segunda-feira, 16 de setembro de 2024

A leitura dos clássicos ensina, treina e forma líderes profissionais



A literatura é sabidamente uma das fontes riquíssimas de aprendizado e que tem o poder de formar o ser humano para a vida em toda sua totalidade, sobretudo na área profissional. E isso acontece de uma maneira bem simples ao interagirmos naturalmente com os personagens de cada história que lemos, seja um romance, um conto, um poema ou mesmo uma peça de teatro.

Quando lemos uma história, percebendo ou não, os personagens conversam conosco, alguns, por exemplo, revelam determinação, ousadia, nobreza de caráter, lealdade; outros revelam suas fraquezas e perversidades que o ser humano carrega dentro si. E são justamente tais características que podem nortear nossa conduta de vida para sempre, pois são lições que ensinam o que podemos tirar delas, como devemos agir ou deixar de agir nos momentos de adversidades. Um personagem tem o poder de mudar a nossa percepção de mundo ou o que está ao nosso entorno naquele momento.

Há uma famosa questão que diz “a arte imita a vida ou a vida imita a arte?” Oscar Wilde em seu ensaio “A decadência da mentira” optou pela segunda alternativa enquanto o filósofo grego Aristóteles em outra perspectiva optou pela primeira. O escritor quando escreve um conto ou um romance normalmente ele já construiu seus personagens baseados nas características de pessoas reais que ele interage no dia a dia. Imaginativo que é o escritor, naturalmente que ele vai adicionar uma boa dose de ficção para enriquecer o personagem, porém ele vai manter a característica principal do personagem que lhe dá a singularidade única e própria que cada pessoa trás em si, podendo ser a serenidade, lealdade, ambição, apatia, bondade, maldade, etc.

Sempre fui fascinado por determinadas características de personagens que anos depois quando estudei Filosofia descobri que tais características se tratavam de traços estoicos. São características essenciais para profissionais que atuam no setor das relações de trabalho ou recursos humanos e muitas outras profissão que lidam diretamente com pessoas o tempo todo. Alguns desses personagens me ajudaram e muito na percepção e compreensão na minha área de atuação.

Como exemplo posso citar alguns desses personagens que me inspiraram: “O Capitão” do conto “The Secret Sharer” (O Cúmplice Secreto), de Joseph Conrad; Fernando Vidal Olmos, do livro “Sobre Heróis de Tumbas, de Ernesto Sábato; Júlio César, de William Shakespeare; Conrad Hensley, do livro “Um Homem por Inteiro”, de  Tom Wolfe; o detetive Philip Marlowe do romance policial “O Sono Eterno”, de Raymond Chandler (tem resenha desse livro neste blog); Ulisses, do poema épico Ilíada atribuído a Homero e muitos outros. Nem sempre o personagem que nos dará inspiração é o protagonista da história, às vezes poderá ser um personagem secundário inserido na trama estrategicamente pelo autor.

Seja de qualquer gênero literário, clássico, moderno ou de vanguarda, mas principalmente, importante destacar aqui, a leitura dos clássicos como os livros mais importantes na transmissão de cultura, valores e conhecimento. Dessas leituras aprenderemos lições fundamentais de liderança, trabalho em equipe, resiliência, assertividade, propósito de vida, conduta ética, etc. São valores que serão incorporados em nossa personalidade sendo que alguns deles se tornarão inegociáveis em quaisquer circunstâncias. 

Por fim são valores que jamais os encontraremos nos livros de autoajuda simplesmente porque estes não formam, podem funcionar para alguns mas não funcionam para todos enquanto os clássicos atravessam séculos impávidos e incólumes. Seus personagens habitam suas páginas aguardando serem lidos para transmitir importantes lições de vida e para  a vida. Quem sabe, o detetive Philip Marlowe na sua irretocável conduta ética poderá mudar a sua percepção da realidade. Ele, entre outros personagens esperam por você!



segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Precisamos de uma nova reforma trabalhista. E dessa vez que seja alopática!




Há sete anos atrás, exatamente no dia 13 de julho de 2017 o Brasil foi presenteado com a Lei nº 13.467/2017, mais conhecida como Lei da Reforma Trabalhista. Uma lufada de ar fresco arejou as relações do trabalho, empregado e empregadores ganharam renovado fôlego após 74 anos de cabresto getulista celetista. Mérito incontestável do controverso, porém corajoso presidente Michel Temer. No entanto, ficou salivando um gostinho de quero mais.

Na condição de profissional das relações do trabalho, na minha opinião, a reforma trabalhista foi aquele tapinha de amor que não dói, aquela dose que não enche o copo o suficiente, aquela fatia de bolo que poderia ser um pouco maior do que a que foi servida, aquele beijo selinho bem rápido que poderia ser mais longo, aquele aumento salarial que nem arranhou a conta bancária, enfim, uma reforma trabalhista leve, suave, marotamente homeopática.

Já escrevi em diversos artigos sobre os pontos positivos e negativos da Lei nº 13.467, obviamente que apesar de sua efetividade ela assinalou também alguns equívocos, todos eles já analisados por mim em outros artigos. No final, passando a régua o saldo foi azul, porém ainda conservando algumas manchas vermelhas aqui e ali talhadas ainda pelo ranço positivista.

Uma nova reforma trabalhista poderia atacar e ferir de morte os cinco mais violentos artigos da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT, a saber: o artigo 9 (que impede a livre negociação entre empregado/empregador), o artigo 29 (que obriga o registro na Carteira Profissional e o recolhimento previdenciário) e os artigos  58, 58-A e 59 (que tratam de trazer o empregado em rédeas curtas (cabresto!) à obediência a uma jornada de trabalho estapafúrdia). 

Vamos lá, resumidamente o artigo 9 trata o trabalhador como um mentecapto e incapaz de decidir por si próprio; o 29 obriga o trabalhador a contribuir para o sistema falido da previdência social (e não, quem está entrando agora para o mercado de trabalho jamais vai se aposentar pela previdência social que está falida e com os dias contados, além de que em breve o Brasil será um país predominantemente de anciões) e por fim os artigos 58, 58-A e 59 que tratam da jornada de trabalho, provavelmente os artigos mais ordinários que somente uma mente insana e demente poderia criar.

Seria muito bom também reformar o viés sinistro do artigo 507-A (aquele que permite não permitindo) que apesar de liberar a arbitragem extra judicial entre empregado/empregador ao mesmo tempo impõe óbices impossíveis de se cumprir para que a arbitragem seja uma saudável alternativa entre as partes. E não só a arbitragem, a mediação também seria muito bem vinda como já ocorre na maioria dos países civilizados nos quais a intervenção estatal nas relações de trabalho é absolutamente inexistente. Bom lembrar que até a Organização Internacional do Trabalho - OIT (até a OIT!!) sugere a arbitragem ou mediação em suas diversas recomendações e resoluções, nenhuma delas ratificada pelo Brasil, naturalmente.

Outrossim, ainda temos uma alternativa que poderá alterar ou não os violentos e sádicos artigos citados acima. Bastaria um único artigo revogando o artigo 1º ou acrescentando um parágrafo a ele nos seguintes termos: “Esta Consolidação é de caráter facultativo cabendo ao prestador de serviços optar pela melhor forma de contrato de trabalho que lhe  aprouver tendo a plena liberdade de aderir ao vínculo empregatício ou não”. Pronto, simples assim.

Quando um problema é drástico a solução exige medida tão drástica quanto. As Relações de Trabalho no Brasil entre empregado/empregador não vão bem de saúde cuja virose letal atende pelo nome de intervenção estatal. Que venha então uma nova reforma trabalhista nos termos do que foi proposto neste artigo e que dessa vez seja a mais alopática possível na forma de inoculação de uma vacina imunizante contra o intervencionismo estatal. Cabresto celetista nunca mais.

domingo, 1 de setembro de 2024

Copo da felicidade é motivo de chacota na alta gastronomia: a pior sobremesa do mundo!




Há algum tempo atrás, para ser mais preciso em novembro de 2023 escrevi um artigo sobre a picaretagem que se transformou os canais de gastronomia nas redes sociais. Infelizmente pessoas sem a mínima noção do significado das nobres profissões de confeiteiro ou cozinheiro passam receitas que resultam num total desrespeito para com seus seguidores ou quem visita seus canais. E a bola da vez, o tema deste artigo é a famigerada "sobremesa" impalatável batizada de “copo da felicidade”, uma criação 100% brazuca, ora como não?. Obviamente criado por alguma aventureira infeliz que nem interessa saber quem foi.

É preciso dizer aqui que ninguém acorda num belo dia ungida de conhecimentos de confeitaria ou pastelaria e a partir daquele dia decide ser confeiteira e abrir um canal em alguma plataforma da internet para passar o que ela entende ser receitas de sobremesas. Como qualquer outra profissão, trabalhar com confeitaria (ainda que de forma amadora) exige estudar pelo menos o básico da confeitaria. Além disso, exige também talento, paladar apurado, vocação, saber combinar ingredientes, criatividade e conduta ética, respeito e honestidade para com seus seguidores ou mesmo clientes.

Essas etapas estão sendo saltadas, pois para essas pretensas confeiteiras o que importa mesmo é a busca desesperada por likes e os comentários babação de ovo e rasgação de seda de suas amigas e comadres fazendo dos likes os principais ingredientes de suas  receitas.

Na verdade o tal “copo da felicidade” é um plágio da mais autêntica pilantragem e sem qualquer técnica profissional copiado descaradamente de um confeiteiro francês, considerado um gênio da confeitaria mundial, o premiadíssimo chef Philippe Conticine. No ano de 1994, o chef Philippe criou uma sobremesa composta por três tipos de cremes (apenas três!) diferentes para serem servidos em um pequeno copo de vidro (de vidro e não de plástico!!) que batizou de “Verrine”. Verrine vem de “verre”, que em francês significa vidro (no caso uma sobremesa servida em copo de vidro). Acontece que o método da construção da receita foi muito bem pensada no processo de elaboração levando em conta cada camada a ser degustada da seguinte forma:

A primeira camada fina e suave prepara o paladar para receber a segunda camada que é composta pelo sabor principal e mais encorpado da sobremesa finalizando com uma terceira camada formada por um creme gelado, leve e sedoso para refrescar o paladar. A combinação das três camadas dos cremes foram meticulosamente pensadas e testadas diversas vezes até que se conseguisse um resultado satisfatório e servido com muita sofisticação.

Como podemos ver, o Verrine, sobremesa sofisticada criada pelo chef Philippe não foi uma iguaria que surgiu assim num estalar de dedos, teve método na sua elaboração, foi testada diversas vezes. Não podemos dizer o mesmo de quem criou o tal “copo da felicidade”. Quem o criou foi jogando aleatoriamente dentro de um copo plástico mequetrefe o que via pela frente: leite condensado, creme de leite (argh!), suspiros, frutas, ganache, na verdade um "mexidão" de ingredientes doces e depois levou para gelar e pronto, é só devorar e passar mal, muito mal.

Uma autêntica confeiteira que preza o seu trabalho sabe que não é dessa forma que se cria uma sobremesa. Juntar produtos misturando frutas, cremes e biscoitos esfarelados sem critério algum não vai resultar em boa coisa, como dizem por aí, só pode dar ruim. Como já escrevi em outro artigo, os empregadores proprietários de confeitarias de alto nível sempre estão atentos nas redes sociais a procura de uma profissional do ramo que possua sólidos conhecimentos e expertise nessa profissão. Bom lembrar que o salário médio inicial de uma chefe de confeitaria gira em torno de R$ 3.300,00 reais o que não é nada mal.

Por fim, há quem aprecie (afinal o brasileiro afegão médio não tem  paladar para sobremesas sofisticadas) esse tal “copo da felicidade” que é composto de qualquer mistura louca de guloseimas ao gosto de quem o compõe. Uma sobremesa com a legítima assinatura da malandragem brazuca. Os ingredientes que o compõem isolados podem ser saborosos, porém arranja-los e mistura-los todos crus sem qualquer critério resulta numa aberração que pode ser chamada, isso sim, de "copo da infelicidade", uma verdadeira bomba de glicose no talo que facilmente tem tudo para ser eleita a pior sobremesa do mundo.

A leitura dos clássicos ensina, treina e forma líderes profissionais

A literatura é sabidamente uma das fontes riquíssimas de aprendizado e que tem o poder de formar o ser humano para a vida em toda sua totali...