segunda-feira, 15 de maio de 2023

Não faça você mesmo – Parte V



Quem me segue já há algum tempo sabe que o “faça você mesmo” ou “DIY” (Do It Yourself) é um dos meus temas favoritos. Para falar contra, é claro! Sempre tive restrições e muitas objeções em relação ao DIY já descritos nos quatro artigos anteriores que escrevi em meu blog a respeito desse tema. Os motivos que as pessoas alegam para essa prática são: economia doméstica e o prazer de ter um hobby, porém ambos são facilmente refutados se utilizarmos do bom senso e a razão. Vamos ver primeiro como surgiu essa praga.

O Do it Yourself (DIY) Surgiu nos Estados Unidos (ora, como não?) no ano de 1912 como um movimento popular e até que a intenção foi muito positiva para a época. O objetivo era que as pessoas reformassem suas próprias casas e seus móveis de interiores. E aqui vem o pulo do gato: vamos lembrar que a maioria das casas nos EUA, sobretudo no interior são feitas em madeira, não existem por lá casas em alvenaria. E agora o gato vai pular mais uma vez e bem alto: noventa por cento dos americanos aprendem marcenaria desde a infância, todos possuem em suas casas uma oficina ou uma garagem com ferramenta$$$ as mais variadas possíveis para a prática dessa atividade. Portanto, fazer móveis, reformar casas é um hábito já arraigado na cultura dos americanos há mais de um século. Além disso, desde cedo também aprendem botânica e jardinagem cuidando de seus próprios jardins. Podemos conferir isso em praticamente 100% dos filmes americanos.

O movimento ganhou força a partir de 1950 e muitas das pessoas que praticavam essa modalidade se transformaram em pequenas empresas no comércio de móveis e na construção de casas de madeira. A ideia do DIY acabou se expandindo para diversos países, sobretudo com o surgimento da internet. As pessoas acreditam que essa prática pode ser utilizada nos mais diversos tipos de atividades tais como, hidráulica, costura, pintura, alvenaria, mecânica automotiva, etc. Só que não! É preciso estudo, muito treinamento e experiência para se aventurar em fazer por si próprio o que um profissional bem treinado executa muito melhor. Além disso, ter à disposição um arsenal de ferramentas que custa os olhos da cara e que será usado uma única vez para depois ficarão enferrujando num quartinho de despejo.

Um vídeo no youtube cuja duração é de 18 minutos no qual uma moça simpática ensina a restaurar e pintar uma escrivaninha de madeira, na verdade ela levou quase uma semana para concluir o trabalho. Isto porque, para cada demão de selador e tinta deve-se aguardar 24 horas para a secagem para fazer uma segunda demão. Um trabalho que requer amplo espaço, bancadas, jornais para forrar o chão porque a sujeira é infinita; materiais específicos que incluem lixas (a moça utilizou uma lixadeira elétrica profi$$ional!!), pincéis, além de três latas de tintas (cada uma de uma cor que ela misturou para se obter uma cor final) de boa marca, selador e verniz. Fiz uma consulta de preços desses materiais usados e cheguei a um valor estimado entre R$ 450,00 a R$ 520,00 reais (sem a lixadeira elétrica!), dependendo da marca dos produtos e do fornecedor. 

Vale a pena? Gastar tempo, ter um espaço próprio, na verdade uma oficina, encarar uma sujeira brutal, gastar dinheiro com materiais que será usado uma única vez e depois ficarão esquecidos e estragando no quartinho de despejo porque nunca mais serão usados? Sem contar que o resultado poderá ser um desastre? A mesa da youtuber ficou bacana, nota 10! Mas por que será? Alguém adivinhou? Pois é, a moça é simplesmente uma restauradora profissional, tem uma oficina própria e todo tipo de ferramentas necessárias para restauração de móveis, coisas que um aventureiro amador de final de semana metido a sabichão não vai ter não. Ao menos que a pessoa queira ser um profissional como a youtuber, terá que investir em cursos, livros, ferramentas caras e praticar bastante.

E aqui eu reitero o que sempre digo sobre o DIY: não devemos seguir fórmulas mágicas de tutoriais duvidosos que habitam nos mais diversos canais da net,  confie no trabalho de um profissional habilitado, qualificado e bem treinado para fazer o serviço. O custo benefício vai compensar e no mínimo o resultado vai ficar melhor que o seu. Se alguém me apontar 100 motivos para defender o “faça você mesmo”, eu apontarei 1000 motivos para não fazê-lo, os prós jamais suplantarão os contras. Outros artigos virão sobre o tema, não vejo a hora, o notebook chega a tremer!


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