segunda-feira, 24 de julho de 2017

Música no ambiente de trabalho prejudica ou ajuda?


A Música faz parte do conjunto de disciplinas conhecido como Belas-Artes. É a principal disciplina para o desenvolvimento da percepção completa dos sentidos. É indicada como terapia (musicoterapia) para o tratamento de diversos males físico-psicológicos. Difícil encontrar alguém que não goste de música. Porém, qual é o seu real impacto no ambiente de trabalho?

As pesquisas científicas desenvolvidas por especialistas no assunto, tais como, fonoaudiólogos, psicólogos comportamentais, etc., até o presente momento não chegaram a um consenso se a música no ambiente de trabalho é fator positivo ou negativo. Há teses dos dois lados e os resultados às vezes atingem situações complexas, ou seja: depende do trabalho que está se fazendo, do grau de dificuldade de execução da tarefa que vai exigir alta concentração; depende do estilo de música que está se ouvindo, do volume, da acústica do ambiente e muitos outros fatores.

Se perguntarmos para os próprios trabalhadores se a música ambiente interfere negativa ou positivamente em seu trabalho, haverá um racha: metade dirá que se sente bem, mais disposta e mais criativa para o trabalho; a outra metade dirá que se sente irritada, não consegue manter o foco em razão da distração e incômodo que a música lhe causa. Que o diga um fotógrafo que passa a noite toda trabalhando em casas de show, nas quais os decibéis atingem picos muito além do que o ouvido suporta.

O professor Pierluigi Piazzi (Prof.Pier), discorreu brilhantemente sobre o tema em seu espetacular livro “Aprendendo Inteligência”, ao abordar o impacto da música nas pessoas quando estão estudando ou em meio à atividades que exigem concentração. Vejamos:

O cérebro visto de cima, se divide em quatro hemisférios, a saber:

Lado esquerdo:

1) Linguístico: é o que permite a recepção da palavra escrita, falada e gesticulada.

2) Lógico-Matemática: permite estabelecer reações de causa e efeito, possibilitando a manipulação de relações numéricas.

Lado direito:

3) Musical: habilidade para perceber e produzir música, tocar instrumentos.

4) Espacial: habilidade de se orientar no espaço, imaginar objetos.

Pois bem, durante a execução de uma tarefa, sobretudo aquelas que exigem foco e concentração, o trabalhador estará utilizando os módulos 1, 2 e possivelmente o 4. Se no ambiente estiver tocando uma música instrumental, o módulo 3 não irá interferir com os outros, até ajudará a abafar possíveis ruídos que poderiam atrapalhar na concentração. No entanto, se estiver tocando música com vocal, esta irá interferir diretamente no módulo 1 (Linguístico) e, portanto, distraindo a atenção e tirando o foco do que está se fazendo.

Tal situação foi comprovada por vários trabalhadores consultados, ou seja, presta-se atenção à letra da música (às vezes de maneira até mesmo involuntária) e desvia-se o foco da tarefa que está sendo executada, quer seja ela intelectual ou operacional. Portanto, provavelmente a música instrumental seria mais indicada para o ambiente de trabalho por não interferir no hemisfério cerebral responsável pela recepção linguística que está em uso, digamos assim, quando o trabalhador executa as suas funções.

Eu por exemplo, gosto de ouvir música trabalhando, porém quando estou elaborando ou escrevendo artigos (como este), desligo o player, pois redigir um artigo exige máxima atenção e concentração e a audição de música, seja ela instrumental ou não, desvia o meu foco de atenção.

Se até o presente momento as pesquisas científicas não fecharam uma conclusão definitiva sobre o assunto, deve-se levar em conta as próprias impressões dos trabalhadores que, como citei acima, as opiniões estão divididas. Se uma maioria expressasse satisfação em ouvir música quando está trabalhando, poderíamos concluir que apenas uma minoria se sente incomodada e, assim sendo, a música seria benéfica de um modo geral.

Portanto, como existe um racha, pelo sim, pelo não, por enquanto, minha posição é que as empresas declinem de oferecer música aos seus funcionários até que as pesquisas e especialistas no assunto cheguem a um consenso. E ao que tudo indica, talvez ainda leve algum tempo, pelo menos, enquanto a opinião dos trabalhadores estiver dividida. Até lá, nada de música no ambiente de trabalho.

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