Já há algum tempo (um século talvez?) que o mercado de trabalho no Brasil vem sinalizando insistentemente que o contingente de formandos das mais diversas profissões jamais será absorvido pelas empresas nas mais variadas atividades econômicas, seja na indústria, comércio ou prestação de serviços. Essa sinalização do mercado de trabalho vem sendo transmitida através de respostas pontuais e cirúrgicas. Vamos analisar apenas duas dessas respostas, por sinal, matadoras:
A primeira resposta é tão óbvia que nem precisa ser um expert em matemática para entendê-la:
1 - Não existe no mercado de trabalho tantas empresas assim que absorverão zilhões desses formandos. Em razão da insegurança jurídica, sobretudo no setor trabalhista (a CLT é campeão no pódio das maldades), tributário/fiscal e também pela burocracia insana para se abrir uma empresa no Brasil, não há incentivo algum para que novas empresas iniciem atividades. As poucas que existiam estão falindo, fechando suas portas para sempre e arriscando atuarem em outros países. Alguém aí falou em Paraguai?
A segunda resposta é algo que faculdades e universidades (públicas e privadas!) fingem (de propósito) que não entendem a linguagem do mercado e insistem no erro. No entanto, o mercado de trabalho é implacável e não compra gato por lebre:
2- Os formados despejados no mercado de trabalho não atendem as necessidades imprescindíveis requeridas pelas empresas no que diz respeito às habilidades e expertise profissionais. O mercado rejeita peremptoriamente profissionais que se intitulam “agentes de transformação social” e contaminam as empresas trazendo ideologias nefastas e chinfrim, e isso é fato inconteste!
Somente essas duas respostas sinalizadas pelo mercado de trabalho são mais do que suficientes para provar com A+B que esse sistema de universidades e faculdades formarem pessoas para o mercado de trabalho falhou miseravelmente. E falhou duplamente porque esse sistema nem forma um profissional muito menos lhe dá uma formação cultural que desenvolva no discente uma percepção da realidade mais precisa para suportar adversidades e enfrentar a vida.
E não, caríssimos, a universidade não foi criada para formar pessoas para o mercado de trabalho, pois até o século XVIII o propósito da universidade era de fomentar e transmitir a unidade do conhecimento através do estudo de disciplinas específicas correlatas ou não. Era preciso que o interessado em ingressar na universidade após versado nas Artes Liberais (Trivium/Quadrivium) tivesse vocação para os estudos nas mais diversas disciplinas, não era para qualquer zé mané que deseja apenas ter um diploma e ser chamado de “dotô” como é hoje. O tacanho sistema de ensino atual foi criado na antiga Prússia por governantes tiranos apenas para formar soldadinhos obedientes bem ao gosto da realeza. Além da Prússia outros países aderiram ao perverso modelo por motivos óbvios, na verdade esse sistema atual de ensino universitário é um produto 100% estatal, logo boa coisa não é, não vai prestar como tudo que é produzido pelo Leviatã.
O Brasil é um dos únicos países do mundo no qual o fetiche por um diploma superior é algo doentio, como diria o saudoso jornalista Paulo Francis, no Brasil diploma universitário é fetiche de jeca tatu deslumbrado portador crônico de complexo de superioridade ou inferioridade dependendo do ponto de vista.
E dá-lhe outro ponto crítico: a carência de técnicos! Sim, os cursos técnicos sejam em qualquer profissão capacitam os formandos com muito mais habilidades para exercerem a profissão com excelência, pois a tríade demoníaca Marx/Freire/Foucault (os mais estudados nas universidades brazucas) passam ao largo dos cursos técnicos. Existem muitos cursos técnicos disponíveis para diversas profissões, mas ainda assim não atendem à demanda do mercado, precisamos de muito mais cursos técnicos e cursos livres.
Entretanto, o mercado de trabalho também trouxe um manancial de soluções para esse problema. Novas modalidades de trabalho sem vínculo empregatício surgiram rapidamente que nem sonhávamos até 10/15 anos atrás, só para citar duas delas, os influencers digitais e os cursos e-learning. E atualmente há uma expansão considerável de pequenas transportadoras (TAC - transporte autônomo de cargas) que prestam serviços para grandes comércios online como é o caso da Shopee e tantas outras.
Há muito tempo que o setor de recrutamento e seleção não exige mais dos candidatos diploma de curso superior. Às vezes pode constar no anúncio "desejável curso superior", o que não significa que o candidato formado será o contratado. E de novo, o que importa são as habilidades e expertise profissionais que pesam mais no momento da contratação e naturalmente algumas características específicas do perfil do candidato.
Em Maio deste ano, escrevi o artigo "diploma de curso superior não garante promoção de cargo", então já passou da hora de ouvir o grito rouco do mercado de trabalho que diploma de curso superior não garante contratação, pelo contrário, afasta cada vez mais o candidato de ser contratado e o coloca frustrado e sentado na mesma condição da figura da imagem que ilustra este artigo. Portanto, bacharéis no mercado de trabalho, já deu, basta!






