terça-feira, 6 de junho de 2017

Mulheres não ganham menos do que os homens


Não há nada mais falso do que afirmar que mulheres ganham menos do que os homens ou recebem salários mais baixos. Quem faz esse tipo de afirmação, está deitando falação sobre o que não sabe e não entende, desconhece por completo as relações de trabalho e nunca colocou os pés num departamento de Recursos Humanos. 

Podemos analisar a questão através de diversas perspectivas, sendo que, em cada uma delas, a afirmação de que as mulheres recebem salários menores em relação aos homens não se sustenta. Aos fatos:

Uma das principais falácias que encontramos é quando se afirma que a mulher sempre aceita negociar a sua pretensão salarial para baixo num processo de recrutamento e seleção. A afirmação é falaciosa, senão vejamos algumas dessas perspectivas:

O salário (ou piso) normativo da categoria

Primeiramente vou levar em conta o recrutamento de candidatos (ambos o sexos) para cargos de auxiliares e assistentes de qualquer setor administrativo. Pois bem, quando a vaga é aberta, existe algo que poucos sabem que é o salário (ou piso) normativo da categoria profissional determinado no acordo coletivo. Vamos supor que o piso inicial seja de R$ 1.800,00 reais para cargos administrativos. Neste caso, não importa se o candidato escolhido para preencher a vaga seja homem ou mulher, ele vai receber como remuneração inicial o valor de R$ 1.800,00 reais, ou seja, o mesmo salário nem mais nem menos por determinação do piso normativo.

Negociação salarial na fase da seleção

Vamos agora subir a escala e analisar os cargos de analistas, supervisores e chefias, sendo que a remuneração para estes cargos estão acima do piso normativo. Não faz muito tempo participei de um processo de seleção no qual eu deveria selecionar um candidato para a vaga de Analista Contábil Sênior, ambos os sexos. A empresa tinha uma proposta salarial máxima de “X”remuneração.  Os três candidatos selecionados que preenchiam o perfil desejado tinham pretensão salarial um pouco acima do valor “X” que a empresa estava disposta a pagar. Dos três candidatos, um homem e duas mulheres. Qual deles aceitou abaixar a pretensão salarial? Sim, foi o candidato do sexo masculino, nenhuma das duas mulheres abriram mão da pretensão salarial. Portanto, é falaciosa a afirmação de que as mulheres aceitam trabalhar por um salário menor.

Esse não foi um caso isolado, pois nos processos de recrutamento e seleção, negociar a pretensão salarial para menos não é exclusividade das mulheres, nem dos homens, trata-se de uma questão relativa que se encaixa à situação de momento em que o candidato se encontra. Há mulheres que aceitam negociar o salário, outras não, há homens que reduzem a pretensão, outros não. Dessa situação é impossível inferir que somente a mulher ou mesmo o homem aceita reduzir a pretensão e ganhar menos. Isso pode ocorrer tanto para um candidato do sexo masculino, como feminino.

O Porte da empresa

Agora vamos levar em conta o porte e a atividade da empresa, item importante que a maioria das pesquisas salariais ignora por completo. Vamos tomar como comparação um cargo de Coordenador Pedagógico, não importa o sexo. Essa pessoa atua numa escola técnica particular de curso profissionalizante com uma turma de 200 alunos. Ela recebe um salário “X”. Supomos agora que essa pessoa exerça o mesmo cargo de Coordenador Pedagógico numa instituição de curso superior com mais de mil alunos. Obviamente que a sua remuneração será praticamente o triplo em relação à escola técnica. Digamos que na escola técnica, o cargo é exercido por uma mulher e na faculdade por um homem. Poderia ser o inverso! É assim que as pesquisas são feitas, não levam em conta o porte da empresa, cujos salários oferecidos são proporcionalmente desiguais justamente em razão do porte de cada empresa, bem como, da atividade econômica. Naturalmente, um chefe de RH que trabalha numa empresa de prestação de serviços receberá um valor "X" de remuneração, ao passo que se estivesse trabalhando numa metalúrgica receberia muito mais.

O Paradigma

O que as pesquisas também não levam em conta é o que se denomina na legislação trabalhista de funcionário “paradigma”, que é aquele que tem cargo idêntico ao seu colega, executa supostamente as mesmas funções, porém, recebe uma remuneração menor. Isso pode ocorrer com empregados de sexo oposto, no entanto, não é por ser mulher que ela recebe menos, mas pelo tempo de casa que ela ainda não tem em relação ao seu colega que já pegou diversos aumentos concedidos nas datas base, aumentos por méritos, tempo de casa, etc. As pesquisas desconsideram esse detalhe, mas que faz diferença brutal no escore dos resultados.

A economia e as leis de mercado

E para não alongar muito, vamos analisar o aspecto econômico do livre mercado. Como bem citou o economista Walter Block em seu fabuloso livro “Defendendo o Indefensável”, se as mulheres realmente ganhassem menos, seriam disputadas acirradamente no mercado de trabalho, e, por conseguinte, obviamente que aumentando a demanda por mulheres a pretensão salarial se elevaria. Em contrapartida, cairia o salário dos homens que passariam a ser contratados, o que causaria naturalmente um ajuste na pretensão salarial para ambos os sexos. O próprio mercado de trabalho se encarrega de equilibrar os salários.

Pesquisas fajutas para inglês ver

O que é preocupante é que alguns profissionais de RH compactuam dessa falácia absurda de que mulheres ganham menos que os homens. Recentemente uma empresa do setor, cuja credibilidade é igual a uma nota de 3 reais, publicou pesquisa (oi?) na qual aponta que os homens ganham mais em pelo menos 25 de 28 áreas pesquisadas. As razões disso? A maldita herança machista (sic), como se o machismo pudesse ser comprovado cientificamente por tabulação.

A razão dessas “pesquisas” estapafúrdias nada tem a ver com isonomia salarial entre homens e mulheres, mas se alinhar cegamente à agenda politicamente correta cujo lema é dividir para conquistar, criar uma luta de classes imaginária que só existe na cabeça de sociopatas. É o fantasma de Karl Marx assombrando o setor de RH.

O objetivo dessas pesquisas de araque é tentar enganar as pessoas de que existe discriminação contra as mulheres no mercado de trabalho.  Entretanto, o próprio mercado de trabalho desmente na prática essas pesquisas inócuas que somente os trouxas e sindicalistas oportunistas acreditam.

Isto posto, definitivamente, as mulheres não recebem salários menores do que os homens. O que ocorre é que no que diz respeito à produtividade e geração de lucros, os homens produzem mais e geram mais lucros para seus empregadores, comprovadamente, o que não quer dizer que ainda assim as mulheres recebam remuneração menor. Mas isso será tema para um outro artigo.

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