segunda-feira, 8 de maio de 2023

O Dress Code no ambiente corporativo




Essa semana uma notícia publicada na grande mídia e que viralizou nas redes sociais foi motivo de debates e muita discórdia. Um banco privado emitiu uma circular “dress code” para todos os seus funcionários. Para quem desconhece o termo, dress code é um código (ou normas) de conduta de indumentária (ou vestuário) que deve ser seguido por certos tipos de grupos, seja esportista, religioso, militar, escolar, profissional e no ambiente corporativo. A circular do banco é acompanhada de uma cartilha que além do dress code, trata também dos hábitos profiláticos no ambiente de trabalho. E desde já eu adianto a minha posição a respeito: assino em baixo! Nota 10 com louvor para o responsável do RH que colocou essa circular em prática.

Ao longo dos anos já escrevi inúmeros artigos que tratam dessa tão comentada e polêmica “boa aparência” no ambiente de trabalho. E mesmo fora dele, por que não? Só no ano passado escrevi dois artigos sobre o tema, a saber: “Mas que raios é essa tal de boa aparência” e “Prepare-se para ser lido...”. Este último é a transcrição de um trecho do livro “Decifrar Pessoas”, de Jo-Ellan Dimitrius e Mark Mazarella, livro que recomendo fortemente a sua leitura, sobretudo para os profissionais de RH. Centenas de autores experts em consultoria de imagem e linguagem corporal abordam vastamente a questão da indumentária que de certa maneira está inserida na expressão corporal de cada um. Outro livro muito conhecido e divulgado é  “O Corpo Fala”, de Pierre Weil que também aborda essa questão.

E sim, a nossa comunicação, bem como a maneira de nos expressarmos e interagirmos com as pessoas começam pelo modo de como nos vestimos e cuidamos de nosso corpo. Queiramos ou não, estamos sendo lidos e analisados o tempo todo ao interagirmos nas relações pessoais. Assim sendo, podemos transmitir desleixo ou esmero com a nossa aparência. Esse tema também é objeto de estudo nos manuais de relações interpessoais e também pela psicologia social. E já foi fartamente comprovado que cuidar da aparência melhora exponencialmente a interação social seja na vida profissional ou social.

Ora, se o banco precisou baixar uma circular de dress code foi porque algo errado foi detectado, seja pelo gerente de RH ou mesmo pela diretoria da empresa. O que causou celeuma foi a cartilha denominada “Inimigos da Imagem” que foi anexada à circular dress code. A cartilha aponta os erros e as maneiras incorretas e corretas da indumentária no ambiente de trabalho da empresa, bem como, o cuidado com a imagem abordando questões de cortes de cabelo,  unhas bem cuidadas, evitar perfumes fortes, etc. A cartilha ainda sugere dicas de última hora em casos extremos o que o funcionário poderá fazer.

Bem, e o há de errado nisso? Nada, absolutamente nada. Obviamente que esse documento dividiu opiniões e posicionamentos contrários, sobretudo do sindicato da categoria (ah, o sindicato, como não?), mas também muitas opiniões favoráveis, como esse que vos escreve. É bom lembrar que a redação do artigo 456-A da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT permite o empregador definir o padrão de vestimenta de seus funcionários. Vejamos:

Art. 456-A. Cabe ao empregador definir o padrão de vestimenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a inclusão no uniforme de logomarcas da própria empresa ou de empresas parceiras e de outros itens de identificação relacionados à atividade desempenhada. (redação dada pela Lei nº 13.467/2017).

Todavia, após muitas pressões lacrantes, o banco recuou, removeu a cartilha de circulação e publicou um comunicado que providenciará algumas alterações no documento. Não deveria! Isto porque não há nada de errado com ele. Como sou um profissional "by the book", eu dobraria a aposta e acrescentaria algumas restrições a mais, tais como, tatuagens visíveis, piercings, barba de lenhador, cabelos coloridos e claro, como cereja do bolo, esmalte e batom vermelhos! É bom sempre lembrar que banco é uma instituição financeira, banco não é boate muito menos casa de espetáculos!



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