segunda-feira, 15 de março de 2021

Onde está o charlatão?*


“Tenho usado, em toda minha vida, uma heurística maravilhosamente simples: os charlatões podem ser reconhecidos, na medida em que oferecerão melhores conselhos positivos, e somente conselhos positivos, explorando nossa ingenuidade e nossa idiota propensão a receitas que soam imediatamente óbvias, mas que depois evaporam quando nos esquecemos delas. Basta olhar para os livros do tipo “como fazer”, que trazem, no título, “Dez passos para...” (preencha: enriquecer, perder peso, fazer amigos, inovar, ser eleito, adquirir músculos, encontrar um marido, administrar um orfanato, etc.). No entanto, na prática, os profissionais, aqueles aficionados pela evolução, utilizam o lado negativo: os mestres de xadrez costumam ganhar ao não perder; as pessoas enriquecem por não ir à falência (principalmente quando as outras vão); as religiões baseiam-se, principalmente, em interdições; a aprendizagem da vida diz respeito ao que evitar. Reduzimos a maioria de nossos riscos de acidentes pessoais graças a um pequeno número de medidas.


Além disso, na maioria das circunstâncias repletas de alto grau de aleatoriedade, ser iludido pelo acaso é não conseguir afirmar se, de fato, uma pessoa bem sucedida tem habilidades, ou se uma pessoa com habilidades será bem sucedida - mas podemos muito bem prever o negativo, isto é, que uma pessoa totalmente desprovida de habilidades acabará fracassando.”


*Texto extraído do Livro “Antifrágil; coisas que se beneficiam com o caos”, de Nassim Nicholas Taleb, editora Best business, capítulo 19, páginas 384 e 385.


Meu comentário: sobe os livros de autoajuda, escrevi um artigo aqui


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