Entrevista concedida em
05/02/2012 por e-mail à professora de Língua Portuguesa, Maria Gabriela
Lourenço, que está desenvolvendo trabalho de TCC, cujo título provisório é “A Perpetuação (ou não) da Discriminação
Implícita nos Classificados Jornalísticos".
1.
O senhor acredita que a exigência da boa aparência, presente em alguns anúncios
jornalísticos (1), no século XX, tinha alguma relação com a raça das pessoas?
Resposta: Absolutamente
nenhuma relação com a questão "raça". Mesmo porque, a ciência
reconhece apenas uma única raça: A raça humana. Quero deixar bem claro que,
quando um anúncio pedia (porque agora não pede mais, salvo para cargos
específicos) boa aparência, o sentido da expressão era que o candidato fosse
pessoa que estivesse preocupada em cuidar de sua aparência no afã de passar uma
imagem positiva, dinâmica, asseada e entusiasta, atributos que a maioria das
empresas deseja.
2.
Atualmente, as relações de gênero e de raça interferem no mercado de trabalho?
Resposta: De maneira
alguma. Se tomarmos o sentido "raça" como cor, temos tantos negros,
amarelos e vermelhos atuando em importantes cargos de gestão, sobretudo na
política.
3.
A Lei 1905 de 24/11/98, que proíbe o termo "exige-se boa aparência",
nos anúncios de recrutamento, é útil?
Resposta: Não foi nem um
pouco útil e nem produziu os efeitos desejados por quem a elaborou. Ainda há
alguns anúncios que exigem boa aparência, basta uma rápida olhada nos
classificados. Esse tipo de lei é elaborada por pessoas que deitam falação
sobre o que não sabem, pois nunca colocaram seus pés num departamento de
Recursos Humanos de uma empresa, nem sonham como funciona um ambiente
corporativo privado que é absurdamente oposto ao do funcionalismo público. Enquanto
50 mil brasileiros são assassinados por ano, o Congresso fica brincando de
elaborar "leizinhas" rasteiras de RH e se metendo aonde não foi
chamado.
4.
A política das cotas cumpre com o papel de corrigir a estratificação social?
Resposta: Nunca cumpriu,
não cumpre e nunca irá cumprir. Existem diversos estudos probatórios em relação
à ineficácia das políticas de ação afirmativa (cotas) ao redor do mundo. Um
desses estudos foi feito pelo economista Thomas Sowell, que resultou no
esplêndido livro "Políticas
Afirmativas ao Redor do Mundo - Um Estudo Empírico” (Editora Univer-Cidade-RJ).
Nos países aonde tais políticas foram aplicadas, causaram guerras civis com
seus efeitos nefastos (Sri Lanka, por exemplo) devastadores e irreversíveis a
curto e médio prazo. Não se pode nivelar por baixo em detrimento ao mérito. As
pessoas são naturalmente diferentes no que diz respeito às suas vocações e
talentos naturais. Os negros americanos, por exemplo, demonstraram ao longo da
história seu talento nato para a música, sobretudo o Jazz sem depender de
esmolas governamentais ou de políticas de cotas. Venceram por seus próprios
méritos. Nos esportes, idem. A política de cotas é cortina de fumaça, o que
está por trás são interesses tacanhos de políticos inescrupulosos que sempre
querem ganhar eleições ou cargos à custa dessas mentiras.
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