando pensamos que estamos fazendo diversas tarefas, o que realmente fazemos é deslocar nossa atenção rapidamente entre duas (ou mais) coisas. E toda mudança drena nossa habilidade de mudar e atrasa o momento em que tentamos nos focar novamente. Tentar fazer múltiplas tarefas nos cansa e diminui nossa habilidade de lidar comais de uma tarefa.” [...]
“Você precisa externar as suas ideias, você precisa escrever. Richard Feynmann enfatiza isso tanto quanto Benjamin Franklin. Se escrevemos, é mais provável compreendermos o que lemos, lembrarmos do que aprendemos e que nossos pensamentos façam sentido. E se nosso estudo, pesquisa ou trabalho já exige a escrita, por que não usá-la para providenciar os recursos de nossas publicações futuras?” [...]
“Faça uma nota e acrescente-a a sua caixa de notas. Ela a aprimora. Toda ideia acrescenta algo ao que pode se tornar uma massa crítica que transforma uma simples coleção de ideias em um gerador de ideias.” [...]
“Se você não escreveu ao longo do caminho, o cérebro de fato é o único lugar ao qual se voltar. Em si mesmo, ele não é uma escolha tão boa: ele não é nem objetivo nem confiável – dois aspectos muito importantes na escrita acadêmica ou de não-ficção. A promoção do brainstorming como ponto de partida é ainda mais surpreendente porque não é a origem da maioria das ideias: as coisas que você deveria encontrar em sua cabeça através do brainstorming geralmente não tiveram sua origem ali. Ao contrário, elas vêm do exterior: através da leitura, das discussões com outros, através de todas as coisas que poderiam ter sido acompanhadas, e frequentemente melhoradas, pela escrita.” [...]
“Para escrever um bom artigo, você precisa apenas reescrever um bom rascunho; para escrever um bom rascunho, você precisa apenas transformar uma série de notas em um texto contínuo. E como uma série de notas é apenas o rearranjo de notas que você já tem na sua caixa de notas, tudo o que você realmente precisa fazer é ter uma caneta na sua mão quando você lê. Se você compreende o que lê e o traduz para o contexto diferente de seu próprio pensamento, materializado na caixa de notas, você poderá transformar as descobertas e pensamentos dos outros em algo que seja novo e seu.” [...]
“Se nós não tentarmos verificar nosso entendimento durante nossos estudos, gozaremos felizes o sentimento de nos tornarmos mais espertos e eruditos, quando na realidade permanecemos tão tolos quanto éramos.” [...]
“Todas as vezes em que lemos alguma coisa, tomamos uma decisão sobre o que vale a pena escrever e o que não vale. Toda vez que fazemos uma nota permanente, também tomamos uma decisão sobre os aspectos de um texto que vemos como relevantes para nosso pensamento a longo prazo e para o desenvolvimento de nossas ideias. Nós constantemente explicitamos como ideias e informação se conectam entre si e as transformamos em conexões literais entre nossas notas. Ao fazer isso, desenvolvemos aglomerados visíveis de ideias, que estão agora prontas para ser transformadas em manuscritos.” [...]
“O objetivo aqui é criar o hábito de pegar caneta e papel sempre que lemos alguma coisa, de escrever os aspectos mais importantes e interessantes. Se conseguirmos estabelecer uma rotina nesse primeiro passo, torna-se muito mais fácil desenvolver a urgência para transformar essas descobertas em notas permanentes e conectá-las a outras notas na caixa de notas.
A Caixa de Ferramentas
“Nós precisamos de quatro ferramentas:
- Algo com o que escrever e sobre o que escrever (caneta e papel bastam)
- Um sistemas de gerenciamento de referências (Zotero, Citavi ou a sua escolha)
- A caixa de notas (física ou digital)
- Um editor de texto (Word, LaTeX, Google Docs ou o que melhor funcione pra você).
Mais é desnecessário, menos é impossível.” [...]
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*Excertos extraídos do livro "Como Escrever Boas Notas", de Sönke Ahrens, editora Auster, 2023, SP
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