sábado, 8 de março de 2025

Dia Internacional da Mulher: Jocy de Oliveira, pioneira da música eletrônica de vanguarda no Brasil



No ano de 1959, uma jovem de apenas 22 anos debutou com um álbum musical icônico e revolucionário que pouquíssimas pessoas conseguiram decifrá-lo. O nome dessa jovem é Jocy de Oliveira, curitibana, compositora, pianista, escritora e roteirista. Na época, Jocy já atuava como solista na Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo desde o ano de 1952. Seu álbum de estreia, denominado “A Música Século XX de Jocy de Oliveira” já faz parte das obras primas da música de vanguarda mundial. Falarei mais adiante sobre essa obra prima.

Logo na sequência em 1961, Jocy compõe em parceria com o músico erudito italiano e vanguardista, Luciano Berio, a peça “Apague meu Spotlight”, a primeira apresentação no Brasil de música eletrônica com sintetizadores tocados por Jocy. Todo o equipamento foi importado da Holanda. A partir daí, Jocy desenvolveu seu trabalho multifacetado numa vasta discografia de mais de 30 álbuns que abrange linguagem multimídia, música eletrônica/eletroacústica, teatro, instalações, textos e cinco livros publicados.

Jocy esteve à frente como solista de grandes orquestras, entre as quais a A Sinfônica de Boston, Orchestre National de Belgique, Sinfônica de Saint Louis, entre outras. Ela teve o privilégio de ser regida pelo compositor e maestro Igor Stravinsky. Interpretou em 7 álbuns a obra pianística do compositor francês de música contemporânea, Olivier Messiaen. Recebeu inúmeros prêmios, entre eles o Guggenheim Foundation. Foi casada com o maestro Eleazar de Carvalho. Atualmente Jocy ocupa a cadeira nº 32 da Academia Brasileira de Música.

Volto aqui ao álbum debut “A Música Século XX de Jocy de Oliveira”. O título já é provocativo e ousado. São 13 músicas curtíssimas que vão de 56 segundos a no máximo 3 minutos. Elas tratam de temas como o suicídio, assalto, assassinato, solidão, perda total de bens em incêndios e morte. Em cada faixa do álbum somos brindados com dissonâncias, polirritmias e mudanças de tempo inusitadas para a época que estava saboreando os primeiros passos da Bossa Nova. O disco de Jocy soa como uma bossa nova desconstruída e diluída em 13 temas que, segundo Jocy, foram dedicados às pessoas invisíveis. Sem dúvida alguma, uma obra prima que integra o enorme acervo de grandes compositores brasileiros.

Em 2021, o álbum ganhou um relançamento em vinil em cópias limitadas distribuídas aqui no Brasil, Áustria e na Alemanha, país no qual a música eletrônica está sempre presente no menu musical do dia e em festivais do gênero que por lá ocorrem o ano todo.

Neste Dia Internacional da Mulher, o autor deste blog parabeniza essa virtuosa profissional da Música e das Artes, Jocy de Oliveira. Jocy é incontestavelmente internacional! Parabéns pela sua obra!

 


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