“Há uma questão que começa nas nossas universidades e chega até a Justiça Social. O aspecto mais imediato do problema é que o estudo acadêmico sobre Justiça Social é transmitido aos alunos, que depois vão para o mundo. Esse efeito é mais intenso nas áreas associadas à Justiça Social, que ensinam os alunos a serem céticos em relação à ciência, razão e evidências; a considerarem o conhecimento como vinculado à identidade; a captarem a dinâmica do poder opressor em cada interação; a politizarem cada faceta da vida; e a aplicarem os princípios éticos de forma desigual, de acordo com a identidade. Porém, a Justiça Social também se materializa como uma cultura predominante no campus, que aceita muitas dessas ideias como contextos óbvios. Nos Estados Unidos, atualmente, a maioria das universidades possui pré-requisitos de “diversidade”: essas ideias são ensinadas a todos, como parte do currículo geral. É comum subestimar esse problema. Costumamos deparar com a suposição de que, uma vez formados, os alunos terão que aprender habilidades para se colocar no mercado de trabalho e que isso resolverá a questão assim que ingressarem no “mundo real”, eles terão que deixar para trás essas posições ideológicas a fim de encontrar emprego. Mas e se eles simplesmente levarem as suas crenças para o mundo profissional e recriarem esse mundo para se ajustar a eles?
Infelizmente, é exatamente isso que vem acontecendo. O mundo real está mudando para absorver as habilidades desses alunos, e uma indústria de Justiça Social, que já vale bilhões de dólares, está se formando, toda dedicada a treinar empresas e instituições a promulgar e policiar A Verdade Segundo a Justiça Social. Um novo cargo intitulado (com uma ou outra variação) “Diretor de Diversidade, Equidade e inclusão” foi criado para mudar a cultura organizacional de acordo com a ideologia da Justiça Social [...]
No entanto, os diretores de diversidade. Equidade inclusão não se limitam à academia; eles também afloram nos departamentos administrativos e de recursos humanos, inclusive nas prefeituras. De acordo com um importante site de classificados de emprego no Reino Unido, empregos para cargos relacionados à igualdade e diversidade são especialmente comuns na Equality and Human Rights Commission, em associações profissionais, na Law Society, em escolas e universidades, na polícia, em grandes empresas do setor privado, nos sindicatos. Tornaram-se regra, e não a exceção. Portanto, esses diretores e executivos exercem um poder institucional, social e cultural significativo [...]
Talvez não seja surpreendente que as grandes corporações tenham cedido tão facilmente à pressão da Justiça Social. Afinal, o objetivo prioritário delas é ganhar dinheiro, e não defender valores liberais. Como a maioria dos consumidores e eleitores dos países ocidentais apoia a ideia de gral de justiça social, e como a maioria das pessoas não consegue entender a diferença entre justiça social e Justiça Social, as grandes corporações por vezes optam por ceder às demandas dos ativistas pela Justiça Social, pelo menos em questões menores que não afetam muito os resultados financeiros, por achar que esse é um modo astuto de manter um relacionamento favorável com o seu público.[...]
Portanto, não é exagero observar que os Teóricos da Justiça Social criaram uma nova religião, uma tradição de fé que é ativamente hostil à razão, à refutação, ao desmentido e à discordância de qualquer tipo. Na verdade, todo projeto pós-moderno agora parece, em retrospecto, uma tentativa inconsciente de desconstrução de velhas metanarrativas do pensamento ocidental – ciência, razão, juntamente com religião e sistemas econômicos capitalistas – para abrir espaço para uma religião totalmente nova, uma fé pós-moderna baseada em um Deus morto, que vê misteriosas forças mundanas em sistemas de poder e privilégio e que santifica a vitimização. Cada vez mais, essa é a religião fundamentalista da esquerda teoricamente secular [...]
A Teoria não permaneceu confinada à academia. Primeiro, aplicado, depois reificado, o pós-modernismo sob a forma de Justiça Social deixou as universidades, difundiu-se - com zelo evangélico – por meio de diplomados e através das redes sociais e do jornalismo ativista [...]”
As abordagens da Justiça Social que se concentram exclusivamente na identidade grupal e ignoram a individualidade e a universalidade estão condenadas ao fracasso pela simples razão de que as pessoas são indivíduos e compartilham uma natureza humana comum. A política identitária não é um caminho para o empoderamento.”
Meus comentários: os autores distinguem os termos justiça social (com letras minúsculas) e Justiça Social (com letras maiúsculas). O primeiro os autores descrevem os significados mais amplos e genéricos do termo; e o segundo, trata-se de um credo identitário dogmático criado por acadêmicos teóricos pós-modernistas para fins de violento ativismo político que não admite evidências racionais, lógicas e científicas. Já está em elaboração uma resenha desse livro neste blog.
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